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Apostila Gestão Financeira

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CURSO: MBA Regular – Eixo Comum DISCIPLINA: Gestão Financeira Professor: Marcelo Humberto de Paiva Cunha GESTÃO FINANCEIRA 2 Prezados Alunos, Este caderno de exercícios tem como objetivo ser um material complementar para o aprendizado do conteúdo de GESTÃO FINANCEIRA, pois possui, além do conteúdo resumido, as principais fórmulas, exercícios resolvidos e exercícios de fixação, que contribuirão enormemente para o processo de aprendizado dos princípios básicos do conteúdo do módulo. Para completar, o também serão disponibilizados exercícios complementares e cases mais complexos, que deverão ser resolvidos em casa, e apresentados ao professor quando solicitado como atividades pontuadas. É de suma importância a resolução desses exercícios, pois os mesmos ajudarão na fixação do conteúdo aplicado e melhorarão o aprendizado, permitindo ao aluno trabalhar o conceito em diversos aspectos inerentes a empresas e ao mercado. De certa forma, o aluno exercitando o conteúdo construirá sua própria experiência e percepções dos conceitos, e assim formará sua base teórica e prática para se tornar um profissional diferenciado no mercado. Que este semestre seja, para todos nós, de aprendizado e conquistas, e que suas metas e objetivos sejam alcançados de forma brilhante, pois como aluno ESAMC, você está no caminho certo. Professor Marcelo Cunha Se podes ser melhor do que és, é evidente que ainda não és tão bom como deves. (Santo Agostinho) 2 3 OBJETIVO DA DISCIPLINA: Ao final deste módulo o aluno deve ser capaz de: Entender o completo funcionamento de uma área de Finanças e quais são os subsistemas e decisões desta área. METODOLOGIA GERAL: Preparação prévia, aulas expositivas, estudos de caso de aplicação das principais ferramentas, pesquisas de campo, análise e elaboração de relatórios. Observação: O aluno deve vir preparado para todas as aulas, ou seja, com as leituras prévias e exercícios realizados (ver aula a aula no final deste arquivo), com dúvidas e questionamentos anotados e com questões sobre a contextualização dos assuntos abordados nesta disciplina para a sua realidade profissional. MÓDULOS Módulo A – Conceitos básicos de Finanças e Governança Corporativa; Módulo B – Conceitos gerais de contabilidade e principais relatórios Módulo C – Análise das demonstrações contábeis (Vertical, Horizontal e Índices). Módulo D – Gestão de Custos. Módulo E – Matemática Financeira e Análise de Investimentos 3 4 Por que estudar Finanças? Finanças é uma disciplina que evoluiu muito nos últimos cinqüenta anos. Sua grande transformação começou na década de 50, quando Markowitz desenvolveu os conceitos que hoje usamos para a diversificação de investimentos, provando matematicamente que não é bom colocar todos os ovos no mesmo cesto. Continuou ainda com Modigliani e Miller, que questionaram tudo o que se sabia sobre estrutura de capital. Na década seguinte nasceria o modelo mais usado até hoje para determinar o custo do capital das empresas, o CAPM. Nos anos 70 veríamos o surgimento do modelo de Black & Sholes, para avaliação de opções e que é utilizado até hoje, bem como o nascimento da teoria comportamental de Finanças (a Behavioral Finance), berço conceitual da Governança Corporativa, o grande assunto dos anos 90. Apesar disso, boa parte das empresas e dos executivos parece não tomar conhecimento dessa evolução. Em 1999 dois professores, Graham e Harvey, relataram uma pesquisa (ainda a ser publicada pelo Journal of Financial Economics em meados de 2001) com quase quatrocentas empresas americanas. Seu objetivo era saber em que medida o que se estuda em Finanças é absorvido e utilizado pelos executivos. Entre as empresas que responderam (mais de quatro mil foram contatadas) encontravam-se representantes de diversos setores da economia americana, empresas grandes e pequenas, de capital aberto e fechado, em crescimento e empresas já maduras. Também o perfil do principal executivo de cada empresa foi estudado, considerando-se a sua experiência, tempo no cargo, formação acadêmica e até sua eventual participação acionária na empresa. Essas empresas responderam a um extenso questionário que procurava descobrir como tratavam problemas relacionados a três grandes grupos de decisões em Finanças: orçamento de capital, custo de capital e estrutura de capital. Em outras palavras, como as empresas decidiam sobre novos investimentos, como avaliavam o custo dos recursos que utilizavam e como decidiam sobre quanto apresentar, em seu balanço, entre capital acionário e dívida. Ficou evidente um comportamento muito heterogêneo por parte das empresas. Enquanto algumas utilizam recursos razoavelmente sofisticados de análise e decisão, outras parecem estar paradas no tempo, utilizando critérios primariamente ultrapassados. Não é exatamente uma novidade. Os métodos adotados pelos executivos freqüentemente apresentam defasagens de décadas para a teoria. Só para citar um exemplo, a consultoria americana Stern & Stewart criou o EVA (Economic Value Added), com sucesso explosivo na década de 90. Novidade? Pois Modigliani utilizava o mesmo conceito ao final da década de 50, pouco mais de trinta anos antes! Isso não tira o valor da Stern & Stewart, que foi a responsável pela popularização do conceito, para benefício de executivos e investidores, além de desenvolver uma detalhada metodologia para sua implementação. Fica evidente, porém, que o "calcanhar de Aquiles" de Finanças não está no desenvolvimento da disciplina, mas na sua disseminação. Um aspecto que chamou a atenção na análise de Graham & Harvey foi que o tal comportamento heterogêneo das empresas apresentou uma clara relação com o perfil das instituições e de seus principais executivos. Do lado das empresas, as ferramentas mais modernas eram características das grandes e de capital aberto, com seu comando nas mãos de executivos profissionais. Quanto aos executivos, claramente aqueles com formação mais avançada (um MBA, por exemplo) e com menor posição acionária na empresa (profissionais, portanto) formavam o grupo de ponta. Com a abertura dos mercados, consolidação dos grandes grupos e da globalização, não é difícil imaginar o perfil profissional que se espera para o futuro. Aí está o desafio: qualificar empresas, através de seus executivos e colaboradores, para a tomada de decisões fundamentais ao desenvolvimento de seus negócios! 4 5 Por que estudar Matemática Financeira? Primeiramente, antes de explicar os porquês do estudo da matemática financeira e sua importância para vida cotidiana do cidadão e das corporações, há necessidade de se definir o que vem a ser este ramo de matemática amplamente utilizada no mercado. Para Assaf Neto (1998, p.13) matemática financeira é o "estudo do dinheiro no tempo ao longo do tempo". Segundo Zentgraf (2003, p.2), além de estudar os aspectos temporais do dinheiro, tais estudos objetivam estabelecer relações entre quantias monetárias expressas em datas diferentes. Entretanto, a matemática financeira pode ser definida de forma mais simplificada sendo a aplicação da matemática para decisões gerenciais a respeito de operações financeiras. Para que as operações financeiras sejam executadas, faz-se necessário a aplicação de cálculos adequados, sendo que o estudo desses cálculos é o objeto de estudo da matemática financeira (Veras: 2001, p.53). Objetivando minimizar custos, reduzir riscos e incertezas, gerados pelas constantes mudanças econômicas intensificadas pela sofisticada tecnologia presente em todos os mercados mundiais, os agentes econômicos buscam mecanismos que lhes proporcione uma maior segurança e fundamentação para tomada de decisão, favorecendo a maximização de resultados. Os cálculos financeiros são ferramentas essenciais no processo de tomada de decisão e na gestão financeira de empresas e pessoas. O desconhecimento desse ferramental pode resultar em grandes perdas financeiras (Samanez: 2001, p. xiii). Desta forma a matemática financeira passa a ser a principal ferramenta para mensurar o custo do dinheiro no tempo, seja este custo relacionado com efeitos inflacionários ou pelo custo de oportunidade e, ainda, segundo Hazzan (2001, p.1), ela "fornece instrumentos para o estudo e avaliação das formas de aplicação de dinheiro bem como de pagamento de empréstimo". Portanto, é através da aplicação dos conceitos relacionados à matemática financeira que as decisões financeiras, desde as mais simples como as mais complexas, ficam mais claras evitando perdas monetárias, gerando o chamado: custos da ignorância da Matemática Financeira. Os custos da ignorância nesta área geralmente afetam diretamente o "bolso" dos diferentes agentes econômicos, causando prejuízos às empresas, comprometimento da renda, demissões de gerentes administrativos, problemas judiciais, violação do código de defesa do consumidor, multas e punições legais, comprometimento do bem-estar familiar, dentre outros. Como todos os agentes econômicos estão expostos aos riscos de mercado ao realizarem operações financeiras, torna-se vasta a área de abrangência da Matemática Financeira, sendo que praticamente todos os agentes econômicos ativos necessitam desta ferramenta para tomada de decisão, das mais simples às mais complexas, podendo citar como principais usuários os consumidores, empresas, consultores, peritos financeiros, gestores em geral, etc. Entretanto, independente do grau de complexidade uma determinada situação ou contrato financeiro, de acordo com Silva (2002, p.7), com a "utilização da matemática financeira o grau de incerteza para tomada de decisão é reduzido, assim torna-se possível à escolha de alternativas mais rentáveis com maior grau de segurança e um baixo coeficiente de erro na decisão tomada". Porém, não basta saber matemática, ou as fórmulas utilizadas pela matemática financeira e comercial, e sim a aplicabilidade de tais fórmulas e conceitos matemáticos, e a interpretação dos resultados gerados tomando decisões acertadas diante da bagagem de informações obtidas ou geradas a partir de tais aplicações. 5 6 Módulo A Conceitos básicos de Finanças e Governança Corporativa Objetivo do Módulo: Ao final deste módulo o aluno deve ser capaz de: - Conhecer a conceituação geral de Finanças - Saber como e onde estes conceitos podem ser aplicados - Conhecer a estrutura geral de uma área financeira - Compreender as fraudes financeiras do início da década e os principais dispositivos da Lei Sarbannes-Oxley - Entender os princípios Governança Corporativa PREPARAÇÃO PRÉVIA 1 Leitura prévia do capítulo 1 do Livro do Gitman (Bibliografia básica) ou Cap. 1 (Ching) ou de qualquer outro livro sobre o assunto do módulo. Responda as questões abaixo e entregue ao professor: 1 – Dê a sua definição para Finanças. 2 – Cite uma função fundamental de finanças para uma empresa. 3 – Quais os principais usuários da informação financeira? 4 – Que tipo de informação financeira você utiliza usualmente em seu trabalho? PREPARAÇÃO PRÉVIA 2 Assistir ao Filme “ENRON – Os mais espertos da sala” e trazer respondidas as seguintes perguntas: 1 – Em que se fundamentaram das Fraudes ocorridas na ENRON? 2 – Quais as conseqüências de tais fraudes para a aposentadoria dos funcionários? 3 – Porque a questão contábil é central nesse filme? 4 – Qual foi o episódio do filme que mais lhe chamou a atenção? 5 – O que é o Mercado de Capitais? 6 – Do que se trato o Novo Mercado da Bovespa? PREPARAÇÃO PRÉVIA 3 Pesquisa acerca dos temas “Fraudes Financeiras”, “SOX” e “Governança Corporativa” Responda as questões abaixo e entregue ao professor: 1 – Do que se trata a SOX? Quais empresas devem se submeter à mesma? 2 – Defina Governança Corporativa e aponte sua relação com os resultados financeiros de uma empresa. 6 7 Finanças Coorporativas O conceito de Finanças, na sua acepção moderna, nasceu nos anos de 1950. Desde então, esta área tem ultrapassado muitas outras das mais tradicionais da Economia, em número de estudantes, professores e, principalmente, na quantidade e qualidade da produção científica. Constata-se que a maioria dos professores de Finanças leciona em cursos de Administração, em que a abordagem característica é normativa, isto é, um tomador de decisão, seja um investidor individual ou gerente empresarial, busca maximizar uma funçãoobjetivo, seja em utilidade ou em retorno esperado, ou agregar valor para o acionista, para um dado preço de título obtido no mercado. No nível micro, as finanças são o estudo do planejamento financeiro, da gestão de ativos e da captação de fundos por empresas e instituições financeiras. O termo finanças pode assim incorporar os seguinte itens: • • • • O estudo do dinheiro e outros ativos; O gerenciamento e controle destes ativos (recursos); Analisar e gerenciar risco de projetos; Como verbo, "financiar" significa fornecer fundos para negócios e projetos. Em outras palavras, em escolas de Administração de Empresas se ensina como tomar as melhores decisões. Nestes últimos anos, um artigo normal em periódicos de Finanças costuma ter duas seções principais: a primeira apresentando um modelo e a segunda mostrando a aplicação empírica do modelo com os dados do mundo real. Sem pretender traçar uma visão completa da área, e aproveitando a visão de Merton Miller sobre alguns dos pontos fortes da história das Finanças destas últimas décadas, destacamos: Markowitz e a teoria da seleção de carteira (1952) Existe consenso entre os estudiosos em Finanças que o artigo de Harry Markowitz (Portfolio Selection, de 1952) foi o precursor da moderna teoria de Finanças, ao apresentar de maneira precisa, pela primeira vez, os conceitos de risco e retorno. Essa identificação de retorno e risco através de média e variância tão usada por profissionais de finanças hoje em dia não era tão óbvia naqueles dias! Essa façanha de Markowitz tornou possível a utilização da poderosa álgebra de matemática estatística nos estudos de seleção de carteiras. William Sharpe e o CAPM (1964) Alguns anos depois, Sharpe e outros iniciam a criação do seu modelo, imaginando um mundo no qual todo o investidor utiliza a teoria da seleção de carteiras de Markowitz através da média e variância. Sharpe supõe também que os investidores compartilham dos mesmos retornos esperados, variâncias e covariâncias. Mas ele não assume que todo investidor possui o mesmo grau de aversão ao risco. Assim, os investidores sempre vão poder reduzir o grau de risco, à medida que sejam tomadores de parcelas maiores de ativos livres de risco, junto com a combinação de carteiras de ativo de risco. O realismo ou a falta de realismo das suposições subjacentes ao CAPM não foi objeto de debates, pois se adotou a visão positivista de Friedman: o que conta não é a precisão das 7 8 suposições mas as predições do modelo! E as predições deste modelo ainda são as melhores, apesar de todas as suas limitações. O CAPM implica que a distribuição dos retornos esperados de todos os ativos de risco é uma função linear do risco dos títulos, isto é, de sua covariância com a carteira de mercado ou o conhecido Beta. O CAPM não só ofereceu novos e poderosos argumentos na natureza do risco, mas permitiu uma investigação empírica necessária para o atual desenvolvimento de finanças. O modelo da média e variância de Markowitz e o CAPM de Sharpe e outros foram contribuições que tiveram seu valor científico reconhecido pelo comitê do prêmio Nobel de 1990. O CAPM não só ofereceu novos e poderosos argumentos na natureza do risco, mas permitiu uma investigação empírica necessária para o atual desenvolvimento de finanças A hipótese da eficiência de mercado Esta teoria, intimamente ligada ao modelo anterior, se refere à hipótese de mercados eficientes. Afirma-se que não há uma simples regra, baseada nos dados e informações publicamente disponíveis, que possa gerar ganhos extraordinários aos investidores; e que os preços das ações se comportam aleatoriamente (randon walk). Proposição de Modigliani e Miller Outro dos pilares sobre os quais as teorias de Finanças se baseiam são as proposições de Modigliani e Miller (M&M) sobre a estrutura de capital, com a publicação do seu primeiro artigo sobre custo de capital, finanças corporativas e teoria de investimentos. Tanto as proposições de M&M como o CAPM e a hipótese de eficiência de mercado tratam do equilíbrio no mercado de capitais e de quais forças atuam quando este equilíbrio é perturbado. Derivativos e Opções Estudos recentes em Finanças, também reconhecidos pelo Comitê do Prêmio Nobel, se situam no campo das Opções e de Derivativos, cujos pioneiros foram Merton e Scholes, seguidos de perto por Fischer Black. Contrato derivativo é um contrato cujo valor deriva do valor de uma taxa de referência, do valor de um título (ou de uma commodity) ou de um índice. A opção, por sua vez, é um instrumento que dá a seu comprador um direito futuro sobre algo, mas não uma obrigação, e ao seu vendedor uma obrigação futura, caso a opção seja exercida pelo comprador. A fórmula de Black-Scholes-Merton diz que o preço de uma opção é função do valor corrente de mercado do título, do preço futuro, do período até o vencimento e da taxa livre de risco, além da variância dos retornos deste título. Perspectivas futuras Quais seriam as alternativas para novas pesquisas em Finanças? Sem grandes especulações, poderíamos dizer que ainda há muito a se fazer no Brasil sobre esses temas em finanças corporativas. Muitas questões não foram totalmente resolvidas, apesar de muitos modelos terem surgido, como a teoria de agência ou governança corporativa, capital intelectual e intangíveis, finanças pessoais, finanças comportamentais, inteligência artificial e modelos financeiros, custo e estrutura de capital. No Brasil parece ser muito promissora a questão da avaliação dos ativos de renda fixa e seu índice de referência, derivativos e ferramentas para suporte à tomada de decisão. As tomadas de decisões econômicas por empresas e indivíduos são inerentes à vida e são fortemente influenciadas 8 9 por aquilo que está acontecendo ou virá a acontecer no ambiente macroeconômico. Nesta última década, aconteceu uma verdadeira revolução nas organizações, que estão se transformando para competir num mercado cada vez mais exigente. A gestão profissional é cada vez mais exigida para a sobrevivência e o desenvolvimento das empresas, especialmente com a informatização da comunicação e dos processos de trabalho. Engana-se quem pensa que o Brasil está fora disso! Só para lembrar um exemplo, o Brasil é hoje um dos poucos países no mundo onde o contribuinte faz e envia sua declaração de imposto de renda pela internet. O computador é ferramenta incorporada à vida do cidadão, tanto no interior como nas grandes cidades. Um número crescente de investidores está optando pelo investimento através de home-brokers, que nada mais é do que um sistema de negociação ligado com a Bolsa de Valores de São Paulo, que permite ao usuário dar ordens diretas de compra e venda por meio da internet. O volume de negócios com home-brokers tem crescido a taxas expressivas e apresenta vantagem no custo, pois as taxas cobradas em geral são mais baixas. Foco no cliente A legislação, a mídia e a conscientização em relação aos direitos do cidadão e do consumidor têm obrigado as empresas a mudarem suas práticas de relacionamento com os clientes. Como é difícil “encantar o cliente” com empregados insatisfeitos, as organizações estão percebendo a necessidade de uma política adequada de recursos humanos. As práticas administrativas com foco no cliente permitiram que as “carroças brasileiras” se tornassem veículos dotados de tecnologia avançada, levando empresas, pertencentes a esta cadeia de valor, a melhorar a qualidade dos produtos e dos sistemas gerenciais. Essa revolução apresenta indiscutíveis impactos na formação de pessoal e tem levado as organizações a investir pesadamente em educação e treinamento, com a participação dos centros de excelência das universidades brasileiras, com destaque para a Faculdade de Administração e Economia (FAE), que vem obtendo resultados amplamente compensadores. Navegar nos métodos de ensino a distância é um exercício recente, mas com crescente utilização nas suas variadas formas: telecurso, videoconferência, internet, chat... O início deste novo milênio verá desigualdades nas populações de diferentes partes do país e do mundo. O futuro será melhor para quem se preparar investindo em tecnologia, administração e gerência dos seus negócios. As economias com menor índice de desemprego e melhor distribuição de riqueza são aquelas em que os mercados dispõem de ferramentas para lidar com o futuro. Posicionase melhor o exportador que fixa uma taxa de câmbio, o gestor que protege sua carteira através dos mercados de índices e opções, o agricultor que pode transferir seus riscos para o mercado e o empresário que investir na capacitação de seu pessoal. Qual o Objetivo de Finanças? Maximizar o valor da empresa num ambiente de recursos escassos. Contabilidade Processo de registro de todas as transações de uma empresa, expressas em termos monetários, mostrando os reflexos dessas transações na situação econômico-financeira da companhia, auxiliando a administração a tomar decisões. 9 10 Contabilidade é a linguagem dos negócios. Quais os usuários das informações contábeis? • Proprietários .............Rentabilidade/Valor do negócio? Aumentar/diminuir investimentos ? • Administradores .........Que operações devem ser incrementadas/reduzidas ? • Fornecedores .............Aumentar/diminuir crédito ? • Bancos .......................Ceder empréstimos ? • Governo .....................IR calculado corretamente ? • Empregado ................A Companhia é lucrativa ? • Concorrentes .............Vendas/Margens de lucro, Rentabilidade Mercado de Capitais O mercado de capitais é um sistema de distribuição de valores mobiliários, que tem o objetivo de proporcionar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar seu processo de capitalização. Estrutura do mercado de capitais O Mercado de Capitais é constituído pelas bolsas de valores, sociedades corretoras e outras instituições financeiras autorizadas. O mesmo é subdividido em Mercado Primário e o Mercado Secundário. No Mercado Primário é onde se negocia a subscrição de novas ações ao público, isto é, onde os valores mobiliários circulam pela primeira vez e onde a empresa obtém o capital para seus empreendimentos, pois o dinheiro da venda vai para a empresa. Já o Mercado Secundário são as demais negociações com esses títulos, como simples trocas de possuidores, pois a empresa emissora já não terá mais contato com o dinheiro proveniente dessas trocas. Esse último mercado se caracteriza também pelas negociações realizadas fora das bolsas, em negociações que denominamos como mercado de balcão, trazendo dessa forma mais liquidez para esses ativos financeiros. Segundo Fortuna (2005) “Mercado de Balcão é um mercado sem local físico determinado para a realização das transações. Elas são realizadas por telefone, entre as instituições financeiras. Neste mercado, normalmente, são negociadas ações de empresas não registradas na BOVESPA, além de outras espécies de títulos. O mercado de balcão é dito organizado quando se estrutura como um sistema de negociações de títulos e valores mobiliários administrados por entidade autorizada pela CVM.” 10 11 Por que investir no Mercado de Capitais? À medida que cresce o nível de poupança individual e a poupança das empresas (entendese por poupança o lucro das mesmas) constituem a fonte principal do financiamento dos investimentos de um país. Tais investimentos são o motor do crescimento econômico e este, por sua vez, gera aumento de renda, com conseqüente aumento da poupança e do investimento, assim por diante. As empresas, à medida que se expandem, carecem de mais e mais recursos, que podem ser obtidos por meio de: • Empréstimos; • Reinvestimentos de lucros; • Participação de acionistas. As duas primeiras fontes de recursos são limitadas. Geralmente, as empresas utilizam-nas para manter sua atividade operacional. Mas é pela participação de novos sócios – nesse caso os acionistas – que uma empresa ganha condição de obter novos recursos não exigíveis, como contrapartida à participação no seu capital. Com esses novos recursos, as empresas têm condições de investir em novos equipamentos ou no desenvolvimento de pesquisas melhorando seu processo produtivo, tornando-o mais eficiente e beneficiando toda a comunidade. O investidor em ações contribui assim para a produção de bens, dos quais ele também é consumidor. Como acionista, ele é sócio da empresa e se beneficia da distribuição de dividendos sempre que a empresa obtiver lucros. Essa é a mecânica da democratização do capital de uma empresa e da participação em seus lucros. Antes de investir no mercado de capitais deve-se também analisar o tipo de investidor que você é, pois no mercado de capitais você possui diversas formas de obter retorno buscando equilibrar os três aspectos básicos em um investimento: retorno, prazo e proteção. Ao avaliá-lo, portanto, deve estimar sua rentabilidade, liquidez e grau de risco. A rentabilidade é sempre diretamente relacionada ao risco. Ao investidor cabe definir o nível de risco que está disposto a correr, em função de obter uma maior ou menor lucratividade. Tornando-se desta forma uma ótima forma de investir seu dinheiro com diversas formas de rentabilidade de pequeno, médio e grande risco, sendo de pequena, media e grande rentabilidade respectivamente. Principais Benefícios do Mercado Acionário Para que o Mercado Acionário se desenvolva, consiga cumprir com sua função e traga benefícios para as partes envolvidas, o ambiente de negócios no país de atuação deve ter total liberdade e possuir regras claras e definidas. Eis abaixo alguns dos principais benefícios que um Mercado de Ações desenvolvido pode propiciar a uma nação: • Financia a produção e os negócios, pois através da venda de ações as empresas obtêm recursos para expandir seu capital, com obrigações apenas no longo prazo; 11 12 • Possibilita que os recursos poupados se tornem investimentos, proporcionando crescimento econômico e crescimento de produtividade com a inserção das poupanças no setor produtivos; • Constitui uma forma de crescimento das companhias, que podem aumentar sua participação no mercado através da distribuição de ações, além de possibilitar a elas aumentar seus ativos e valor de mercado; • Auxilia a redistribuição de renda, à medida que pode proporcionar a seus investidores ganhos decorrentes de valorizações do valor da ação e distribuição de dividendos, compartilhando assim o lucros das empresas; • Aprimoramento dos princípios da Governança Corporativa, através de melhorias na administração e eficiência, visto que as companhias abertas precisam cumprir a regras cada vez mais rígidas propostas pelo governo e pelas Bolsas de Valores, além de deixar o mercado mais transparente; • Possibilita a inserção de pequenos investidores, já que para investir em ações não há a necessidade de grandes somas de capital como outros tipos de investimentos; • O Mercado de Ações atua como indicador econômico, uma vez que é extremamente sensível e a cotação das ações pode refletir as forças do mercado, como momentos de recessão, estabilidade, crescimento, etc. Investimentos em Títulos • Renda: Divido em fixa e variável. A renda é fixa quando se conhece previamente a forma do rendimento que será conferida ao título. Nesse caso, o rendimento pode ser pós ou prefixado, como ocorre, por exemplo, com o certificado de depósito bancário. A renda variável será definida de acordo com os resultados obtidos pela empresa ou instituição emissora do respectivo título. • Prazo: Há títulos com prazo de emissão variável ou indeterminado, isto é, não têm data definida para resgate ou vencimento, podendo sua conversão em dinheiro ser feita a qualquer momento. Já os títulos de prazo fixo apresentam data estipulada para vencimento ou resgate, quando seu detentor receberá o valor correspondente à sua aplicação, acrescido da respectiva remuneração. • Emissão: Os títulos podem ser particulares ou públicos. Particulares, quando lançados por sociedades anônimas ou instituições financeiras autorizadas pela CVM ou pelo Banco Central do Brasil, respectivamente; público, se emitidos pelo governo federal, estadual ou municipal. Como investir e operar no mercado de capitais? Para operar no mercado secundário de ações é necessário que o investidor se dirija a uma sociedade corretora membro de uma bolsa de valores, na qual funcionários especializados poderão fornecer os mais diversos esclarecimentos e orientação na seleção do investimento, de acordo com os objetivos definidos pelo aplicador. Se pretender adquirir ações de emissão 12 13 nova, ou seja, no mercado primário, o investidor deverá procurar um banco, uma corretora ou uma distribuidora de valores mobiliários, que participem do lançamento das ações pretendidas. Governança Corporativa Governança corporativa ou governo das sociedades ou das empresas é o conjunto de processos, costumes, políticas, leis, regulamentos e instituições que regulam a maneira como uma empresa é dirigida, administrada ou controlada. O termo inclui também o estudo sobre as relações entre os diversos atores envolvidos (os stakeholders) e os objetivos pelos quais a empresa se orienta. Os principais atores tipicamente são os acionistas, a alta administração e o conselho de administração. Outros participantes da governança corporativa incluem os funcionários, fornecedores, clientes, bancos e outros credores, instituições reguladoras (como a CVM, o Banco Central, etc.) e a comunidade em geral. Governança corporativa é uma área de estudo com múltiplas abordagens. Uma das principais preocupações é garantir a aderência dos principais atores a códigos de conduta pré-acordados, através de mecanismos que tentam reduzir ou eliminar os conflitos de interesse e as quebras do dever fiduciário. Um problema relacionado, entretanto normalmente tratado em outro fórum de discussão é o impacto da governança corporativa na eficiência econômica, com uma forte ênfase em maximizar valor para os acionistas. Há ainda outros temas em governança corporativa, como a preocupação com o ponto de vista dos outros stakeholders que não os acionistas, bem como o estudo dos diversos modelos de governança corporativa ao redor do mundo. Assim, o corporate governance (ou o governo das sociedades) é composto pelo conjunto de mecanismos e regras pelas quais se estabelecem formas de controlo da gestão das sociedades de capital aberto, e onde se incluem instrumentos para monitorização e possibilidade de responsabilização dos gestores pelas suas decisões (ou atos de gestão). O corporate governance visa a diminuir os eventuais problemas que podem surgir na relação entre gestores e acionistas e, consequentemente, diminuir o risco de custos de agência. Fraudes Contábeis Em 2002, os norte-americanos e, como conseqüência, o resto do mundo viram o fim da era de explosão de negócios que já começavam prósperos e com preços de ações alcançando as nuvens. Realmente era bom demais para ser verdade. As empresas que ninguém poderia deter não tiveram os rendimentos esperados. Ao invés disso, elas estavam "esquentando os livros" para dar a impressão de lucros que não existiam. Uma empresa é culpada por fraude contábil quando propositalmente inclui informações incorretas em suas declarações financeiras - manipulando despesas e receitas para melhorar seus rendimentos por ação. Neste artigo, veremos os truques que algumas empresas usaram para "rechear" suas demonstrações financeiras bem como saber por que agiram assim. Por que falsificar os livros de contabilidade? O gerenciamento dos ganhos através de lançamentos duvidoso (ou "esquentar os livros de contabilidade") é simplesmente uma maneira de fazer as coisas terem uma aparência melhor do que elas realmente são para manter os acionistas felizes, atrair novos investidores, atender orçamentos, e o mais importante, ganhar bonificações. Bonificações são vinculados a níveis específicos de receita, tornando-os extremamente tentadores para 13 14 que se faça quase de tudo para atingir - ou parecer atingir - a meta. Mas nem toda a falsificação de livros de contabilidade é motivada apenas pela ganância. Fazendo as receitas parecerem maiores do que realmente são, uma empresa em apuros poderia se manter à tona com dinheiro de investidores até que possa gerar um lucro real. Tal movimento, no entanto, é perigoso. Eis um exemplo: imagine que você é um garoto com uma banca de limonada e quer construir um telhado sobre ela para que seus clientes não se incomodem com o calor do sol. Você não tem dinheiro, mas seu irmão tem e não vai emprestar a não ser que ele saiba que vai ganhar algo no negócio. Você tem certeza que cobrir a banca fará toda a diferença porque seus clientes vão gostar de beber seus sucos na sombra fresca. Então você decide criativamente aumentar os números de suas vendas atuais e oferece a seu irmão uma chance de investir em seu negócio. Ele dá o dinheiro para construir o telhado em troca de 25% de seus lucros. Por uma razão qualquer, a banca coberta não aumenta a venda de limonada como você imaginava. Agora seu irmão está furioso, porque o lucro que ele pensou que faria estava baseado em números de vendas falsos. A esse ritmo, ele levará quatro verões para recuperar o dinheiro investido, e mais ainda para realmente lucrar. Investidores são atraídos por ações com preços crescentes de empresas públicas, o que faz das declarações financeiras das empresas documentos extremamente importantes. Analistas de Wall Street dependem de documentos e informações das próprias empresas para fazer recomendações. A empresa depende do dinheiro de investidores para financiar o seu crescimento. Os acionistas esperam que as ações subam quando as compram. Quando o preço cai, eles perdem dinheiro. Um pouco do histórico da contabilidade Os documentos mais importantes que uma empresa agrupa são as declarações financeiras. Estas incluem um balanço patrimonial, uma demonstração dos fluxos de caixa e uma demonstração dos resultados. Estes documentos descrevem quantitativamente a saúde financeira de uma empresa e são usados por quase todas as entidades que lidam com as empresas, incluindo os executivos da empresa e os próprios gerentes. As demonstrações financeiras a seguir são normalmente preparadas trimestral e anualmente: • o balanço patrimonial fornece uma visão instantânea ou geral da situação financeira da empresa em um dado momento. Isso inclui ativos e passivos e informa qual é o patrimônio da empresa; • a declaração de fluxo de capital mostra o dinheiro que está entrando bem como o dinheiro necessário para sair por um período. Ela é muito útil para planejamento de grandes compras ou para ajudar na preparação de períodos lentos dos negócios. Em termos simples, o fluxo de capital é igual à receita menos desembolso de dinheiro; • o demonstrativo de lucros e perdas lista receitas e despesas. Ele também lista os lucros ou perdas dos negócios por um período. É útil para planejamento e ajuda a controlar despesas operacionais. Bancos revisam as declarações financeiras para decidir se emprestam dinheiro a uma empresa (e qual será a taxa de juros caso decidam pelo empréstimo). Os investidores revisam os documentos para decidir se têm confiança suficiente na empresa para investir seu suado dinheiro. Os gerentes das empresas usam esses documentos para analisar os 14 15 negócios e determinar se estão indo bem. Por tudo isso, é importante que eles sejam precisos. Para empresas públicas, estes documentos são auditados por firmas de contabilidade externas que certificam se os documentos estão compilados de acordo com princípios de contabilidade geralmente aceitos, que são regras de contabilização emitidas pelo Financial Accouting Standard Board (FASB). No entanto, estas firmas estão ainda à mercê das informações fornecidas pela empresa. Elas também estão interessadas em manter seus maiores clientes felizes. O ato Sarbanes-Oxley de 2002 Em 2002, o presidente Bush assinou o ato Sarbanes-Oxley para "restabelecer a confiança do investidor na integridade das declarações e relatórios financeiros das empresas". O ato foi trazido à discussão devido a um grande número de casos de fraudes financeiras em empresas (como os da Enron, WorldCom, Tyco, Adelphia, AOL, e outros) e pelo final dos anos de "boom" do mercado de ações. O ato requer que todas as empresas públicas apresentem estimativas trimestrais e anuais de efetividade de seus controles de auditoria financeira interna a Securities and Exchange Commission. Cada um dos auditores externos das empresas deve também fazer a auditoria e relatar os controles internos de gerência e quaisquer outras áreas que possam afetar os controles internos. O diretor executivo e o diretor financeiro da empresa devem certificar pessoalmente que os relatórios financeiros são verdadeiros e que nenhuma informação foi omitida. Muitas das provisões do ato se aplicam a todas as empresas, nos Estados Unidos e estrangeiras. No entanto, algumas provisões se aplicam apenas às empresas que têm títulos de participação listados em câmbio ou NASDAQ. Os detalhes do ato Sarbanes-Oxley discursam sobre muitas das táticas que foram usadas para "esquentar os livros contábeis" durante anos. Nas próximas seções, verificaremos alguns dos métodos mais famosos de melhorar os pontos principais de uma empresa - apenas no papel. Quem os mantém todos corretos? Securities and Exchange Commission (SEC) Trata-se da Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio dos EUA protege investidores mantendo a integridade dos mercados de títulos, com base na idéia de que todos os investidores deveriam ter acesso a certos fatos básicos sobre um investimento. A SEC requer que empresas públicas revelem informações financeiras significantes (e outros tipos de informações) ao público para que todos os investidores possam determinar se os títulos de uma empresa são ou não um bom investimento. A instituição também fiscaliza a bolsa de valores, corretores, assessores de investimentos, companhias de investimentos e empresas de serviços públicos. Cada ano, o SEC registra de 400 a 500 ações civis contra indivíduos e empresas que violam leis de títulos. Financial Accouting Standard Board (FASB) Trata-se da Comissão de Padrões de Contabilidade Financeira dos Estados Unidos e estabelece padrões para relatórios contábeis e contas financeiras. Esses padrões ditam como os relatórios financeiros devem ser preparados. Generally Accepted Accouting Principles (GAAP) O GAAP são os princípios gerais de contabilidade aceitos. Ele funciona com a autoridade do FASB e estabelece um conjunto comum de processos para recolher declarações financeiras. 15 16 No Brasil As fraudes contábeis no Brasil são fiscalizadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Banco Central (Bacen). A CVM, criada pela Lei 6.385, de dezembro de 1976, regulamenta e fiscaliza as bolsas de valores no Brasil como a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF), sendo responsável pela auditoria das companhias de capital aberto e pela fiscalização da emissão, registro e distribuição de títulos emitidos pelas sociedades anônimas de capital aberto. Em outubro de 2001, foi editada a Lei 10.303, a chamada Lei das S.A. (Sociedades Anônimas), que auxilia o órgão na regulamentação e fiscalização das empresas brasileiras. Contabilidade não incluída no balanço e métodos de manipulação Com contabilidade não incluída nos balanços, as empresas fazem uma maquiagem e acabam não registrando certos bens e dívidas (passivos) em seus balanços, excluindo, portanto, parte das declarações financeiras (falaremos mais adiante sobre como o ato Sarbanes-Oxley mudou esta prática). Enquanto existem razões legítimas para contabilidade não incluída nos balanços, geralmente este método é usado para que uma empresa pareça ter tido menos débitos do que realmente teve. Alguns tipos deste tipo de maquiagem movem débitos para uma empresa criada para este fim, que foi o caso da Enron. Estas são chamadas unidades com propósitos especiais e também conhecidas como entidades de juros variáveis. As entidades com contabilidade não incluída nos balanços podem ser criadas por várias razões, como quando uma empresa precisa financiar uma iniciativa comercial, mas não quer se arriscar, ou quando há muitos débitos para se obter um empréstimo. Começando uma nova unidade, pode-se assegurar um empréstimo através dela. Há situações em que faz sentido começar uma nova unidade. Se a sua empresa quer diversificar suas atividades em outra área fora de seu foco comercial, a nova unidade manterá esse risco longe, evitando que esse novo negócio afete o balanço da empresa principal e a lucratividade da empresa. Antes de 2003, uma empresa podia possuir até 97% de uma nova unidade sem a necessidade de relatar as dívidas da nova unidade em seu balanço. Arrendamentos pró-forma Arrendamentos pró-forma geralmente usam novas unidades criadas para reter títulos para o proprietário de uma empresa e arrendar essa propriedade de volta para a empresa. Esses arrendamentos artificiais permitiram às empresas recolher os benefícios dos impostos de propriedade sem a necessidade de listá-las como responsabilidade em seus balanços. Os arrendamentos pró-forma poderiam também ser assinalados por alguma outra entidade. Os bancos, por exemplo, comprariam com freqüência propriedades para negócios e as arrendariam de volta por um arrendamento artificial. Arrendando a propriedade, a empresa evita o passivo no balanço e ainda consegue deduzir juros e depreciação do imposto da empresa principal. O final do jogo de esconde-esconde Os novos requerimentos do Financial Accouting Standard Board (FASB) agora exigem que as novas unidades sejam listadas nos balanços das empresas. A seção 401(a) do ato Sarbanes-Oxley requer que relatórios financeiros anuais e trimestrais revelem todo o material das transações, disposições e obrigações não incluídas no balanço. As regras também requerem que a maioria das empresas forneçam uma visão geral de obrigações contratuais conhecidas em um "formato tabular fácil de ler" (em inglês). Estas novas regras 16 17 terminaram com as novas unidades criadas para maquiagem contábil e o arrendamento artificial - ainda que sejam práticas legítimas. Manipulação de gastos Acelerar as despesas de uma empresa pode não parecer a melhor maneira de acelerar os ganhos, mas isto depende do momento. Há razões legítimas e ilegítimas para acelerar as despesas. Um exemplo legítimo seria fazer compra de equipamentos quando os ganhos estão em alta, ao invés de fazer a compra quando eles estiverem em baixa. Agora, um exemplo de uma aceleração de ganhos menos legítima: as bonificações de um gerente é baseado na sua habilidade de atingir algumas metas. Uma vez que a meta de ganho tenha sido excedido, esse gerente pode decidir gastar dinheiro agora o que havia sido orçado para ser gasto no ano seguinte, pois ter mais lucros neste ano não significa bonificação maior para ele. Gastar este ano o dinheiro que foi orçamentado para o seguinte, no entanto, poderia ajudar a garantir que ele atingisse a meta do ano seguinte também. A opção de fazer compras quando os lucros estão em alta pode ser usada dependendo das circunstâncias. Se comprar mais cedo do que planejado não tiver efeitos adversos nos negócios, talvez não haja problemas. Mas em muitas circunstâncias, pode haver efeitos adversos. Por exemplo, comprar equipamentos de informática seis meses antes do esperado pode fazer uma grande diferença no equipamento comprado capacidade, características e preço, já que é um mercado altamente dinâmico. Retardando despesas Empresas que maqueiam os livros de contabilidade são conhecidas por capitalizar gastos que são, na verdade, despesas diárias. Uma das fraudes feitas pela American Online (AOL), durante 1992 e 1996, era colocar gastos de publicidade em despesas de capital quando, na verdade, eram despesas regulares. Essa maquiagem fez a empresa divulgar uma lucratividade maior e assim acelerar os preços das suas ações. Aqui temos alguns exemplos de registro prematuro de rendimento: registrar vendas depois que os produtos foram encomendados, mas antes que eles sejam enviados para o cliente; • registrar rendimentos de venda, quando há possibilidade de o cliente devolver o produto; • exagerar rendimentos acelerando a porcentagem estimada de conclusão de um projeto em andamento; • registrar rendimentos por produtos enviados que não foram encomendados pelo cliente ou pelo envio de produtos defeituosos • registrar rendimentos com preço total de produtos com desconto; • registrar rendimentos quando produtos desmontados são enviados da fábrica - um local de montagem deve ser designado e a montagem do produto deve ser feita antes que o produto realmente vá para o cliente. • Tentar melhorar os futuros ganhos, "adiantando" futuros gastos e registrando-os no trimestre corrente é outro exemplo. Isto é feito durante a aquisição de uma empresa. A empresa paga integralmente (ou até adiantado) por despesas para valorizar o patrimônio e aumentar os lucros por ação. 17 18 Despesas extraordinárias Enquanto esta categoria de despesas foi criada para situações que ocorreriam apenas para evitar o impacto em operações de despesas regulares, ela foi muito utilizada no mundo do "gerenciamento de lucros". Com um orçamento forjado de despesas extraordinárias, essas empresas colocam o dinheiro excedente como lucro. Baixa contábil de P&D em processo Outra maneira que as empresas têm usado para aumentar seus ganhos por ação é dar baixas contábeis em despesas com programas de P&D (pesquisa e desenvolvimento). Uma grande empresa compra uma pequena empresa que tem nova tecnologia em desenvolvimento. A tecnologia ainda não está pronta para comercialização, então a empresa grande cancela os custos relacionados. No futuro, a tecnologia está adiantada e pronta para o mercado, mas com uma despesa de P&D muito mais baixa. Agora Generally Accepted Accouting Principles (GAAP) requer que as empresas cancelem esta despesa. Este encargo reduzirá ganhos e pode ser revelado nas declarações financeiras. Despesas operacionais são o custo diário de uma empresa funcional. Despesas de capital são despesas comerciais para pagamentos a longo prazo, como equipamentos. Elas não são despesas dedutíveis de impostos, mas podem ser usadas para depreciação ou amortização - em outras palavras, as despesas estão, de alguma forma, alongadas e divididas por vários anos. Manipulação de fundos de pensão Muitas empresas criaram fundos de pensão para seus funcionários. Cada funcionário paga uma quantia específica e definida na aposentadoria. As empresas devem manter dinheiro suficiente em sua conta de aposentadoria para pagar os benefícios no caso de saírem dos negócios. Faz sentido para uma empresa investir este dinheiro, pois assim ela cresce. Ao invés de investir em algo seguro como contratos, algumas empresas investem no mercado de ações. Regras contábeis permitem que qualquer dinheiro "extra" além do fundo seja declarado como lucro da empresa. Na maquiagem de contabilidade, as empresas podem "estimar" ao invés de colocar números reais. Elas usam suas estimativas para imaginar quanto dinheiro elas deveriam planejar colocar no fundo e quando elas podem considerar lucro. O potencial para empresas aumentarem seus ganhos, subestimando as contribuições necessárias para financiar totalmente os fundos de aposentadoria, é alto. Ainda presumindo um ponto percentual ou menos pode significar a diferença de centenas de milhares de reais ou dólares no balanço de uma empresa. Muitos fundos de pensão de empresas não têm sido depositados integralmente, presumindo que o rendimento na bolsa de valores, garantiria o retorno. Estes métodos de gerenciamento de ganhos são apenas a ponta do iceberg quando se trata de formas de manipular os lucros de uma empresa. Há um divisor sutil entre ganhos legítimos em gerenciamento de ganhos e falsificação ou maquiagem de livros contábeis. A Accenture (Arthur Andersen) Accenture é uma empresa global de consultoria de gestão, serviços de TI e outsourcing. A Accenture tem cerca de 186 mil empregados em 52 países e obteve receitas líquidas de US$ 19,70 bilhões no ano fiscal encerrado em 31 de agosto de 2008. Há um equívoco que a mudança de nome de Andersen Consulting para Accenture foi simplesmente uma tentativa da consultoria de "esconder" o escândalo Enron. Esta afirmação não condiz com o calendário dos eventos. A separação da Arthur Andersen foi solicitado 18 19 pela consultoria em 1998, e finalmente confirmados em 2000; o escândalo Enron (começando com o relato do infame "LJM Partnerships") só foi ocorrer em 2001, e o escândalo culminou somente meses depois. Na realidade, o planejamento de um novo nome estava em curso antes que a decisão arbitral tivesse sido anunciada (Andersen Consulting partners consideraram que a palavra "Consulting" no nome era uma desvantagem, uma vez que a empresa estava partindo para um caminho nada relacionado com consultoria, como outsorcing e empreendimentos). Curiosamente, e-mails internos da Arthur Andersen enviados em 2001 para todos os funcionários, discutia-se planos futuros da Arthur Andersen para entrar no mercado com 3 nomes: Andersen Tax, Andersen Audit, e Andersen Consulting, agora que eles tinham propriedade sobre o nome. Arthur Andersen nunca foi capaz de revitalizar o nome "Andersen Consulting" desde que o escândalo Enron foi trazido a tona. Accenture é listada como sendo uma das 100 melhores empresas no mundo pela Business Week em 2006, por isso a mudança do nome parece ter sido um passo positivo. Além disso, a Accenture foi absolvida de qualquer envolvimento no escândalo Enron nos tribunais. No Brasil, a Accenture tem mais de 8.000 empregados, escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Vitória e Campina Grande, uma fábrica de Software em Alphaville (Accenture Delivery Center) e um Centro de Serviços Compartilhados em Curitiba (Business Process Outsourcing Delivery Center). A empresa, desde 2006, está na lista do Guia Você S/A-Exame como uma das 150 melhores empresas para trabalhar no Brasil e a melhor em Desenvolvimento de Carreira e também na revista NewsWeek das 100 melhores empresas para trabalhar. Case: A Enron A Enron foi formada em 1985 pela compra da Houston Natural Gas pela InterNorth e já foi a sétima maior empresa norte-americana. A empresa se ramificou em muitos campos de energia, não relacionados ao petróleo com o passar dos anos, incluindo áreas como freqüência de internet, gerenciamento de risco e derivativo climático (um tipo de seguro climático para negócios sazonais). Ainda que seus negócios centrais continuassem a transmissão e distribuição de energia, seu crescimento fenomenal foi ocorrendo por meio de seus outros investimentos. A Fortune Magazine (em inglês) escolheu a Enron como "a empresa americana mais inovadora" por seis anos consecutivos, de 1996 a 2001. A "Enron" - então considerada uma potência empresarial – divulgou, em 2 de dezembro de 2001, seu pedido de concordata e, dez dias após, o Congresso Americano começou a analisar a falência do grupo, o qual possuía uma dívida aproximada de 22 bilhões de dólares. Em diversos artigos, foi considerada a falência mais importante da história empresarial americana. A "Enron" era a sétima maior empresa dos Estados Unidos e uma das maiores empresas de energia do mundo. No Brasil, a "Enron" mantinha participações na CEG/CEGRio, no Gasoduto Brasil / Bolívia, na Usina Termoelétrica de Cuiabá, na Eletrobolt, na Gaspart e na Elektro, esta última, empresa paulista de energia elétrica que atende aproximadamente 1,6 milhões de consumidores. 19 20 A "Enron" atuava, principalmente, em cinco grandes áreas: a) "Enron Transportation Services": condução interestadual de gás natural, construção,administração e operação de gasodutos; investimento em atividades de transporte de óleo cru; b) "Enron Energy Services": compra, comercialização e financiamento de gás natural, óleo cru e eletricidade; administração de risco de contratos de longo prazo de commodity; gasodutos estaduais de gás natural; desenvolvimento, aquisição e construção de centrais de energia de gás natural; extração de gás natural líquido; c) "Enron Wholesale Services": negócios globais da "Enron", incluindo a negociação e entrega de commodities físicas e financeiras e serviços de gerenciamento de risco; d) "Enron Broadband Services": atividade implementada no ano 2000, que provê aos clientes uma fonte de serviços de telecomunicações; e) "Corporate and Others": provê serviços relacionados a abastecimento de água. A crise de confiança Para compreendermos o que a crise da "Enron" representou para a economia mundial, é preciso refletir um pouco sobre a atitude que tomou conta de milhares de investidores que, na busca de lucros rápidos e fáceis, acabaram por apostar em empresas que não foram capazes de corresponder às expectativas. Entendemos que um dos elementos que desencadeou o problema da confiança excessiva dos investidores foi a facilidade de acesso à negociação no mercado de ações. Tal fato tornou possível que, até pessoas sem nenhuma habilidade em perceber as oscilações e riscos dos negócios, investissem suas economias nesse mercado. Percebe-se, além disso, que existe na cultura norte-americana um traço interessante: a escolha de ícones, os quais induzem as pessoas a neles acreditarem irrestritamente. Um dos exemplos recentes foram as empresas "ponto com", as quais, de repente, tiveram suas ações supervalorizadas levando os investidores a acreditarem que elas eram um ótimo negócio. Na verdade, o que se pôde perceber foi que elas criaram uma "bolha" de otimismo pouco duradoura em torno da qual investidores "amargaram" prejuízos consideráveis. Todo este esquema, na verdade, origina-se diante da necessidade que as empresas têm, inicialmente, de capitalizar-se - o que se poderia resolver captando recursos em bancos, assumindo um parceiro que invista capital ou colocando as ações em bolsas de valores. Esta última forma é a mais comum, utilizada pelas empresas americanas para suprirem a necessidade de capital, "alavancando" o necessário para o exercício pleno de suas atividades. Resolvida a questão da escassez de capital das corporações, surge para o mercado a necessidade de acompanhar o desempenho das atividades dessas empresas - o que, quase sempre, só é possível através da análise das suas demonstrações financeiras, o que - no caso "Enron" - não foi suficiente para os investidores terem a segurança necessária em qualquer investimento. Por óbvio, se alguém opta por investir em uma corporação, o faz consciente dos riscos que o mercado de capitais representa. Todavia, há uma grande diferença entre assumir riscos e admitir que as informações acerca de uma determinada empresa não sejam confiáveis. No caso "Enron", a confiança que os investidores possuíam não era despropositada. Aliás, a nosso ver, pelas informações que os analistas traduziam aos investidores, até mesmo os mais experientes não seriam capazes de perceber o que havia por trás de todo aquele otimismo. Além disso, pela própria estrutura da "Enron", era difícil acreditar que aquele império um dia poderia ruir. "A "Enron" era tida como uma das empresas da elite americana. 20 21 Era a sexta maior empresa de energia do mundo em capitalização de mercado. Um conglomerado sediado em Houston, Texas, que faturou US$101 bilhões de dólares em 2000. A sétima maior empresa dos EUA em faturamento segundo a publicação Fortune 500". Somado a tudo isso, a "Enron" ainda contava, a seu favor, com a imprensa e com a falta de informações dos analistas de mercado. É o que podemos perceber da brilhante análise de Cláudio Gradilone que fez uma retrospectiva das informações de mercado pouco tempo antes deste tomar conhecimento da concordata da "Enron". "Consideramos as ações da "Enron" acima da média do mercado e mantemos nosso preço alvo de 85 dólares por ação. (Morgan Stanley Dean Witter, 12 de julho de 2001. As ações fecharam a 39,26 dólares nesse dia)" "A "Enron" tem avançado no processo de reorientar seu foco para atividades mais lucrativas (...). Nosso preço-alvo para a ação é de 44 dólares. (Merrill Lynch, 9 de outubro de 2001. As ações fecharam a 26,55 dólares.)" "Mantemos nossa recomendação de compra e nosso preço-alvo para os próximos 12 meses é de 45 dólares por ação. (CIBC, 17 de outubro de 2001. Ações a 29,06 dólares)" "As notícias da morte da Enron são muito exageradas. A ação deve ter um desempenho superior ao do mercado, e o preço-alvo é de 30 dólares por ação. (Bemstein Research, 1º de novembro de 2001. Haja otimismo. As ações fecharam a 9,53 dólares, e a empresa esperava uma alta de 215%)" Como veremos adiante, todo esse otimismo acabou influenciando os administradores da "Enron" a buscar, no mercado, informações que sustentassem a euforia em torno de suas ações - o que não foi mantido por muito tempo, culminando em sua ruína. O Papel dos administradores Ao analisarmos o caso "Enron", algumas opiniões quanto à forma como a fraude aconteceu foram uníssonas ao afirmar que o esquema girava em torno de manobras contábeis a fim de mascarar a real situação da corporação. Poderíamos perfeitamente invocar um velho provérbio para representar a situação da Enron: "Por fora bela viola, por dentro pão bolorento" Entendemos que essas manobras foram influenciadas, sobretudo, pela ganância dos administradores em inflarem, manifestamente, seus lucros. Nesse sentido, grandes corporações comumente vinculam a remuneração dos seus administradores aos resultados obtidos em benefício delas. Seria uma espécie de participação nos resultados - normalmente atribuída como fator motivacional - paga aos administradores com as próprias ações da corporação. São as conhecidas "Stock Options". Nesse sistema, os administradores ou funcionários passam a ser proprietários de ações da empresa e podem ou não obter lucros, o que dependerá do desempenho da corporação. Não é necessário nenhum esforço interpretativo para compreender que os administradores, nesse contexto, teriam total interesse em que suas ações se valorizassem cada vez mais para obterem grandes resultados na sua comercialização. Foi o que aconteceu com um dos fundadores e CEO da "Enron", Kenneth Lay. "Kenneth Lay reuniu mais de 200 milhões de dólares em ações nos últimos quatro anos vendidas antes que o escândalo estourasse e transformasse em pó o fundo de pensão de mais de 20 mil funcionários da empresa". A atitude de Kenneth serve apenas para ilustrar o quão temerosa pode ser a prática de atribuir aos administradores lucros com base no resultado das empresas - o que tem levado o mercado americano a reivindicar ao governo que os salários e remunerações dos executivos sejam definidos, evitando, assim, a ocultação de resultados com o objetivo de aumentar seus rendimentos. 21 22 A auditoria e a consultoria Além dos interesses pessoais e ilícitos dos administradores em majorar os resultados da corporação, existia também a pressão dos investidores por bons resultados e a necessidade de demonstrar ao mercado que a corporação estava bem, para atrair mais investimentos. Na verdade, não é possível identificar dentre essas causas qual mais motivou a ruína da "Enron", seus investidores e empregados. Ousamos afirmar que a soma dessas condições à fragilidade dos mecanismos legais e contábeis que norteiam as corporações de capital aberto foram os responsáveis pelo desastre "Enron". "Tecnicamente, a Enron utilizou empresas coligadas e controladas para inflar seu resultado uma prática comum nas empresas. Através de SPE´s (Special Purpose Entities), a empresa transferia passivos, camuflava despesas, alavancava empréstimos, leasings, securitizações e montava arriscadas operações com derivativos". Kenneth Lay, ao qualificar a engenharia contábil aplicada aos balanços da "Enron", a traduziu como criativa e agressiva. Nesse mesmo sentido, o colunista da Revista Exame David Cohen resumiu de forma adequada a prática que levou a "Enron" à ruína. "A Enron varria débitos para entidades especiais das quais detinha participação majoritária mas que, por causa de uma norma contábil duvidosa, não eram consolidadas no balanço final". Cohen arremata afirmando que o resultado dessa falácia contábil foram: "lucros superestimados em 591 milhões de dólares e dívidas subestimadas em 628 milhões de dólares no último balanço." Diante de todo esse quadro, o principal questionamento foi acerca do papel desempenhado pela auditoria independente que tinha o dever de informar todas estas operações e do seu dever de transparência com o mercado. O artigo 177, § 3º da lei brasileira número 6.404 de 1976, ao tratar da escrituração da companhia, reflete de forma clara que a auditoria deve ser um propagador da situação da corporação e, certamente, no contexto norte- americano não é diferente. No caso da "Enron", a auditoria responsável pelos balanços há quase 10 anos era a ARTHUR ANDERSEN. Além desse papel, a empresa também prestava consultoria à "Enron", sendo que a concomitância dessas duas atividades pela mesma empresa são práticas totalmente incompatíveis, devendo-se ressaltar que, no Brasil, a incompatibilidade de tais atividades é disciplinada pela instrução normativa nº 308 da CVM, de 1999, que dispõe: Art. 23. É vedado ao Auditor Independente e às pessoas físicas e jurídicas a ele ligadas, conforme definido nas normas de independência do CFC, em relação às entidades cujo serviço de auditoria contábil esteja a seu cargo: I – adquirir ou manter títulos ou valores mobiliários de emissão da entidade, suas controladas, controladoras ou integrantes de um mesmo grupo econômico ou II – prestar serviços de consultoria que possam caracterizar a perda da sua objetividade e independência. Podemos dizer que a incompatibilidade das duas atividades exercidas pela ARTHUR ANDERSEN na "Enron" era conflitante porque, se, por um lado, a auditoria tinha como função verificar as demonstrações financeiras da corporação de forma isenta e transparente, por outro, a atividade de consultoria está diretamente relacionada à otimização de lucros e processos internos que muitas vezes se distanciam do dever de transparência da auditoria. Estes interesses conflitantes entre auditoria e consultoria teriam sido um dos motivos da manipulação de resultados, conforme apontaram alguns analistas. Segundo eles, exatamente pelo fato de a atividade de consultoria ser mais rentável, a ARTHUR 22 23 ANDERSEN teria forjado os números para fazer jus às quantias recebidas pela auditoria. "Dos 52 milhões que a ARTHUR ANDERSEN recebeu no ano passado, 27 milhões, ou mais da metade, não vinham de serviços de auditoria, mas de consultoria contábil, legal e de outros serviços." As conclusões do Caso "Enron" Não podemos afirmar quais foram as reais causas desse trágico desfecho da "Enron", mas certamente a economia de mercado teve acentuada influência na prática de fraudes e manobras contábeis que culminaram na concordata da empresa e no prejuízo de milhares de investidores, credores e empregados. Ademais, todas as atitudes praticadas pelos administradores da "Enron" comprovam a fragilidade dos mecanismos contábeis e de auditoria capazes de coibir abusos e evitar fraudes lesivas ao mercado. Outra séria conclusão a que chegamos é que há que existir uma prática transparente entre administradores de corporações, seus investidores e empregados capazes de refletir a real situação financeira de uma empresa. Entendendo o Caso Enron A análise do caso "Enron" vem corroborar o entendimento de que a tão aclamada recuperação de empresas deve ser vista com reservas e não como um instrumento de aplicação indiscriminada concedido a todas as empresas em crise. Ademais, poderia o leitor questionar o motivo da escolha por um caso americano se o que se pretende demonstrar é uma realidade brasileira. A resposta reside em dois aspectos: o primeiro é o fato de que o caso "Enron" representa um dos maiores fracassos empresariais da atualidade e demonstra a crise do sistema econômico global; o segundo é que os fatores motivadores da crise vivenciada pela "Enron" não se distanciam da realidade brasileira. Além disso, a realidade econômica da "Enron" nos fez refletir sobre a fragilidade de outros institutos que norteiam a sobrevivência de uma empresa, tais como a Contabilidade e a Auditoria. Como a fraude aconteceu O caso da fraude Enron é extremamente complexo. Alguns dizem que o legado da Enron está baseado no fato de, em 1992, Jeff Skilling, então presidente das operações comerciais da Enron, ter convencido fiscais federais a permitirem que a Enron usasse um método contábil conhecido como "mark to market". Esta era uma técnica usada por empresas de corretagem e importação e exportação. Com uma contabilidade desta, o preço ou valor de um seguro é registrado em uma base diária para calcular lucros e perdas. O uso deste método permitiu a Enron contar ganhos projetados de contratos de energia a longo prazo como receita corrente. Este era dinheiro que não deveria ser recolhido por muitos anos. Acredita-se que esta técnica foi usada para aumentar os números de rendimento manipulando projeções para rendimentos futuros. O uso desta técnica (bem como outras práticas questionáveis da Enron) criou dificuldades para que o mercado visse como a Enron realmente fazia dinheiro. Os números estavam nos livros contábeis e as ações continuaram altas, mas a Enron não estava pagando impostos altos. Robert Hermann, o conselheiro geral de impostos da empresa na época, foi avisado por Skilling que o método contábil permitia que a Enron fizesse dinheiro e crescesse sem trazer muito dinheiro possível de taxação para a empresa. A Enron esteve comprando quaisquer novos empreendimentos que pareciam promissores. Suas aquisições estavam crescendo exponencialmente. A Enron também formou empresas (LJM, LJM2 e outras) para movimentar débitos para fora de seus balanços e transferir riscos para seus outros negócios. Estas novas unidades eram também 23 24 estabelecidas para manter o crédito da Enron alto, o que era muito importante em suas outras áreas de negócios. Como os executivos acreditavam que o valor das ações da Enron a longo prazo permaneceriam altos, eles procuraram várias maneiras de usar as ações da empresa para dar cobertura aos investimentos nestas outras entidades. Eles o fizeram por meio de um arranjo complexo de entidades com fins especiais chamadas Raptores. Os Raptores foram estabelecidos para cobrir suas perdas caso as ações no começo dos negócios caíssem. Quando a indústria de comunicação à distância sofreu seu primeiro impacto negativo nos negócios, isso também afetou a Enron. Analistas financeiros começaram a tentar descobrir a fonte do dinheiro da Enron. Os Raptores poderiam entrar em colapso se as ações da Enron caíssem a um certo ponto, pois eles estavam apoiados apenas por elas. As regras contábeis requeriam um investidor independente para uma barreira funcionar, mas a Enron usou uma de suas novas unidades. Os acordos foram tão complexos que ninguém pode realmente determinar o que era legal e o que não era. Mas, uma hora, o castelo de cartas ruiu. Quando as ações da Enron começaram a declinar, os Raptores começaram a declinar também. Em 14 de agosto de 2001, o CEO da Enron, Jeff Skilling, demitiu-se por "assuntos de família". Isto chocou tanto a indústria quanto os empregados da Enron. O chefe-executivo da Enron, Ken Lay, assumiu como CEO. Como tudo foi descoberto Em 15 de agosto, Sherron Watkins, vice-presidente da Enron, escreveu uma carta anônima para Ken Lay que sugeria que Skilling havia saído devido a impropriedades contábeis e outras ações ilegais. A carta questionou os métodos contábeis da Enron, especificamente citando as transações dos Raptores. Mais tarde no mesmo mês, Chung Wu, um corretor da UBS PaineWebber em Houston, enviou um e-mail para 73 clientes de investimentos dizendo que a Enron estava com problemas e advertindo-os a considerar venderem suas cotas. Sherron Watkins então se encontrou com Ken Lay pessoalmente, adicionando mais detalhes a suas acusações. Ela notou que as unidades foram controladas pelo CFO da Enron, Fastow, e que ele e outros funcionários da Enron fizeram dinheiro e deixaram apenas a Enron em risco com o resguardo dos Raptores (os acordos dos Raptores foram escritos para que a Enron tivesse que apoiá-las com suas ações). Quando as ações da Enron caíram a um certo ponto, as perdas dos Raptores começaram a aparecer nas declarações financeiras da Enron. Em 16 de outubro, a Enron anunciou um terceiro trimestre de perdas de US$ 618 milhões. Durante 2001, as ações da Enron caíram de US$ 86 para US$ 0,30. Em 22 de outubro, a SEC começou uma investigação nos procedimentos contábeis e parceiros da Enron. Em novembro, a Enron admitiu oficialmente ter exagerado os ganhos da empresa em US$ 57 milhões desde 1997. A Enron decretou falência em dezembro de 2001. Onde eles estão agora? O CFO da Enron, Andrew Fastow, estava por trás de uma rede complexa de parceiros e muitas outras práticas questionáveis. Ele foi acusado de 78 contas de fraude, conspiração e lavagem de dinheiro. Fastow aceitou um acordo de alegação de defesa em janeiro de 2004. Após se declarar culpado de duas acusações de conspiração, ele recebeu a sentença de 10 anos de prisão e uma multa de US$ 23,8 milhões em troca de testemunhar contra executivos da Enron. Jeff Skilling e Ken Lay foram ambos indiciados em 2004 por suas participações da fraude. De acordo com seu site, "a Enron está liquidando suas operações restantes e distribuindo suas posses a seus credores". Em 25 de maio de 2006, um júri da corte federal em Houston, Texas, declarou tanto Skilling quanto Lay culpados. Jeff Skilling foi condenado por 19 casos de conspiração, fraude, comércio ilegal e declarações falsas. Estas acusações levam a uma sentença máxima de 24 25 185 anos combinados. Ken Lay foi condenado por seis casos de conspiração e fraude. Ele enfrenta o máximo de 45 anos na prisão. Em julgamento separado, Lay foi também declarado culpado por quatro casos de fraude bancária. Cada caso leva a sentenças máximas de 30 anos. Lay faleceu em julho de 2006 e Killing começou a cumprir a pena em dezembro do mesmo ano. Lei Sarbanes-Oxley A Lei Sarbanes-Oxley (em inglês, Sarbanes-Oxley Act) é uma lei americana, assinada em 30 de julho de 2002 pelo senador Paul Sarbanes (Democrata de Maryland) e pelo deputado Michael Oxley (Republicano de Ohio). Motivada por escândalos financeiros coorporativos (dentre eles o da Enron, que acabou por afetar drasticamente a empresa de auditoria Arthur Andersen), essa lei foi redigida com o objetivo de evitar o esvaziamento dos investimentos financeiros e a fuga dos investidores causada pela aparente insegurança a respeito da governança adequada das empresas. A lei Sarbanes-Oxley, apelidada de Sarbox ou ainda de SOX, visa garantir a criação de mecanismos de auditoria e segurança confiáveis nas empresas, incluindo ainda regras para a criação de comitês encarregados de supervisionar suas atividades e operações, de modo a mitigar riscos aos negócios, evitar a ocorrência de fraudes ou assegurar que haja meios de identificá-las quando ocorrem, garantindo a transparência na gestão das empresas. Atualmente grandes empresas com operações financeiras no exterior seguem a lei Sarbanes-Oxley. A lei também afeta dezenas de empresas brasileiras que mantém ADRs (American Depositary Receipts) negociadas na NYSE, como a Petrobras, a GOL Linhas Aéreas, a Sabesp,a TAM Linhas Aéreas, a Brasil Telecom, Ultrapar (Ultragaz), a Companhia Brasileira de Distribuição (Grupo Pão de Açúcar), Banco Itaú e a Telemig Celular. As duas seções mais importantes da SOX são: • Seção 302 Diretores Executivos e Diretores Financeiros devem declarar pessoalmente que são responsáveis pelos controles e procedimentos de divulgação (das DF’s). Cada arquivo trimestral deve conter a certificação de que eles executaram a avaliação do desenho e da eficácia desses controles. • Seção 404 Determina uma avaliação anual dos controles e procedimentos internos para a emissão de relatórios financeiros. Além disso a Auditoria Externa deve emitir um relatório distinto que ateste a asserção da administração sobre a eficácia dos controles internos e dos procedimentos executados para a emissão das DF’s. 25 26 Módulo B Conceitos gerais de contabilidade e os principais relatórios Objetivo do Módulo: Ao final deste módulo o aluno deve ser capaz de: - Conhecer a conceituação geral Contabilidade; - Saber quais são seus principais princípios; - Entender a metodologia das partidas dobradas; - Conseguir diferenciar regime contábil e regime de caixa; - Conhecer os principais relatórios contábeis e sua estruturação. PREPARAÇÃO PRÉVIA 1 Leitura prévia do capítulo 1 do livro do Marion (Bibliografia básica) ou Cap. 1, 2 e 3 (Ching) ou de qualquer outro livro sobre o assunto do módulo. - Responda as questões abaixo e entregue ao professor: 1 – Qual a função da contabilidade? 2 – Quais são os dois principais relatórios contábeis? Qual a função de cada um? 3 – Por que as empresas devem seguir as regras contábeis? 4 – Qual a diferença entre regime de caixa e regime de competência? 5 – Uma empresa pode apresentar lucro e problemas de solvência ao mesmo tempo? Por quê? PREPARAÇÃO PRÉVIA 2 Trazer, para análise, alguma demonstração contábil da empresa em que trabalha ou que alguém que conheça trabalhe. Balanço Patrimonial 1. Objetivo O objetivo do balanço patrimonial é apresentar, de uma forma ordenada e padronizada, a situação econômica e financeira de uma empresa num determinado momento. Quando analisamos a demonstração do resultado, verificamos que ela consiste na apresentação dos saldos das contas de receitas e de despesas de um modo ordenado. As contas que registram os elementos patrimoniais também devem ser classificadas e agrupadas de modo a permitir e facilitar o entendimento e análise da situação econômicofinanceira da empresa. O balanço patrimonial deve ser elaborado na data de encerramento do exercício social. 26 27 2. Exercício social e ciclo operacional O exercício social é o período fixado em lei ao término do qual a empresa deve elaborar demonstrações contábeis. De acordo com a lei das sociedades por ações, devem ser observadas as seguintes regras: O exercício social terá duração de doze meses. Os únicos exercícios sociais que poderão fugir a essa regra são aqueles em que ocorrer a constituição da empresa ou em que for modificada a data de encerramento do exercício. • Nas empresas que tiverem o ciclo operacional superior a um exercício, a classificação dos ativos o passivos no circulante ou longo prazo poderá ter por base esse ciclo. • Ciclo operacional é o intervalo de tempo compreendido entre a aplicação de recursos na produção dos bens ou serviços e o recebimento do numerário pela entrega destes. Modelo de Balanço Patrimonial Ativo Circulante • • • • • • • • • • • • Sociedades controladora, controladas e coligadas Diretores, acionistas e participantes nos lucros da empresa Títulos e valores mobiliários Empréstimos e depósitos compulsórios Demais contas a receber (*) Permanente • • • Circulante Caixa e bancos Aplicações financeiras no mercado aberto Contas a receber de clientes, inclui do exterior Títulos descontados Provisão para contas de cobrança duvidosa Provisão para descontos Demais contas a receber (*) Estoques Despesas do exercício seguinte Realizável a longo prazo • • Passivo Investimentos Imobilizado Diferido (*) O saldo destas contas de títulos genéricos não deve ser superior a 10% do total do grupo a que pertence • • • • • • • • • Fornecedores, inclui do exterior Salários e contribuições sociais Provisão para imposto de renda Impostos sobre circulação de mercadorias e produtos industrializados Financiamentos Debêntures Sociedades controladora, controladas e coligadas Distribuição de lucros Demais contas e despesas a pagar (*) Exigível a longo prazo • • • • • Financiamentos Debêntures Adiantamentos por conta de contratos de empreitada Sociedades controladora, controladas e coligadas Demais contas e despesas a pagar (*) Resultado de exercícios futuros • • Receitas de exercícios futuros Custos e despesas correspondentes Patrimônio líquido • • • • • • 27 Capital social Reservas de capital Reserva de reavaliação Reservas de lucros Ações em tesouraria Lucros (prejuízos) acumulados 28 3. Classificação das contas Essa classificação e o agrupamento das contas deve obedecer aos princípios contábeis geralmente aceitos e à legislação pertinente. 3.1. Ativo As contas do ativo devem ser dispostas em ordem decrescente de liquidez e classificadas nos seguintes grupos: • • • Circulante Realizável a longo prazo Permanente 3.1.1 Ativo circulante O ativo circulante é composto das disponibilidades, dos direitos realizáveis no curso de exercício social seguinte e das despesas pagas antecipadamente. As disponibilidades representam o numerário em caixa e em bancos que pode ser utilizado de imediato, isto é, à livre disposição da empresa. Os recursos depositados em bancos, que por qualquer razão não são de livre movimentação pela empresa, devem ser demonstrados de modo a indicar essa condição. Como direitos realizáveis no exercício social subseqüente devemos entender não só as duplicatas e demais valores a receber, como também os direitos de propriedade, tais como estoque e aplicações de curto prazo, ou seja, aquelas que serão transformadas em numerário no curso do exercício social subseqüente. Também são classificáveis no grupo do circulante as aplicações de recursos em despesas que ainda não foram incorridas, mas que já foram pagas. Caso típico dessas despesas do exercício seguinte é o prêmio de seguros que é pago antecipadamente, mas refere-se a uma obrigação contratual da seguradora de prestar um serviço no futuro. 3.1.2 Realizável a longo prazo Neste grupo serão classificados os bens e direitos que serão realizados após o final do próximo exercício social, observando o que segue: Os direitos só serão transformados em numerário após o término do exercício seguinte, ou após o ciclo operacional da empresa, quando este ultrapassar o exercício social. • São classificados nesta conta os direitos que decorram de operações não relacionadas com as atividades operacionais da empresa ou que tenham sido praticadas com empresas coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes do lucro da empresa. • Em resumo, a classificação no realizável a longo prazo depende de dois fatores: tempo e condição do devedor. 28 29 3.1.3 Ativo permanente O grupo do ativo permanente está dividido nos seguintes subgrupos: • • • Investimentos Imobilizado Diferido Devem ser classificadas como investimentos as participações permanentes em outras empresas e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no circulante, nem no realizável a longo prazo. Os investimentos permanentes têm como principal característica o fato de não haver intenção, por parte da empresa, de vendê-los. O subgrupo do imobilizado é composto dos direitos que tenham por objeto a manutenção das atividades da empresa, ou que sejam exercidos com essa finalidade, bem como os direitos de propriedade industrial ou comercial. São classificados no imobilizado, por exemplo, os bens tangíveis como terrenos, edifícios, móveis e utensílios, veículos e os intangíveis como marcas, patentes e custo de exploração de fundo de comércio. No subgrupo do diferido serão classificadas as aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um exercício social. São despesas relativas a serviços já recebidos, mas que não foram lançados no resultado, pois contribuirão para a obtenção de resultados futuros, como é o caso dos gastos pré-operacionais. 3.2. Passivo As contas do passivo são classificáveis nos seguintes grupos: • • • • Circulante Exigível a longo prazo Resultados de exercícios futuros Patrimônio líquido 3.2.1 Passivo circulante e exigível a longo prazo A classificação das contas no grupo do circulante ou do exigível a longo prazo tem por único critério a época de vencimento da obrigação. Assim, se a obrigação vencer antes do término do exercício social subseqüente deve ser classificada como circulante; caso contrário, deve ser classificada no longo prazo. Também aqui, se o ciclo operacional for superior ao exercício social, poderá ser tomado como base para determinar o que é circulante e o que é longo prazo. 3.2.2 Resultado de exercícios futuros Nos resultados de exercícios futuros serão classificadas as receitas já recebidas referentes a bens ou serviços ainda não concluídos, deduzidos dos custos incorridos para sua produção até o presente. 29 30 3.2.3 Patrimônio líquido O patrimônio líquido divide-se em: à Capital social à Reservas de capital à Reserva de reavaliação à Reservas de lucros à Lucros ou prejuízos acumulados. 3.2.3.1 Capital social Representa a contribuição dos proprietários para a formação e manutenção das atividades da empresa. Em relação ao capital social, dois aspectos merecem destaque: As parcelas do capital pertencentes a pessoas domiciliadas ou com sede no exterior, registrada no Banco Central do Brasil, devem ser apresentadas destacadamente. • • O capital não integralizado deve ser apresentado subtrativamente do capital subscrito. 3.2.3.2 Reservas de capital Representam recursos provenientes dos proprietários ou de terceiros, que aumentaram o ativo da empresa, mas não transitaram pelo resultado, ou seja, não se constituíram em receitas. As reservas de capital são claramente definidas em lei, devendo registrar, principalmente, o seguinte: O ágio na colocação de ações, ou seja, a parcela recebida pela venda de ações que ultrapassar seu valor nominal. • • Se a ação não tiver valor nominal será considerada ágio. • As doações recebidas pela empresa e as subvenções para investimento. • O resultado da correção monetária do capital. 3.2.3.3 Reservas de reavaliação Reserva de reavaliação é a contrapartida do registro de reavaliações espontâneas do ativo permanente, as quais devem ser efetuadas por três peritos ou empresa especializada e aprovada em Assembléia de Acionistas. 3.2.3.4 Reservas de lucros As reservas de lucro são constituídas através de apropriação do lucro da empresa com objetivos e regras definidos. A legislação vigente entra em detalhes sobre os critérios para constituição dessas reservas, uma vez que as mesmas influenciam diretamente o resultado à disposição dos acionistas. As reservas de lucros são as seguintes: • • • • • Reserva legal Reservas estatutárias Reservas para contingências Reservas de lucros a realizar Reservas para reinvestimentos ou expansão 30 31 3.2.3.5 Lucros ou prejuízos acumulados Representam lucros que a empresa realizou e que não foram destinados para reservas nem para dividendos. Quanto aos lucros ou prejuízos acumulados, dois destaques devem ser feitos: O saldo apresentado no balanço deve coincidir com o da demonstração de lucros acumulados ou com o constante da demonstração da movimentação das contas do patrimônio líquido. • Como já deve ter ficado claro, mesmo que haja prejuízos acumulados, estes deverão ser apresentados no patrimônio líquido, como diminuição deste. • 3.3. Entendendo o Balanço Patrimonial ATIVO PASSIVO ORIGEM DE RECURSOS DE TERCEIROS APLICAÇÕES DE RECURSOS ORIGEM DE RECURSOS PRÓPRIOS Equação Básica: Ativo = Passivo exigível + Patrimônio Líquido PASSIVO EXIGÍVEL ATIVO $$$ PATRIMÔNIO LÍQUIDO = $$$ “Balanço” Patrimonial = Balança EQUILÍBRIO 31 32 Partidas Dobradas Em contabilidade, o Método das Partidas Dobradas, ou Método Veneziano ("el modo de Vinegia") descrito pela primeira vez por Luca Pacioli no livro "Summa de Arithmetica, Geometria proportioni et propornaliti" em 1494, é o sistema padrão usado em empresas e outras organizações para registrar transações financeiras. Sua premissa é de que a condição financeira e os resultados das operações de uma empresa ou organização são melhores representadas por diversas variáveis, chamadas contas, em que cada uma reflete um aspecto em particular do negócio como um valor monetário.Cada transação financeira é registrada na forma de entradas em pelo menos duas contas, nas quais o total de débitos deve ser igual ao total de créditos. Regime de Competência x Regime de Caixa Regime de Competência: o registro do documento se dá na data do fato gerador (ou seja, na data do documento, não importando quando vou pagar ou receber). Regime de Caixa: diferente do regime de competência o Regime de Caixa, considera o registro dos documentos quando estes foram pagos, liquidados, ou recebidos, como se fosse uma conta bancária. Porém para se medir os resultados de uma companhia, recomendo que se utilize do Regime de Competência, onde além de se considerar as vendas efetuadas, as despesas realizadas, também considera-se a depreciação, que no Regime de Caixa não se considera. EXERCÍCIO COMPLEMENTAR Atividade “Cia. Didática“. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1 - CORRELACIONE as colunas: A) Bens B) Direitos C) Obrigações ( ( ( ( ( ( ( ( ( A C B C A C A A C ) Imóveis ) Fornecedores ) Clientes ) Empréstimos Bancários ) Caixa ) Provisão para IR e Contribuição Social ) Estoques ) Veículos ) Adiantamento de Clientes 32 33 2 - Escreva o que você entende sobre Balanço Patrimonial. 3 - Relacione as duas colunas, considerando o interesse de cada público em relação às Demonstrações Contábeis de uma empresa. (A) Bancos (B) Fornecedores (C) Clientes (D) Funcionários (E) Acionistas ( C ) Procuram detectar na empresa a capacidade desta em fornecer os produtos e serviços por eles requeridos dentro dos prazos negociados. ( D ) Procuram detectar na empresa a continuidade e a capacidade dela em prover a realização profissional e pessoal a médio e longo prazos, além do pagamento de salários. ( B ) Procuram detectar na empresa a capacidade desta em pagar as duplicatas geradas pelos fornecimentos de materiais ou serviços dentro dos prazos negociados. ( E ) Procuram detectar na empresa a sua perenidade e a capacidade dela em pagar os dividendos e ainda a valorização do capital investido em função da valorização das ações no mercado. ( A ) Procuram detectar na empresa a capacidade desta em pagar os empréstimos obtidos dentro dos prazos negociados. 33 34 Demonstração do Resultado do Exercício 1. Objetivo A empresa deve informar aos leitores de seu balanço como foi obtido o resultado do exercício que foi transferido para a conta "Lucros ou prejuízos acumulados". Essa informação sobre a formação do resultado do exercício é dada, em sua maior parte, através da demonstração do resultado do exercício, que nada mais é do que uma apresentação das contas de receitas e despesas feita de modo ordenado. Tal ordenação baseia-se, principalmente, na divisão de receitas e despesas entre operacionais e não operacionais e em sua apresentação na forma indicada pela legislação vigente. 2. Despesas operacionais e não operacionais As despesas operacionais são todos os gastos desembolsados ou previstos, que se relacionam diretamente com o objeto social de uma empresa. Imaginemos uma empresa comercial que venda móveis. Os salários e encargos do pessoal da administração, do setor de vendas ou dos outros setores são diretamente relacionados com o objetivo do negócio, por isso são operacionais. Resumindo, são considerados custos e despesas operacionais todos os gastos realizados com o objetivo final de gerar receitas e diretamente relacionados com a natureza específica dos negócios de uma companhia. Analogamente, as despesas não operacionais são aquelas não relacionadas diretamente com a natureza específica dos negócios de uma companhia, tais como, baixa de bens do ativo permanente e perdas com sinistros. 2.3. Receitas operacionais e não operacionais Guardando bastante semelhança com as despesas, temos as receitas operacionais, que são todas aquelas realizadas e que estão diretamente relacionadas com a natureza do negócio de uma companhia. Por exemplo, se o negócio de uma empresa é vender mercadorias, o título d receita de vendas já indica sua atividade. Ou, se nos referimos a uma companhia que presta serviços, o título receita de serviços já indica o fato. Inversamente às receitas operacionais, as não operacionais são aquelas que não se relacionam diretamente com a natureza do negócio de uma companhia, tais como, receita de dividendos e indenizações de seguros. 34 35 2.4. Apresentação De acordo com a legislação na forma vigente, as empresas devem adotar a demonstração do resultado do exercício na forma dedutiva ou vertical, cujas características são as seguintes: • • • • • • • • • Desta deduz-se o custo dos produtos vendidos, obtendo-se o lucro bruto. Do lucro bruto são subtraídas as despesas operacionais, que, em geral, dividem-se em quatro grandes grupos: Despesas operacionais com vendas - representadas pelas comissões, fretes para entrega etc. Despesas gerais e administrativas - salários e encargos do pessoal administrativo, depreciações etc. Despesas financeiras - juros e variação monetária de empréstimos etc., deduzidas das receitas financeiras. Amortizações de despesas diferidas, obtendo-se o lucro operacional. Somando-se ou subtraindo-se ao lucro operacional as receitas e despesas não operacionais, obtém-se o lucro antes do imposto de renda. Desse valor, devemos deduzir o da provisão para imposto de renda (O IR é um imposto existente em vários países, em que cada pessoa ou empresa é obrigada a deduzir uma certa percentagem de sua renda média anual para o governo. Esta percentagem pode variar de acordo com a renda média anual, ou pode ser fixa em uma dada percentagem) obtendo, assim, o lucro antes das participações estatutárias. Finalmente, se existirem, serão excluídas as participações estatutárias devidas a empregados, diretores etc. O saldo final é o que denominamos lucro líquido do exercício. 2.5. Modelo simplificado da Demonstração do resultado do exercício Receita operacional bruta Deduções de vendas Receita operacional líquida Custo dos produtos vendidos Lucro bruto Despesas com vendas Despesas gerais e administrativas Despesas (-) receitas financeiras Lucro operacional Receitas (despesas) não operacionais Lucro antes do imposto de renda Provisão para imposto de renda Lucro líquido do exercício 35 36 2.6. Modelo detalhado da Demonstração do resultado do exercício Receita operacional bruta 100 Deduções das vendas (30) ROL Custo das vendas serviços prestados Lucro bruto Despesas operacionais 70 e (40) Produto da venda de mercadorias, produtos e serviços. Valor total cobrado dos clientes, inclusive impostos. Imposto sobre vendas (IPI, ICMS e ISS), contribuições (PIS e COFINS), devoluções, abatimentos e descontos comerciais. Receita operacional líquida. Materiais, mão-de-obra e custos gerais de fabricação gastos no processo de aquisição ou produtos dos bens e serviços vendidos. 30 Com vendas (3) Administrativas (7) Financeiras (4) Equivalência patrimonial 2 RO Receitas e despesas não operacionais RADEI 18 (3) CMB (5) LAIR Imposto de renda Corrente Diferido LAPE PE LLE Lucro líquido por ação 10 Gastos incorridos no processo de geração de receitas. Comissões, fretes, propaganda, material de embalagem, pessoal e despesas gerais do departamento de vendas, devedores incobráveis, garantias etc. Pessoal administrativo, comunicações, processamento de dados, despesas gerais da administração etc. Juros, variações monetárias e cambiais sobre empréstimos e financiamentos, líquidos de receitas financeiras. Receitas (despesas) decorrentes da avaliação de investimentos relevantes em coligadas ou controladas pelo método da equivalência patrimonial. Resultado operacional. Resultado na venda de bens patrimoniais, indenização de seguros, resultados eventuais etc. Resultado antes dos efeitos inflacionários. Contrapartida da atualização monetária das contas do ativo permanente e do patrimônio líquido. Caso PL>AP = saldo devedor; PL ILG = 13.000 => ILG = 1,0317 7.600 + 5.000 12.600 Este índice leva em consideração a situação a longo prazo da empresa, incluindo no cálculo os direitos e obrigações a longo prazo. Podemos ver que para cada $1,00 de dívidas a longo prazo da empresa, a mesma tem R$ 1,03 para pagá-las. 46 47 Liquidez Corrente A simples divisão entre ativo circulante (AC) e passivo circulante (PC) produz o Índice de Liquidez Corrente (ILC), que reflete a capacidade de pagamento da empresa no curto prazo. O crescimento exagerado das contas a receber, principalmente quando ocasionado por aumento de inadimplência, ou ainda a avolumação dos estoques, devido a falhas em linhas de produção ou obsolescência, devem ser expurgados do cálculo desse índice. Sua fórmula é: ILC = AC PC Ainda utilizando a estrutura do Balanço Patrimonial da Cia. TROPA DE ELITE (em $ mil): ATIVO Circulante Caixa Bancos Duplicatas a Receber Estoque Realizável a Longo Prazo Consórcios Permanente Investimentos Imobilizado Diferido Total 5.100 400 1.000 500 7.000 PASSIVO Circulante Fornecedores Impostos a Recolher Empréstimos a Pagar (CP) Contas a Pagar Exigível a Longo Prazo 6.000 Financiamentos (LP) Patrimônio Líquido 600 Capital 5.000 Lucro Acumulado 700 6.300 19.300 Total 100 500 6.600 400 7.600 5.000 1.000 5.700 6.700 19.300 Calculando o índice de Liquidez Corrente, temos: ILC = AC PC ILC = 7.000 => ILC = 0,92 7.600 Podemos ver que para cada $1,00 de dívidas a curto prazo da empresa, a mesma tem apenas R$ 0,92 para pagá-las. 47 48 Liquidez Seca O Índice de Liquidez Seca (ILS) tem como objetivo apresentar a capacidade de pagamento da empresa no curto prazo sem levar em conta os estoques, que são considerados como elementos menos líquidos do ativo circulante. Após retirarmos os estoques do cálculo, a liquidez da empresa passa a não depender de elementos não-monetários, suprimindo a necessidade do esforço de “venda” para quitação das obrigações de curto prazo. Sua fórmula é: ILS = AC - Estoques PC ILS = AC - Estoques PC ILS = 7.000 – 500 => ILS = 0,86 7.600 Isso demonstra que para cada $1,00 de dívidas a curto prazo da empresa, a mesma tem apenas R$ 0,86 de recursos monetários para pagá-las. Liquidez Imediata Continuando o raciocínio do Índice de Liquidez Seca, o Índice de Liquidez Imediata (ILM) elimina também a necessidade do esforço de “cobrança” para honrar as obrigações. Com o desenvolvimento do mercado de crédito, esse índice passou a ter pouca relevância na maior parte das empresas. Nos dias atuais, não é aconselhável manter disponibilidades muito elevadas, deixando de investir na própria atividade. Sua fórmula é: ILM = Disponíbilidades PC ILM = 5.500 => ILM = 0,72 7.600 O resultado nos diz que para cada $1,00 de dívidas a curto prazo da empresa, a mesma tem apenas R$ 0,72 de recursos monetários imediatos para pagá-las. Capital Circulante Líquido (CCL) O Capital Circulante Líquido é a diferença entre o ativo circulante (disponível, contas a receber, estoques e despesas pagas antecipadamente) e o passivo circulante (fornecedores, contas a pagar e outras exigibilidades do exercício seguinte) em determinada data. Assim sendo, Capital Circulante Líquido (CCL) é o quanto a empresa realmente tem de dinheiro disponível a curto prazo (geralmente 1 ano). Assim, se subtrai do ativo circulante (as entradas da empresa, como o que tem disponível no caixa e no banco, além de materiais) o passivo circulante (as dívidas que a empresa tem no período, como fornecedores, impostos, etc.). 48 49 Quando o Ativo Circulante é maior do que o Passivo Circulante, tem-se um Capital Circulante Líquido próprio. Quando o Ativo Circulante é menor do que o Passivo Circulante, tem-se um Capital Circulante Líquido negativo ou de terceiros. Sua fórmula é: CCL = AC - PC Calculando o Capital Circulante Líquido, temos: CCL = AC – PC CCL = 7.000 – 7.600 CCL = - 600 A empresa possui um saldo negativo de seu AC em relação a seu PC de R$ 600,00, ou seja, um Capital Circulante Líquido de terceiros. Índices de Endividamento O endividamento de uma empresa tem relação geralmente com os recursos de terceiros. "A situação de endividamento de uma empresa indica o montante de recursos de terceiros que está sendo usado, na tentativa de gerar lucros." GITMAN (1997 p. 115). Os Índices de Endividamento têm como principal objetivo mostrar o grau de comprometimento do capital próprio de uma empresa, com o capital de terceiros. Esses índices mostram, por exemplo, o quanto por cento do capital de terceiros vencem a curto prazo. De formal geral, quanto mais recursos de terceiros a empresa utiliza em relação ao seu ativo, maior será a sua alavancagem financeira, termo utilizado para descrever a ampliação do risco e do retorno ocasionada pelo uso de financiamento a custos fixos, como dívida e ações preferenciais. Em outras palavras, "quanto maior o endividamento a custos fixos, ou alavancagem financeira, de uma empresa, maior serão o seu risco e retorno esperados." GITMAN (1997 p. 116). Para a realização da análise dos Índices Financeiros, a seqüência do processo decisório tem as seguintes etapas: 1ª) apuram-se os percentuais ou índices junto às demonstrações contábeis; 2ª) comparam-se os percentuais ou índices com os padrões; 3ª) ponderam-se as diferentes informações e chega-se a um diagnóstico ou conclusões; 4ª) tomam-se decisões. 49 50 Participação de Capitais de Terceiros (PCT) Indica quanto a empresa possui de recursos de terceiros em relação ao seu capital próprio. Sua fórmula é: PCT = . PC + ELP x 100 Total do Passivo Sendo: PC = Passivo Circulante ELP = Exigível a Longo Prazo Também podemos dizer que indica qual o percentual de capital de terceiros em relação ao passivo total. Para a EXEMPLO S/A, no ano de 20x1, podemos visualizar a Participação de Capitais de Terceiros conforme segue: ATIVO Circulante Realizável a Longo Prazo Permanente Ativo Total VALORES 335.676,00 82.303,00 210.622,00 628.601,00 PASSIVO Circulante Exigível a Longo Prazo Patrimônio Líquido Passivo Total VALORES 263.692,00 77.166,00 287.743,00 628.601,00 Calculando a Participação de Capitais de Terceiros, temos: PCT = . PC + ELP x 100 Total do Passivo PCT = 263.692 + 77.166 x 100 => PCT = 0,5422 ou 54,22% 628.601 Quanto maior o valor do índice, maior o volume de capital de terceiros, ou seja, o endividamento. Empresas que fazem aportes de capital ou altos investimentos em imobilizado tornam esses altos valores aceitáveis. O índice de Participação de Capitais de Terceiros relaciona, portanto as duas grandes fontes de recursos da empresa, ou seja, Capitais Próprios e Capitais de Terceiros. É um indicador de risco ou de dependência a terceiros, por parte da empresa. Grau de Endividamento (GE) Este índice indica o percentual de Capital de Terceiros em relação ao Patrimônio Líquido, retratando a dependência da empresa em relação aos recursos externos. Sua fórmula é: GE = PC + ELP x 100 PL Sendo: PC = Passivo Circulante 50 51 ELP = Exigível a Longo Prazo PL = Patrimônio Líquido Podemos também dizer que ele indica quanto a empresa tomou de capitais de terceiros para cada R$ 1,00 de capital próprio. Calculando o Grau de Endividamento, temos: GE = PC + ELP x 100 PL GE = 263.692 + 77.166 x 100 => GE = 1,1846 ou 118,46% 287.743 A interpretação é que o Capital de Terceiros é formado pela soma do Passivo Circulante com o Exigível a Longo Prazo. Note que o PC de R$ 263.692,00 somado ao ELP de R$ 77.166,00 resulta num Capital de Terceiros de R$ 340.858,00. Dividindo R$ 340.858,00 pelo Patrimônio Líquido de R$ 287.743,00, obtém-se 118,46%, que significa que para cada R$ 1,00 de Capital Próprio, a empresa utiliza R$ 1,1846 de Recursos de Terceiros. A interpretação do índice de GE isoladamente, para o analista financeiro, cujo objetivo é avaliar o risco da empresa, é no sentido de que “quanto menor, melhor”, mantidos constantes os demais fatores. Para a empresa pode ocorrer que o endividamento lhe permita melhor ganho, porém, associado ao maior ganho estará um maior risco. Do ponto de vista estritamente financeiro, quanto maior a relação Capitais de Terceiros/Patrimônio Liquido menor a liberdade de decisões financeiras da empresa ou maior a dependência a esse terceiros. Do ponto de vista da obtenção de lucro, pode ser vantajoso para a empresa trabalhar com Capitais de Terceiros, se a remuneração paga a esses capitais for menor do que o lucro conseguido com a sua aplicação nos negócios. Portanto, sempre que se aborda o índice de Grau de Endividamento, está-se fazendo análise exclusivamente do ponto de vista financeiro, ou seja, do risco de insolvência e não em relação ao lucro ou prejuízo. Composição do Endividamento (CE) Indica quanto da dívida total da empresa deverá ser pago a Curto Prazo, isto é, as obrigações a Curto Prazo comparadas com as obrigações totais. Sua fórmula é: x 100 CE = . PC PC + ELP Sendo: PC = Passivo Circulante ELP = Exigível a Longo Prazo Também podemos dizer que ele indica qual o percentual de obrigações a curto prazo em relação às obrigações totais. 51 52 Calculando a Composição do Endividamento, temos: CE = . PC x 100 PC + ELP CE = . 263.692 x 100 => CE = 0,77 ou 77,36% 263.692 + 77.166 O Capital de Terceiros, ou seja, a dívida total, é representado pelo PC de R$ 263.692,00 mais o ELP de R$ 77.166,00, totalizando R$ 340.858,00. Desse valor, R$ 263.692,00 que é o PC, vence a Curto Prazo. Dividindo R $ 263.692,00 por R$ 340.858,00, obtém-se 77,36%, significando o percentual da dívida total que vence a Curto Prazo. Desse modo, para cada R$ 1,00 de dívida que a empresa tem, R$ 0,7736 vence a Curto Prazo, ou seja, num período inferior a um ano. A interpretação do índice de CE é no sentido de que “quanto menor, melhorr”, mantidos constantes os demais fatores. A razão é que quanto mais dívidas para pagar a Curto Prazo, maior será a pressão para a empresa gerar recursos para honrar seus compromissos. O passo agora é saber qual a composição dessas dívidas. Uma coisa é ter dívidas de Curto Prazo que precisam ser pagas com os recursos possuídos hoje, mais aqueles gerados a Curto Prazo (e nós sabemos as dificuldades em gerar recursos a Curto Prazo); outra coisa é ter dividas a Longo Prazo, pois aí a empresa dispõe de tempo para gerar recursos para pagar essas dividas. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO A respeito do Balanço Patrimonial da Cia. Kamarada (em R$ mil): BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO 31-12-02 31-12-03 31-12-02 Circulante Circulante Caixa 400 1.500 Fornecedores 2.500 Aplicação Financeira 1.000 1.500 Impostos a pagar 300 Duplicatas a receber 4.000 3.000 Empréstimos a pagar 3.000 Estoques 3.000 4.600 5.800 8.400 10.600 Exigível a Longo Prazo Financiamentos a pagar 2.000 31-12-03 4.500 200 300 5.000 1.500 Permanente Imobilizado 31.000 Patrimônio Líquido 31.700 Capital Lucros Acumulados 30.000 1.600 30.000 5.800 Total 39.400 42.300 Total 39.400 42.300 52 53 1. Analisando-se a evolução do índice de liquidez corrente da companhia, pode-se dizer que: a) sua posição financeira piorou b) sua posição financeira melhorou c) a situação financeira permaneceu estável d) não é possível concluir com as informações disponíveis e) o índice de liquidez não mede a posição financeira da empresa 2. Analisando-se o Balanço Patrimonial da companhia, pode-se dizer que seu índice de liquidez seca em 31-12-03 era: a) 0,93 b) 2,12 c) 0,25 d) 0,12 e) 1,20 3. os índices de liquidez geral, nos anos de 02 e 03, eram respectivamente: a) 2,05 e 1,51. b) 1,45 e 2,12. c) 1,08 e 1,63. d) 1,08 e 2,12. e) 1,45 e 1,63. 53 54 Com base nas demonstrações financeiras da Cia. Grampo: Balanço Patrimonial - Cia. Grampo 1998 1999 2000 ATIVO Circulante Disponível Duplicatas a receber Estoque 1.000 4.000 5.000 1.500 6.000 7.500 2.000 7.000 11.000 Permanente Investimentos Imobilizado 5.000 5.000 10.000 10.000 20.000 10.000 Total do Ativo 20.000 35.000 50.000 PASSIVO Circulante Fornecedores Salários a pagar 4.000 1.000 8.000 2.000 15.000 3.000 Exigível a Longo Prazo Financiamentos a pagar 5.000 5.000 2.000 Patrimônio Líquido Capital Social e Reservas 10.000 20.000 30.000 Total do Passivo 20.000 35.000 50.000 1. Determine e comente, de 1998 a 2000, os índices de: a) Participação de Capitais de Terceiros; b) Grau de Endividamento; e c) Composição do Endividamento. 54 55 Índices de Prazos Médios ou Atividade Os indicadores de atividade nos fornecem informações valiosas a respeito das vendas efetuadas no período, compara os prazos médio de pagamento e recebimento identificando se há incoerência entre ambos, indica o retorno sobre o ativo, quantas vezes os estoques se renovaram. Essas informações são de fundamental importância para uma correta tomada de decisão e uma visão global do comportamento da produção que compreendem as vendas, compras , pagamentos e recebimentos. Também chamados índices de Eficiência, mostram a velocidade com que determinados itens do Balanço, principalmente do Ativo Circulante, se renovam durante o exercício. Também podemos dizer que os indicadores de atividade servem para medir a rapidez com que várias contas são convertidas em vendas ou caixa. indicam as rotações sofridas pelo capital e por valores empregados na produção, indicando quantas vezes foram empregados e recuperados. Sabemos que o lucro é o principal objetivo de um empreendimento, assim sendo, é imprescindível que se saiba como estão fluindo os negócios, quanto tempo se leva para recuperar os investimentos, pagar os fornecedores e receber dos clientes. Se o seu ciclo operacional condiz com a sua realidade. Os principais indicadores financeiros que nos possibilitam conhecer a evolução da atividade operacional da empresa são os prazos de rotação dos estoques, recebimento das vendas, pagamentos das compras, ciclo operacional, ciclo financeiro e rotação de ativo. Esses indicadores indicam quantos dias em média a empresa leva para pagar suas compras, receber suas vendas, renovar seus estoques e recuperar seu ativo. Os Indicadores de Atividade medem a eficiência na administração dos ativos da empresa ou, em outras palavras, a velocidade com que a empresa transforma seus ativos e/ou patrimônio líquido em receita. Eles são bastante dependentes do setor de atividade de cada empresa e são melhores quando utilizados para avaliar uma mesma empresa ao longo de um período ou comparar empresas que desenvolvem produtos semelhantes. Como referência de análise, utilizaremos as demonstrações financeiras da empresa Expert Ltda. BALANÇO PATRIMONIAL (R$) ATIVO X1 PASSIVO X1 Caixa Bancos Clientes Desconto de Títulos Estoques Total Circulante Consórcios Total RLP Imobilizado Investimento Diferido Total Permanente 8.000 10.200 12.400 0 21.760 52.360 12.000 12.000 22.300 2.450 1.250 26.000 Fornecedores Salários e CS Impostos (ICMS,Pis, Cofins) Total Circulante Financiamentos Debêntures Total ELP Capital Social Reservas de Lucros Lucros (prej.) Acumulados Total Patrimônio Líquido 41.500 2.300 5.200 49.000 7.500 8.300 15.800 14.000 4.800 6.760 25.560 TOTAL ATIVO 90.360 TOTAL PASSIVO 90.360 55 56 DRE (R$) X1 Vendas (receita bruta) (-) Deduções de vendas Devoluções Descontos Impostos (=) Receita Líquida (-) CPV (Custo Produto Vendido) (=) Lucro Bruto (-/+) Receitas/Despesas Operacionais Despesas Comerciais (Vendas) Despesas Administrativas Receitas/Despesas Financeiras (=) Lucro Operacional (-/+) Receitas/Despesas não operacionais (=) Lucro antes do Imposto de Renda (LAIR) (-) Provisão Para IR (=) LUCRO LÍQUIDO (OU PREJUÍZO) DO EXERCÍCIO 50.000 (17.000) (8.500) (5.200) 19.300 (13.000) 6.300 (500) (1.500) (800) 3.500 (2.000) 1.500 (315) 1.185 Sabemos ainda que as compras realizadas no ano de X1 somam de R$ 28.000,00. Prazo Médio de Renovação dos Estoques (PMRE) O prazo médio de rotação dos estoques é o período compreendido entre o tempo em que permanece armazenado até o momento da venda. O seu volume depende da política de estocagem e volume de vendas. Quanto maior o volume de vendas mais rápida será a rotação dos estoques e em menos tempo o ativo será recuperado. O PMRE é calculado de acordo com a seguinte expressão: PMRE = . Estoque x 360 = Custo das Vendas (CPV) dias Para a empresa Expert Ltda., temos: PMRE = 21.760 x 360 => PMRE = 602,58 ou 603 dias 13.000 O PMRE nos diz que o estoque é renovado a cada 603 dias, aproximadamente. Isso é bom para uma empresa? Possuir um estoque que dure quase 2 anos? ► Giro dos Estoques (GE) – Para completar nossa análise sobre os estoques e a eficiência de sua gestão, devemos avaliar o giro dos estoques, que indica o número de vezes que o estoque se renovou por causa das vendas. GE = 360/PMRE = vezes GE = 360/602,58 => GE = 0,5974 vezes 56 57 O GE nos diz que o estoque gira menos que uma vez por ano, o que não é ideal para nenhuma empresa de qualquer setor. Prazo Médio de Recebimento das Vendas (PMRV) O prazo médio de recebimento é o período compreendido entre o momento em que foram efetuadas as vendas e o momento do pagamento dessas vendas. Indica quanto tempo em média a empresa leva para receber as suas vendas. Neste caso devemos estar atentos para a quantidade de vendas a prazo e os prazos concedidos. Quanto maior os prazos concedidos e maior a quantidade de vendas a prazo, pior para a empresa, pois os seu prazo de recebimento será bastante dilatado, comprometendo dessa forma o seu capital de giro. O PMRV é calculado de acordo com a seguinte expressão: PMRV = Duplicatas a Receber (clientes) x 360 = Vendas brutas dias PMRV = 12.400 x 360 => PMRV = 89,28 ou 90 dias 50.000 A empresa leva, em média, 90 dias para receber suas vendas à prazo. ► Giro de Contas a Receber (GCR) – Para completar nossa análise sobre os recebimentos de vendas da empresa, devemos avaliar o giro dos das duplicatas a receber. Esse índice expressa quão rapidamente podemos cobrar as vendas efetuadas. O giro de contas a receber é definido da seguinte maneira: GCR = 360/PMRV = vezes GCR = 360/89,28 => GCR = 4,03 vezes. O Giro de Contas a Receber, especificamente, mostra que a empresa "gira" suas contas a receber mais de 4 vezes ao ano. Quanto maior melhor, já que isso implica em menores prazos de recebimento de suas vendas. Se esse valor for menor que 1, ou seja, menos de 1 giro, indica que a empresa tem sua receita atrelada à suas vendas à prazo, que representam seu capital de giro. Prazo Médio de Pagamento de Compras (PMPC) Esse índice é útil para identificar a idade média das duplicatas a pagar, ou em quantos dias pagamos nossas duplicatas. Está diretamente relacionado às condições de crédito obtidas pela empresa. O prazo médio de pagamento é o período compreendido entre o momento em que foram efetuadas as compras e o momento de seu pagamento. PMPC = Fornecedores x 360 = dias Compras PMPC = 41.500 x 360 => PMPC = 533,57 ou 534 dias 28.000 A empresa leva, em média, 534 dias para pagar seus fornecedores. 57 58 ► Giro de Contas a Pagar (GCP) – Para completar nossa análise sobre os estoques e a eficiência de sua gestão, devemos avaliar o giro dos estoques, que indica o número de vezes que o estoque se renovou por causa das vendas. O giro de contas a pagar é definido da seguinte maneira: GCP = 360/PMPC = vezes GCP = 360/533,57 => GCP = 0,6747 vezes O giro de contas a pagar não chega a um ano. Para fixar: o PMRE representa o tempo médio de estocagem de mercadorias. O PMRV expressa o tempo decorrido entre a venda e o recebimento. O PMPC traduz o tempo entre a compra de mercadorias e o pagamento aos fornecedores. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Trabalharemos novamente com base no Balanço Patrimonial e na DRE da Empresa Wellington LTDA.; então calcule: - Prazo Médio de Renovação dos Estoques e Giro dos Estoques; - Prazo Médio de Recebimento das Vendas e Giro das Contas a Receber; - Prazo Médio de Pagamento de Compras e Giro de Contas a Pagar. Quadro 1: BALANÇO PATRIMONIAL - Empresa Wellington LTDA. ANO 2006 ANO 2006 ATIVO PASSIVO Circulante 592.000 Circulante Disponível 55.000 Contas a Pagar 100.000 Duplicatas a Receber 57.000 Fornecedores 44.000 Estoques 480.000 Exigível a Longo Prazo Realizável a Longo Prazo 73.000 Financiamentos 450.000 Permanente 289.000 Investimentos 150.000 Patrimônio Líquido 360.000 Imobilizado 139.000 Capital 140.000 Reservas 220.000 TOTAL 954.000 TOTAL 954.000 Fonte: Empresa pesquisada (2006) 58 59 Quadro 2: DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Empresa Wellington LTDA. ANO 2006 Vendas 1.843.000 Custo das Vendas (1.281.000) LUCRO BRUTO 562.000 Despesas com vendas (316.000) Despesas Administração (84.000) Receitas/ Desp. Fin. (40.000) LUCRO OPERACIONAL 122.000 Resultado não operacional 58.000 LUCRO ANTES DO IR 180.000 Provisão p/ IR (4.000) LUCRO LIQUIDO 176.000 Fonte: Empresa pesquisada (2006) A Empresa Wellington LTDA. realizou em 2006 compras no valor de R$ 366.000,00. _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 59 60 O Ciclo Operacional (CO) O ciclo operacional é o intervalo de tempo em que uma empresa gasta para executar todas as suas atividades operacionais, venda e o recebimento dos créditos gerados pela atividade comercial. Podemos entender o ciclo operacional como o prazo total que começa na aquisição das mercadorias e termina no recebimento do valor referente à venda. Caso a empresa trabalhe somente com vendas á vista, o ciclo operacional tem o mesmo valor do ciclo econômico. O ciclo operacional é mais amplo, englobando desde a data das compras até o recebimento de clientes, sem descontar o PMPC. Ele é representado pela soma PMRE + PMRV: Ciclo Operacional = Prazo médio de estoques + prazo médio de recebimentos. CO = PMRE + PMRV (em dias). Compra de Produtos Recebimento da Venda Venda PMRE PMRV Ciclo Operacional (CO) Ainda utilizando dados da Empresa Wellington LTDA., temos: CO = PMRE + PMRV ... Já calculamos esses valores! CO = 134,89 + 11,13 => CO = 146,02 ou 147 dias. O Ciclo Econômico (CE) É o período em que a mercadoria permanece nas dependências da empresa, ou seja, iniciase com a compra a mercadoria e encerra-se com a venda da mesma. Este ciclo é o giro de estoques (prazo), ele nos diz quanto tempo a empresa está demorando em girar seu estoque. A lentidão no giro do estoque pode ocasionar uma possível insuficiência de caixa. Podemos dizer que: Ciclo Econômico (CE) = Prazo Médio de Renovação de Estoques (PMRE) Para a Empresa Wellington LTDA., temos: CE = PMRE = 134,89 ou 135 dias. 60 61 Veja abaixo a representação gráfica do Ciclo Econômico: Compra de Produtos Venda Recebimento da Venda PMRE Ciclo Econômico O Ciclo Financeiro (CF) O ciclo financeiro é o período compreendido entre a efetivação dos pagamentos e o recebimento dos clientes. É o período em que a empresa financia o ciclo operacional. Este intervalo de tempo não deve ser muito grande, pois, tornaria o ciclo operacional muito oneroso. Quanto maior o poder de negociação da empresa com fornecedores, menor o ciclo financeiro. Também conhecido como Ciclo de Caixa, o ciclo financeiro também pode ser definido como sendo o prazo médio desde a aquisição da mercadoria até a venda aos clientes, chamado prazo médio de renovação de estoques (PMRE), mais o prazo médio concedido aos clientes para recebimento das vendas (PMRV), menos o prazo médio recebido do fornecedor para pagamento das compras (PMPC). Para o gráfico abaixo, nos baseamos em uma indústria: CF = PMRE + PMRV - PMPC Compra de Matéria-prima PMPC Início da Fabricação Fim da Fabricação Venda Recebimento da Venda PMRV PMRE Ciclo Operacional Ciclo Financeiro (Caixa) Ciclo Econômico 61 62 Se CF = PMRE + PMRV – PMPC, e CO = PMRE + PMRV, então podemos dizer que: CF = CO – PMPC !!! Então, para a Empresa Wellington LTDA., temos: CF = 146,02 – 43,28 CF = 102,74 ou 103 dias. E o que esse Ciclo financeiro nos diz? Se o Ciclo Financeiro é positivo, primeiro a empresa pagará seus fornecedores para depois, receber de seus clientes, portanto a empresa estará descoberta financeiramente. Se o Ciclo Financeiro é negativo, primeiro a empresa receberá de seus clientes, para depois pagar seus fornecedores, portanto a empresa estará com folga financeira. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Trabalharemos ainda com os dados da empresa Wellington, das páginas 58 e 59. Calcule os Ciclos Operacional, Econômico e o Financeiro, comentando-o. _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 62 63 Índices de Lucratividade A obtenção dos índices de rentabilidade revela como está o desempenho da empresa com relação a seus lucros, a complexidade da atividade operacional, envolvendo suas várias atividades culmina, em última análise na obtenção de lucros desejáveis para a entidade. Ainda utilizando os dados da Empresa Wellington LTDA., temos: Quadro 1: BALANÇO PATRIMONIAL - Empresa Wellington LTDA. ANO 2006 ANO 2006 ATIVO PASSIVO Circulante 592.000 Circulante Disponível 55.000 Contas a Pagar 100.000 Duplicatas a Receber 57.000 Fornecedores 44.000 Estoques 480.000 Exigível a Longo Prazo Realizável a Longo Prazo 73.000 Financiamentos 450.000 Permanente 289.000 Investimentos 150.000 Patrimônio Líquido 360.000 Imobilizado 139.000 Capital 140.000 Reservas 220.000 TOTAL 954.000 TOTAL 954.000 Fonte: Empresa pesquisada (2006) Quadro 2: DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Empresa Wellington LTDA. ANO 2006 Vendas 1.843.000 Custo das Vendas (1.281.000) LUCRO BRUTO 562.000 Despesas com vendas (316.000) Despesas Administração (84.000) Receitas/ Desp. Fin. (40.000) LUCRO OPERACIONAL 122.000 Resultado não operacional 58.000 LUCRO ANTES DO IR 180.000 Provisão p/ IR (4.000) LUCRO LIQUIDO 176.000 Fonte: Empresa pesquisada (2006) F.1.1. Margem Bruta (MB) Este índice evidencia quanto a entidade obteve de Lucro Bruto, para cada unidade monetária ($) vendido, indica a porcentagem remanescente das Vendas Líquidas após a dedução dos Custos das Vendas. Sua fórmula é: MB = Lucro Bruto x 100 Vendas 63 64 MB = . 562.000 x 100 => MB = 30,49% 1.843.000 Assim, o Lucro Bruto representa 30,49% das vendas totais (receita total), ou seja, gera R$ 0,3049 de Lucro Bruto para cada R$ 1,00 de venda. F.1.2. Margem Líquida (ML) Este índice demonstra quanto a empresa obteve de Lucro Líquido, para cada $ vendido; indica porcentagem do remanescente das Vendas Líquidas após a dedução de todas as despesas e computados os resultados não operacionais, a provisão para Imposto de Renda e as participações estatutárias. Sua fórmula é: ML = Lucro Líquido x 100 Vendas ML = . 176.000 x 100 => ML = 9,55% 1.843.000 Podemos ver que o Lucro Líquido representa 9,55% das vendas totais (receita total), ou seja, gera R$ 0,0955 de Lucro Líquido para cada R$ 1,00 de venda, depois de descontos, abatimentos, impostos e CPV. F.1.3. Margem Operacional (MO) Este índice evidencia quanto a entidade obteve de Lucro Operacional, para cada $ vendido; indica a porcentagem do remanescente da Vendas Líquidas após a dedução das Despesas Operacionais. Sua fórmula é: MO = Lucro Operacional x 100 Vendas MO = . 122.000 x 100 => MO = 6,62% 1.843.000 A Margem Operacional é de 6,62 %, ou seja, para cada R$ 1,00 de venda sobrou R$ 0,0662 depois de descontos, abatimentos, impostos, custos e despesas operacionais e financeiras. F.1.4. Percentual de Despesas Operacionais (%DO) Avalia, em %, quanto das vendas totais (receita total) representam as Despesas Operacionais, ou quanto as Despesas Operacionais consomem de cada R$ 1,00 de venda. Sua fórmula é: %DO = Desp. Operacionais x 100 Vendas 64 65 Sabemos que as Despesas Operacionais são a soma das: - Despesas comerciais (vendas); - Despesas administrativas; e - Receitas/despesas financeiras. Então, para a Empresa Wellington LTDA., temos: - Despesas comerciais (vendas) ........................... R$ 316.000 - Despesas administrativas: .................................. R$ 84.000 - Receitas/despesas financeiras: .......................... R$ 40.000 A soma das Despesas Operacionais é de R$ 440.000. %DO = . 440.000 x 100 => %DO = 23,87% 1.843.000 As Despesas Operacionais consomem R$ 0,2387 de cada R$ 1,00 de venda. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Utilizaremos as demonstrações financeiras da empresa Expert Ltda. BALANÇO PATRIMONIAL (R$) ATIVO X1 PASSIVO X1 Caixa Bancos Clientes Desconto de Títulos Estoques Total Circulante Consórcios Total RLP Imobilizado Investimento Diferido Total Permanente 8.000 10.200 12.400 0 21.760 52.360 12.000 12.000 22.300 2.450 1.250 26.000 Fornecedores Salários e CS Impostos (ICMS,Pis, Cofins) Total Circulante Financiamentos Debêntures Total ELP Capital Social Reservas de Lucros Lucros (prej.) Acumulados Total Patrimônio Líquido 41.500 2.300 5.200 49.000 7.500 8.300 15.800 14.000 4.800 6.760 25.560 TOTAL ATIVO 90.360 TOTAL PASSIVO 90.360 65 66 DRE (R$) X1 Vendas (receita bruta) (-) Deduções de vendas Devoluções Descontos Impostos (=) Receita Líquida (-) CPV (Custo Produto Vendido) (=) Lucro Bruto (-/+) Receitas/Despesas Operacionais Despesas Comerciais (Vendas) Despesas Administrativas Receitas/Despesas Financeiras (=) Lucro Operacional (-/+) Receitas/Despesas não operacionais (=) Lucro antes do Imposto de Renda (LAIR) (-) Provisão Para IR (=) LUCRO LÍQUIDO (OU PREJUÍZO) DO EXERCÍCIO 50.000 (17.000) (8.500) (5.200) 19.300 (13.000) 6.300 (500) (1.500) (800) 3.500 (2.000) 1.500 (315) 1.185 Calcule a Margem Bruta, Líquida e Operacional, além do Percentual de Despesas Operacionais, e comente: _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 66 67 Retorno sobre Ativo. ( Return on Assets - ROA ) O retorno sobre o ativo é considerado como um dos quocientes individuais mais importantes da análise de balanços, pois mostra o desempenho da empresa de uma forma global. Essa medida deveria ser usada amplamente pelas empresas como teste geral de desempenho, comparando os resultados encontrados e o retorno esperado. A medida de retorno sobre o ativo representa o potencial de geração de lucros da empresa, isto é, o quanto a empresa obteve de lucro líquido em relação aos investimentos totais. O ROA é calculado de acordo com a seguinte expressão: ROA = Lucro Líquido . x 100 Ativo Total Ainda utilizando os dados da Empresa Wellington LTDA., temos: ROA = 176.000 x 100 => ROA = 18,45% 954.000 Um exemplo de processo de avaliação dos resultados do Retorno Sobre o Ativo (ROA) é apresentado no quadro a seguir: Até 8% De 8% a 14% De 14% a 20% Acima de 20% Rentabilidade baixa Rentabilidade normal Rentabilidade boa Rentabilidade excelente Com base no exemplo de processo de avaliação, podemos afirmar que a Empresa Wellington LTDA. possui uma boa rentabilidade, ou retorno sobre o seu Ativo. Retorno sobre Investimento. ( Return On Investment - ROI ) O ROI é uma das medidas de rentabilidade mais utilizadas pelos gestores das empresas, sendo uma medida bastante eficiente, pois seu cálculo relaciona os rendimentos obtidos por um investimento com o valor total dele, possibilitando a comparação entre investimentos, contribuindo muito para o processo de gestão dos administradores. É uma simples e eficiente medida de rentabilidade, relacionando os lucros obtidos com o valor dos investimentos realizados, dando ênfase que essa medida segue o mesmo padrão dos quocientes da Análise de Balanços, é tanto que é sua taxa é considerada como quociente ou índice de rentabilidade. Como dito antes, o cálculo do ROI é considerado de fácil entendimento, sua base consiste nas informações gerenciais extraídas dos demonstrativos contábeis. A taxa de retorno sobre o Investimento é calculada da seguinte forma: ROI = x 100 Lucro Líquido Ativo Operacional* * Ativo Operacional = AC + AP Imobilizado + AP Diferido 67 68 ROI = . 176.000 731.000 x 100 => ROI = 24,07% O Retorno sobre o Investimento da Empresa Wellington LTDA. foi de 24,07%. Um exemplo de processo de avaliação dos resultados do Retorno Sobre o Investimento (ROI) é apresentado no quadro a seguir: Até 10% De 10% a 15% De 15% a 20% Acima de 20% Rentabilidade baixa Rentabilidade normal Rentabilidade boa Rentabilidade excelente Retorno sobre Patrimônio Líquido. ( Return On Equity - ROE ) O ROE é considerado o principal quociente de rentabilidade utilizado pelos analistas, pois representa a medida geral de desempenho da empresa. Também é uma medida de muita importância para os analistas financeiros, pois demonstra a rentabilidade em torno dos recursos dos acionistas em relação aos recursos totais da empresa. O ROE é calculado de acordo com a seguinte expressão: ROE = Lucro Líquido x 100 Patrimônio Líquido ROE = 176.000 x 100 => ROE = 48,89% 360.000 O processo de avaliação dos resultados do Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) é apresentado no quadro a seguir: Até 2% De 2% a 10% De 10% a 16% Acima de 16% Rentabilidade baixa Rentabilidade normal Rentabilidade boa Rentabilidade excelente Com base no exemplo de processo de avaliação, podemos afirmar que a Empresa Wellington LTDA. possui uma excelente rentabilidade, ou retorno sobre seu Patrimônio Líquido. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Utilizando as demonstrações financeiras da empresa Expert Ltda., calcular ROA, ROI e ROE, e comente a rentabilidade. EXERCÍCIO COMPLEMENTAR Atividade “Gerdau”. 68 69 Módulo D Gestão de Custos Objetivo do Módulo: Ao final deste módulo o aluno deve ser capaz de: - Conhecer a correta classificação dos gastos das empresas; - Entender o processo de custeio dos produtos e serviços; - Aplicar o conhecimento adquirido na atividade de precificação das empresas. PREPARAÇÃO PRÉVIA 1 Leitura prévia do capítulos 12 e 13 do livro do Marion (Bibliografia básica) ou do Cap. 7 (Ching) ou de qualquer outro livro sobre o assunto “Custeio por absorção”. Responda as questões abaixo e entregue ao professor: 1 – Qual a diferença entre custos e despesas? Exemplifique. 2 – O que são custos diretos e indiretos? Exemplifique. 3 – O que são custos fixos e variáveis? Exemplifique. 4 – Que tipo de custos precisam ser rateados? Exemplifique. 5 – Do que se trata o custeio por absorção? Quais empresas precisam seguir essa metodologia? 6 – Quais as áreas responsáveis pelo custeio dos produtos das empresas? A - Porque estudar Custos??? Existem várias atividades Gerenciais de Marketing onde é fundamental a noção e o entendimento da dinâmica de custos e despesas: Administração do Produto (Product)  Desenvolver e testar novos produtos;  Modificar produtos atuais;  Planejar embalagens, incluindo planejamento de materiais, tamanhos, formas, cores e desenhos.  Eliminar produtos que não satisfaçam consumidores; Administração da Distribuição (Place)       Estabelecer centros de distribuição; Formular e implantar procedimentos para manuseio interno de produtos; Controlar estoques; Analisar métodos de transportes; Minimizar custos de distribuição; Analisar possíveis localizações para fábrica; loja ou outros estabelecimentos. 69 70 Administração da Promoção (Promotion)  Implantar objetivos de promoção;  Determinar os mais importantes tipos de promoção;  Selecionar e programar mídias;  Desenvolver mensagens publicitárias;medir a eficiência do comercial;  Recrutar e treinar pessoal de vendas;  Planejar e implantar programas de promoção de vendas, como amostras grátis, cupons, displays, concursos, etc;  Preparar e disseminar releases de publicidade. Administração do Preço (Price)      Formular política de preço; Determinar métodos de precificação; Determinar descontos para vários compradores; Estabelecer condições e prazos de vendas; Analisar preços dos concorrentes. Hoje em dia, seja qual for a estratégia de posicionamento de preço adotada, todas as empresas, sem exceção, buscam a redução de custos e despesas. Essa se dará, em maior ou menor grau, de acordo com o impacto dessa redução na qualidade do produto considerado. A.1. Gastos O gasto pode ser definido como o dispêndio financeiro que a entidade arca para a obtenção de um produto ou serviço qualquer. Dispêndio esse, representado por entrega ou promessa de entrega de ativos; ou seja, só existe o gasto no ato do reconhecimento contábil da divida adquirida ou na diminuição dos ativos dados em troca. A.2. Custos O custo, em sua essência, é um gasto quando de sua utilização nos fatores de produção de bens e serviços. O consumo de energia elétrica, por exemplo, é um gasto na hora de seu consumo. Quando destinado (rateado) à produção de um bem ou serviço final, tornando-se custo segundo o “Princípio da Causação”, onde o custo é atribuído ao seu portador final (bem ou serviço). A.3. Despesas Despesas de uma empresa são os gastos, desembolsados ou devidos pela mesma, necessários ao desenvolvimento de suas operações. Um dos maiores problemas dos estudantes, em geral, é a distinção entre custo e despesa. Do ponto de vista didático, todos os gastos realizados na fabricação do produto, isto é, "dentro da fábrica" são custos. O resto é despesa. Assim, os gastos com pessoal da administração, gastos relativos à venda, depreciação de bens da área comercial ou administrativa são despesas. Os gastos com mão de obra da 70 71 fábrica, depreciação de equipamentos da fábrica, manutenção (da fábrica), seguro da fábrica etc..., são custos. A.4. Desembolso É o pagamento do bem ou serviço adquirido. Pode ocorrer antes, durante ou depois da aquisição.Assim, se comprarmos um bem à vista, o desembolso se dá durante a aquisição deste bem. Se comprarmos um bem a prazo, o desembolso se dará depois da aquisição. Se adiantarmos o dinheiro para posterior recebimento do bem, o desembolso ocorre antes do recebimento deste bem. A.5. Investimento São "gastos ativados (classificados no ativo) em função da utilidade futura de bens ou serviços obtidos". Assim, qualquer gasto realizado cujo bem é ativado será um investimento. Exemplo: - Móveis e Utensílios, Veículos, Imóveis, etc.. A.6. Perdas É o consumo involuntário ou anormal de um bem ou serviço. As perdas decorrentes de fatores externos transformar-se-ão em despesas, e as de fatores decorrentes da atividade produtiva; em custos. Exemplos: Incêndio, greves, perda de matéria prima , etc... Observação: As despesas, assim como os custos, foram ou são gastos. Porém há gastos que, muitas vezes, não se transformaram em despesas, por exemplo, elemento do Ativo Permanente Imobilizado, como terrenos, que não são depreciados, mas na sua manutenção será uma despesas no ato da venda. Isto facilita verificar a definição de despesas como aqueles itens que diminuem o Patrimônio Líquido e que consequentemente têm essa característica de ser um dispêndio no processo de aquisição das receitas. Mas e o “Custo das Mercadorias Vendidas” representa um dispêndio na apuração da receita? De fato sim, no entanto, de acordo com o autor Eliseu Martins, a terminologia é errada e deveria ser chamado de “Despesas das Mercadorias Vendidas”, por se tratar de um elemento redutor na apuração de resultado. O gasto pode se transformar em uma despesa, sem ter sido anteriormente custo, o exemplo são as depreciações das máquinas, onde a sua aquisição inicialmente é classsificada como um gasto para empresa, ao passsar do tempo com o desgaste (depreciação), tornam-se despesas. Em suma, todos os custos que foram ou são gastos se transformaram ou transformarão em despesas, quando da entrega ou consumo de bens ou serviços para obtenção de receita. Vários gastos são transformados diretamente em despesas, sem terem sido custo, outros não, passam a ser custo e depois se tornam despesas. Ou seja, há uma evolução entre gasto, custo e despesa, sem que necessariamente sigam todas as etapas. Podendo o gasto tornar-se investimento, custo e finalmente despesa, ou simplesmente de gasto passar a despesas. 71 72 B - CLASSIFICAÇÃO DE CUSTOS B.1. Custos Diretos É aquele que pode ser identificado e diretamente apropriado a cada tipo de obra a ser custeado, no momento de sua ocorrência, isto é, está ligado diretamente a cada tipo de bem ou função de custo. É aquele que pode ser atribuído (ou identificado) direto a um produto, linha de produto, centro de custo ou departamento. Não necessita de rateios para ser atribuído ao objeto custeado. Ou ainda, são aqueles diretamente incluídos no cálculo dos produtos. Exemplos de custos diretos: -Matérias-primas usadas na fabricação do produto; -Mão-de-obra direta; -Serviços subcontratados e aplicados diretamente nos produtos ou serviços. Os custos diretos têm a propriedade de ser perfeitamente mensuráveis de maneira objetiva. Os custos são qualificados aos portadores finais (produtos), individualmente considerados. B.2. Custos Indiretos Indireto é o custo que não se pode apropriar diretamente a cada tipo de bem ou função de custo no momento de sua ocorrência. Os custos indiretos são apropriados aos portadores finais mediante o emprego de critérios pré-determinados e vinculados a causas correlatas, como mão-de-obra indireta, rateada por horas/homem da mão de obra direta, gastos com energia, com base em horas/máquinas utilizadas, etc. Atribui-se parcelas de custos a cada tipo de bem ou função por meio de critérios de rateio. É um custo comum a muitos tipos diferentes de bens, sem que se possa separar a parcela referente a cada um, no momento de sua ocorrência. Ou ainda, pode ser entendido, como aquele custo que não pode ser atribuído (ou identificado) diretamente a um produto, linha de produto, centro de custo ou departamento. Necessita de taxas/critérios de rateio ou parâmetros para atribuição ao objeto custeado. São aqueles que apenas mediante aproximação podem ser atribuídos aos produtos por algum critério de rateio. Exemplos: 1. Mão-de-obra indireta: é representada pelo trabalho nos departamentos auxiliares nas indústrias ou prestadores de serviços e que não são mensuráveis em nenhum produto ou serviço executado, como a mão de obra de supervisores, controle de qualidade, etc. 2. Materiais indiretos: são materiais empregados nas atividades auxiliares de produção, ou cujo relacionamento com o produto é irrelevante. São eles: graxas e lubrificantes, lixas etc. 3. Outros custos indiretos: são os custos que dizem respeito à existência do setor fabril ou de prestação de serviços, como depreciação, seguros, manutenção de equipamentos, etc. 72 73 B.3. Custos Fixos São aqueles que não variam, independentemente do nível de atividade da empresa, ou seja, produzindo-se ou vendendo-se em qualquer quantidade, os custos fixos existirão e serão os mesmos. Exemplos: salários e encargos da administração, Pró labore, alugueis, tarifas de água / telefones / energia elétrica, prestadores de serviços (contador / advogados / assessorias) manutenção, propaganda, seguros etc... B.4. Custos Variáveis São aqueles que variam proporcionalmente às vendas realizadas ou nível de produção industrial. Exemplos: matéria prima, insumos diretos, embalagens, comissão de vendas, impostos diretos de venda (ICMS / SIMPLES / ISS / PIS / CONFINS / IPI / IRPI / CONTRIBUIÇÃO SOCIAL) fretes de vendas, mão de obra industrial. comissão de administradora de cartão de crédito, mão de obra terceirizada. B.5. Custos Semifixos ou Semivariáveis Custos semifixos ou semivariáveis são aqueles que têm um comportamento misto: quase não variam a curto prazo, mas a médio e longo prazo são afetados pelo volume de produção. Por exemplo, se uma empresa aumentar muito o seu volume de vendas, precisará admitir mais pessoas para trabalhar no setor de faturamento. Em geral, os custos semifixos ou semivariáveis podem ser decompostos em duas parcelas: um componente fixo e outro variável. A reunião dos dois componentes resulta num comportamento misto. Um exemplo disso é o gasto com energia elétrica: possui uma parcela fixa, que independe do consumo efetivo, e outra variável, que é proporcional ao uso da força. Esse fato também ocorre com custos de pessoal até certo ponto, pois não se pode, muitas vezes, contratar "meio funcionário". Nessas situações, é importante, para efeito de análise, a separação da parcela fixa, independente do nível de produção, e da variável, dependente do nível de produção. A soma dos custos fixos e variáveis da empresa é naturalmente o custo total, que pode ser representado como mostra a figura a seguir, representando os custos da Cia Beta. Verifica-se então que, num grau de atividade zero, a empresa possui apenas custos fixos; à medida que sua produção vai crescendo, os custos totais vão se incrementando pelo valor dos custos variáveis. 73 74 Cia. Beta - CF, CV e CT 350,00 CT 300,00 Valor (R$) 250,00 CV 200,00 150,00 CF 100,00 50,00 0,00 1 11 21 Quantidade (un) B.6. Custos Variáveis Unitários, Fixos Unitários e Custo Médio Assume-se normalmente que os custos variáveis (CV) sejam diretamente proporcionais à quantidade produzida. Isso faz com que o custo variável unitário (CVu), ou seja, o custo variável dividido pela quantidade produzida seja constante (fixo). Veja seu cálculo: CVu = CV / Q Onde: CVu = Custo Variável Unitário CV = Custo Variável Q = Quantidade Produzida Vejamos: se os custos variáveis (CV) são diretamente proporcionais à quantidade produzida, então para 1 unidade de um produto X, os custos variáveis são R$ 50,00, e para 2 unidades, são R$ 100,00, para 3 unidades são R$ 150,00 e assim por diante. Temos então os seguintes dados: Q 1 2 3 10 100 CV R$ 50,00 R$ 100,00 R$ 150,00 R$ 500,00 R$ 5.000,00 CVu = CV / Q CVu = 50,00 / 1 CVu = 100,00 / 2 CVu = 150,00 / 3 CVu = 500,00 / 10 CVu = 5.000,00 / 100 CVu R$ 50,00 R$ 50,00 R$ 50,00 R$ 50,00 R$ 50,00 Como podemos ver, quando dividimos o custo variável (CV) referente ao número de unidades produzidas, também chamado de Custo Variável Total (CVt) pelo número de unidades produzidas (Q), encontramos o Custo Variável Unitário (CVu), e vemos que o mesmo é constante, ou seja, fixo (sempre o mesmo valor de R$ 50,00). 74 75 Por outro lado, o custo fixo (CF), é constante qualquer que seja o volume de produção. Entretanto, o custo fixo unitário (CFu), ou seja, o custo fixo dividido pela quantidade produzida, é sempre decrescente. Veja seu cálculo: CFu = CF / Q Onde: CFu = Custo Fixo Unitário CF = Custo Fixo Q = Quantidade Produzida Vejamos: se os custos fixos (CF) são sempre fixos, independente da quantidade produzida, então para qualquer número de unidades produzidas do mesmo produto X, cujos custos fixos são da ordem de R$ 500,00, temos então os seguintes dados: Q 1 2 3 10 100 CF R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 CFu = CF / Q CFu = 500,00 / 1 CFu = 500,00 / 2 CFu = 500,00 / 3 CFu = 500,00 / 10 CFu = 500,00 / 100 CFu R$ 500,00 R$ 250,00 R$ 166,67 R$ 50,00 R$ 5,00 Como podemos ver, quando dividimos o custo fixo (CF) também chamado de Custo Fixo Total (CFt) pelo número de unidades produzidas (Q), encontramos o Custo Fixo Unitário (CFu), que decresce conforme aumenta o número de unidades produzidas, ou seja, quanto maior o número de unidades produzidas (Q), mais podemos diluir o custo fixo por unidade, pois se aproveita melhor a produtividade para “otimizar e minimizar” a influência dos custos no produto final. E qual seria o Custo Médio desse produto X, sabendo seus Custos Fixos, seus Custos Variáveis e sabendo que foram produzidas 350 unidades do mesmo? Sabemos que o Custo Médio é a soma dos CFu e dos CVu. Então CMe = CFu + CVu Para 350 unidades: CFu = CF/Q => CFu = 500/350 => CFu = R$ 1,42 Não importa Q, o CVu é sempre constante, ou seja, R$ 50,00 CMe = CFu + CVu CMe = 1,42 + 50,00 CMe = R$ 51,42 Então, para 350 unidades produzidas, o custo médio é de R$ 51,42. 75 76 C - Despesas Despesas variáveis São aquelas que variam proporcionalmente ao volume produzido ou ao volume vendido, ou seja, só haverá despesa se houver venda ou unidades produzidas. Exemplo: comissões sobre vendas, impostos. Despesas fixas São aquelas cujo total não varia proporcionalmente ao volume produzido (na indústria), ou ao volume de vendas (comércio e serviço), ou seja, existem despesas a serem pagas independente da quantidade produzida ou do valor de vendas. Exemplo: aluguel, honorários de contador, seguro da empresa, salário dos funcionários, entre outros. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1. Custos e despesas são gastos? Justifique. 2. Quando um investimento passa a ser reconhecido como custo? 3. Quando existe a necessidade da aplicação de rateios, para apropriação do valor dos custos, aos produtos fabricados? Cite exemplos e qual a forma mais convencional. 4. Quais as modalidades de custos utilizados quando se procura a melhoria dos processos e eliminação dos desperdícios? 5. No elenco de contas abaixo, classifique quanto a: investimento ( I ), custo direto (CD), custo Indireto (CI), custo variável (CV), custo fixo (CF), custo semi-variável (CSV), despesa fixa (DF), despesa variável (DV) e perda ( P ): ( ) Depreciação do prédio e instalações da fábrica ( ) Energia elétrica utilizada na fábrica (máquinas e iluminação) ( ) Honorário da diretoria industrial ( ) Manutenção das máquinas e equipamentos da fábrica ( ) Materiais auxiliares diretos ( ) Matéria-prima consumida na fábrica ( ) Salários e encargos dos fiscais e gerentes de produção 76 77 ( ) Salários e encargos dos operários da fábrica ( ) Seguro do prédio industrial ( ) Seguros das máquinas industriais ( ) Treinamento dos gerentes e supervisores da fábrica ( ) Treinamento dos operários da fábrica ( ) Compra de matéria-prima, em uma metalúrgica ( ) Consumo de energia elétrica, numa marcenaria ( ) Mão-de-obra ( ) Consumo de combustível em veículos de vendas ( ) Conta mensal de telefone ( ) Aquisição de equipamentos ( ) Depreciação do equipamento central, em uma empresa de telefonia ( ) Desconto do cartão de crédito ( ) Tempo ocioso (remunerado) ( ) Consumo de materiais diversos na Administração ( ) Pessoal da Contabilidade (salário) ( ) Pró-labore (retirada dos sócios) ( ) Honorário da Administração ( ) Honorário do Diretor Técnico, em uma empresa de telecomunicação ( ) Depreciação do prédio da Sede da Empresa ( ) Deterioração do estoque de materiais por enchente ( ) Tempo do pessoal em greve prolongada (remunerado) ( ) Comissões sobre as vendas ( ) Encargos sociais sobre salários e pró-labore ( ) Sucata no processo produtivo (desperdício no processo industrial) ( ) Lote de material danificado acidentalmente em uma operação industrial ( ) Gastos com desenvolvimento de novos produtos (P&D) ( ) Gastos com treinamento e desenvolvimento de funcionários ( ) Orelhões depredados, em uma empresa de telefonia ( ) Utilização de impressos para recolher deposito em um banco ( ) Salários administrativos ( ) Remuneração de gerentes ( ) Gastos com seguro contra incêndio 77 78 ( ) Impostos sobre as vendas ( ) Consumo de embalagens em uma indústria de manufatura ( ) Gastos com carro-forte para transporte de valores num banco comercial ( ) Compra de garrafas de vidro em uma indústria de cerveja ( ) Desfalque de valores por assalto ( ) Os recursos relativos ao processo produtivo são denominados de? 6. Qual o comportamento do custo fixo na sua forma unitária? Justifique: a) Decrescente b) Constante c) Crescente d) Nulo e) Variável 7. Qual o comportamento do custo variável na sua forma unitária? Justifique: a) Decrescente b) Constante c) Crescente d) Nulo e) Variável 8. A empresa XXX produz um só produto e possui a seguinte estrutura de preço e custo: Preço de venda por unidade: Custos variáveis por unidade: Custos fixos - totais: R$ 200,00 R$ 140,00 R$ 120.000,00 a) Qual deverá ser o volume de vendas, em unidades, que irá produzir um CT de R$141.000,00? b) Qual o CT para 50 unidades produzidas? c) Qual o CFu para 250 unidades? d) Qual o CV total para 25 unidades? e) Qual a quantidade necessária para se obter um CV total de R$ 9.240,00? EXERCÍCIO COMPLEMENTAR Atividade “Quikeda e Fox”. Atividade “Indústria de Rações GoodForDog”. 78 79 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Você acaba de abrir uma agência de publicidade e seu primeiro cliente deseja fazer com você um material de comunicação, um panfleto. Ele deseja fazer o orçamento em três diferentes tamanhos e, para realizar o levantamento dos custos e elaborar o orçamento, eis as informações disponíveis: Pedido orçamento: Tamanho 12 x 10 – papel comum – 3 cores ......................... 69.990 unidades Tamanho 20 x 12 – papel couché fosco – 3 cores ................ 45.250 unidades Tamanho 25 x 15 – papel couché fosco – 3 cores ................ 35.750 unidades Você sabe que os custos fixos de sua empresa são R$ 2.350,00. Você também tem as seguintes informações: Tinta de impressão ................................................ R$ 1,80 a cada 10 unidades impressas Papel comum no tamanho 12 x 10 ........................ R$ 0,50 a cada 10 unidades Papel couché fosco no tamanho 20 x 12 .............. R$ 0,90 a cada 10 unidades Papel couché fosco no tamanho 25 x 15 .............. R$ 1,10 a cada 10 unidades Com esses dados em mãos, preencha a planilha e responda as perguntas: Produto Quantid. Custo Fixo (CF) R$ Custo Variável (CV) R$ Custo Total (CT) R$ Panfleto 12 x 10 Panfleto 20 x 12 Panfleto 25 x 15 79 Custo Fixo Unt. (CFun) R$ Custo Var. Unt. (CVun) R$ Custo Médio (CMe) R$ 80 a) Como saber qual a melhor opção na relação custo/quantidade? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ b) Como determinar qual opção é mais viável? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 2. Se o Custo Fixo, como o nome já diz, é FIXO, porque o Custo Fixo Unitário (CFu) é VARIÁVEL? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 3. Se o Custo Variável, como o nome já diz, é VARIÁVEL, porque o Custo Variável Unitário (CVu) é FIXO? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ Para os exercícios 4 e 5, marque a opção correta: 4. Devem ser classificados como custo de produção os itens: a) Matéria-prima, mão-de-obra, honorários da diretoria. b) Honorários da diretoria, fretes e seguros da fábrica. c) Seguros da área de produção e material direto. d) Matéria-prima, telefone, salário da administração. e) Salário da administração, material direto, perdas. 5. Devem ser contabilizados como despesas os itens: a) Matéria-prima, mão-de-obra, salários da administração. b) Honorários da diretoria, material direto, telefone. c) Seguros da área de produção e material direto. d) Matéria-prima, seguros da fábrica e fretes. e) Honorários da diretoria e fretes nas vendas. 80 81 Custos na indústria, comércio e serviços - Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) - Operação Mercantil - Custo dos Produtos Vendidos (CPV) - Operação Industrial - Custo dos Serviços Prestados (CSP) - Operações de Prestação de Serviços Desta forma, para cada segmento de empresa temos: - Comércio: o valor de aquisição das mercadorias, observando, quando necessário, o acréscimo do valor de frete e do IPI e outros valores pagos na aquisição das mercadorias. Também quando for o caso, descontado o valor de Crédito do ICMS. - Indústria: o valor gasto na elaboração dos produtos, como matéria-prima, insumos, embalagens e etiquetas. Note que para facilitar, não são considerados os valores de salários fixos, nem mesmo do pessoal da produção, porque são valores pagos mensalmente. Desta maneira, estes salários não devem integrar o valor total dos custos variáveis para o cálculo da Margem de Contribuição. - Serviços: os valores gastos especificamente para realizar os serviços referem-se aos materiais/peças aplicados na execução do serviço. Por exemplo: em uma assistência técnica em eletrodomésticos, na realização de um serviço, as peças de reposição são consideradas como Custo Variável, pois só serão utilizadas se a venda de serviços acontecer, caso contrário, não. Já os salários dos funcionários são pagos integralmente independente de terem sido vendidos serviços ou não, e devem ser considerados como despesas fixas, não integrando os valores de custos variáveis, para o cálculo da Margem de Contribuição. CASE Leia o Case abaixo, para se familiarizar com os termos. CUSTO: UMA ABORDAGEM SIMPLIFICADA O estudo da contabilidade, seja qual for a sua ramificação (comercial, bancária, pública, de custos, entre outros), fica mais fácil quando é obedecida a seqüência gradativa e lógica que a disciplina exige. Vejamos um exemplo bem simplificado de custos, utilizando uma receita caseira de doce de abóbora. Ingredientes: 8 kg de abóboras .................... $ 32,00 1,5 kg de açúcar ....................... $ 3,00 150 grs de côco ralado ............. $ 2,00 6 grs de cravo da índia ............. $ 1,00 3 xícaras de água ..................... $ 0,00 Total ....................................... $ 38,00 81 82 Tempo de preparo no fogão: 2 horas e meia Tempo de trabalho: 4 horas Rendimento: 5 kg aproximadamente Pergunta-se: Qual é o custo desse doce? Quando você vai a uma confeitaria e compra um doce, o custo desse doce, para você, é o preço pago por ele. Entretanto, no nosso exemplo de fabricação do doce, o seu custo corresponde apenas aos gastos com a compra dos ingredientes? É evidente que não, pois para fazer o doce de abóbora, além dos ingredientes, foram utilizados: cozinha, mesa, faca, panela, fogão, colher, água, gás e energia elétrica. Dessa forma, tanto os ingredientes utilizados como os demais elementos que concorreram para que o doce de abóbora fosse feito tem CUSTO e precisam ser considerados. Pelo que foi exposto até aqui, você pode concluir que o Custo de Fabricação ou Custo de Produção apresentam duas partes: PARTE DIRETA: Composta pelos gastos de aquisição dos ingredientes utilizados integralmente na fabricação (tecnicamente conhecidos por Materiais Diretos = MD ou Matérias-Prima = MP) mais o custo das horas de trabalho (tecnicamente conhecidos por Mão-de-obra Direta = MOD). A soma desses gastos também é denominada CUSTO DIRETO, pois suas quantidades e seus valores são facilmente identificados em relação ao produto. Portanto, no exemplo do doce de abóbora, pode-se concluir que os MD ou MP = $ 38,00 (soma dos ingrediente: abóbora = $ 32,00; açúcar = $ 3,00; côco ralado = $ 2,00 e cravo da índia = $ 1,00) e a MOD = $ 4,00 (a confeiteira ganha $ 1,00 por hora de trabalho, e trabalhou 4 horas para fazer o doce). PARTE INDIRETA: Composta pelos gastos com outros elementos que concorreram indiretamente na fabricação do doce, como: aluguel, IPTU, depreciação, gás e energia elétrica (tecnicamente conhecidos por Custos Indiretos de Fabricação = CIF). O Custo Direto de produção é fácil de ser conhecido, pois geralmente corresponde aos valores integralmente gastos na compra dos materiais utilizados, mais a Mão-de-obra das pessoas que trabalharam diretamente na produção/fabricação. Por outro lado, para se conhecer o valor dos Custos Indiretos de Fabricação de cada produto, deve-se estabelecer regras e efetuar cálculos para que os referidos custos sejam adequadamente atribuídos a cada produto. Os Custos Indiretos de Fabricação são assim denominados porque não correspondem a gastos realizados especificamente para esse ou aquele produto. Na empresa industrial, eles beneficiam toda a produção do período. O gasto com aluguel, por exemplo, é indispensável para que a empresa possa existir, porém não está ligado a um ou outro produto; assim, o seu custo deve ser atribuído através de algum critério para todos os produtos que foram fabricados pela indústria naquele período. No nosso exemplo, embora não seja uma empresa, para conhecer o Custo de Produção real do doce, precisa incluir uma parcela do aluguel. Tecnicamente, a distribuição proporcional que se faz para atribuir a este ou aquele produto o valor dos Custos Indiretos de Fabricação, denomina-se RATEIO. Para se efetuar o rateio (distribuição), há necessidade de se adotar algum critério, seja ele estimado ou atribuído. Esse critério é denominado BASE DE RATEIO. Veja a seguir, com base no exemplo em questão, alguns critérios que podem ser usados como base para ratear o valor dos Custos Indiretos: 82 83 Aluguel/IPTU: critério (base) para rateio = horas de trabalho. Considerando que se paga $ 240,00 por mês de aluguel (IPTU incluído), o valor a ser considerado como Custo Indireto de Fabricação (CIF) é obtido do cálculo: $ 240,00 / 30 dias = $ 8,00 por dia => $ 8,00 eqüivale a 8 horas, assim para 4 horas = $ 4,00 Utensílios: critério (base) para rateio = horas de trabalho. Os utensílios utilizados para fazer o doce – mesa, panela, fogão, faca, entre outros – não se consomem durante um processo de fabricação. Eles tem tempo de vida útil maior, podendo ser utilizados na fabricação de muitos quilos de doce, durante alguns anos. O critério para incluir no Custo de Produção (CP) o valor do gasto na aquisição desses bens é a DEPRECIAÇÃO. Através da depreciação, considera-se como Custo do período uma parcela do valor gasto na aquisição dos bens duráveis, em razão do tempo de vida útil estimado para o referido bem. Suponha-se que o fogão, a mesa e os demais utensílios utilizados correspondam à depreciação de $ 720,00 por ano, eqüivalendo à depreciação mensal de $ 60,00. Sabendo-se que foram gastos 4 horas para se fazer o doce, o valor da depreciação proporcional ao número de horas gastas será de $ 1,00 (equivalente a meio dia de trabalho), representado pelo seguinte cálculo: $ 60,00 / 30 dias = $ 2,00 por dia $ 2,00 Gás: critério eqüivale a 8 horas, portanto para 4 horas eqüivale a $ 1,00 (base) para rateio = horas de trabalho. Suponha-se que, por um botijão de gás de 13 quilos, tenha sido pago $ 26,00 e que, para consumir todo o gás contido no botijão, sejam necessárias 26 horas de trabalho. Logo, para cada hora de trabalho de gás consumido gasta-se $ 1,00. Se, para fazer o doce de abóbora o fogão ficou ligado durante 2 horas e meia, o custo do gás consumido é dado por: Energia Elétrica: critério (base) para rateio = 2,5 horas x $ 1,00 = $ 2,50 horas de trabalho. Considerando que, durante o mês, foram gastos $ 60,00 com energia elétrica e sabendo que a casa tem 5 cômodos, os quais consomem energia elétrica em quantidades proporcionais, podemos estabelecer que a energia elétrica gasta por dia na cozinha corresponde a: $ 60,00 / 5 cômodos = $ 12,00 mensais por Cômodo. Logo, $ 12,00 / 30 dias = $ 0,40 por dia. Assim, se $ 0,40 corresponde a 8 horas, para 4 horas corresponde $ 0,20. Agora pode-se concluir que, para fazer o doce de abóbora, concorreram os seguintes itens: a) Material Direto $ 38,00; b) Mão-de-obra Direta $ 4,00; c) Custos Indiretos de Fabricação: Aluguel/IPTU $ 4,00. Depreciação $ 1,00 . Gás $ 2,50 . Energia Elétrica $ 0,20 $ 7,70 Total = Custo de Produção (CP) $ 49,70 Após todos os cálculos acima, pode-se dizer que os 5 Kg de doce de abóbora custaram $ 49,70, assim, conclui-se que o custo de produção (CP) é composto por três elementos: Material Direto (MD) + Mão-de-obra Direta (MOD) + Custo Indireto de Fabricação (CIF) EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO Faça um breve resumo sobre seu entendimento do que foi abordado no texto. 83 84 Análise Custo x Volume x Lucro A análise do C/V/L é usada para determinar as interrelações entre diferentes níveis de atividades (vendas), custos, preços de venda e composição de vendas e dos rendimentos. A análise preocupa-se com o efeito sobre rendimentos de uma alteração no volume de vendas, preço de venda, composição de vendas e custos. A análise exige também que os custos fixos e variáveis sejam separados e calculados de modo que todos os custos possam ser divididos simplesmente em fixos e variáveis. Objetivo: Existe uma diferença qualitativa importante entre o longo e o curto prazo, definido da seguinte forma: longo prazo é o planejamento para mudanças e curto prazo é a adaptação às mudanças. No curto prazo a capacidade de saídas de produção da empresa é fixa, assim a sua liberdade de ação é limitada. A análise Custo/Volume/Lucro é uma ferramenta importante no planejamento de curto prazo, porque explora o relacionamento existente entre as suas quatro principais variáveis: custo, receita, volume de saídas e lucro. Ao planejarem suas estratégias de curto prazo, os gestores de uma organização precisam saber qual será o efeito das mudanças em uma ou mais dessas variáveis, e o efeito dessas mudanças no lucro. O relacionamento entre o custo e o volume das saídas auxilia o estabelecimento nas estratégias de preço e também do melhor mix de vendas. A análise Custo/Volume/Lucro da ênfase ao comportamento dos padrões de custo em relação às diferentes saídas de produção, como um guia para selecionar os níveis de lucro e a adoção de uma política apropriada de preço. Então em um modelo de curto prazo, esta análise oferece aos administradores uma visão geral do processo de planejamento. A reação do custo às influências das diversas variáveis, é imprescindível para a tomada de decisão. Fatores que Envolvem a Análise do Custo/Volume/Lucro - Preços de Venda (PV) Volume de Vendas Custos Variáveis (CV) Custos Fixos (CF) 84 85 Ex.: O contador da Cia. Beta, fez o seguinte quadro para apresentar os custos de produção de 0 a 100 unidades, em R$: Qtde. C. FIXO C. VARIÁVEL CUSTO TOTAL (CF) R$ 0 100,00 1 100,00 2 100,00 3 100,00 4 100,00 . . . . . . 99 100,00 100 100,00 (CV) R$ 0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 . . . 990,00 1.000,00 (CT) R$ 100,00 110,00 120,00 130,00 140,00 . . . 1.090,00 1.100,00 C. FIXO UNIT. (Cfu) R$ 100,00 50,00 33,00 25,00 . . . 1,01 1,00 C. VAR. UNIT. C. MÉDIO (CVu) R$ 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 (CMe) R$ 110,00 60,00 43,33 35,00 . . . 11,01 11,00 Ponto de Equilíbrio Contábil Sob a ótica contábil, o ponto de equilíbrio corresponde a certo nível de atividade onde o lucro será nulo, constituindo o volume de vendas mínimo a que uma empresa precisa chegar para cobrir os custos editoriais. Qualquer venda abaixo desse ponto é considerada perda; e acima, ganho. Para efeito de análise do ponto de equilíbrio, levam-se em conta as quantidades produzidas e vendidas, com seus respectivos preços; e os custos com despesas fixas e variáveis. O ponto de equilíbrio não considera os aspectos relacionados com a formação de estoques, pressupondo que toda produção seja escoada de imediato. Sobrepondo o gráfico da Receita Total sobre o gráfico dos Custos e Despesas Totais no ponto onde a reta das receita total cruzar com a reta dos custos e despesas totais, a empresa não terá lucro nem prejuízo e será seu Ponto de Equilíbrio. Se a empresa vender uma unidade a mais, ela passará a ter lucro, e se vender uma unidade a menos, passará a ter prejuízo. Para determinar o ponto de equilíbrio: Pv x Q = CF + (CVu x Q) Pv x Q – CVu x Q = CF Q (PVu – CVu) = CF Q = CF/(PVu – CVu) e como PVu – CVu = Margem de Contribuição Unitária (MCu): Q = CF/MCu ou seja, O Pto. de Equilíbrio também resulta da divisão do Custo Fixo pela Margem de Contribuição Unitária. 85 86 Graficamente, teremos: RT $ CDT Lucro $ 180.000 CDV Prejuízo $ 90.000 CDF 0 30.000 Qtde. Margem de Contribuição É a diferença entre a Receita Total (Vendas) da empresa menos os seus Custos Variáveis. Podemos entender ainda, que a margem de contribuição é a parcela da receita total que ultrapassa os custos e despesas variáveis e que contribuirá para cobrir as despesas fixas e, ainda, formar o lucro. A Margem de Contribuição é um número mágico. Com ele podemos conhecer quais são os produtos que nos são mais rentáveis, em quais produtos que devemos concentrar nossas estratégias mercadológicas eliminando os que nos dão baixo retorno e, o mais importante, nos permite descobrir qual é o nosso Ponto de Equilíbrio. Ela é resultante da dedução dos custos variáveis das receitas operacionais obtidas pela empresa. Caso a empresa apenas deseje obter a sua Margem de Contribuição que lhe permita apurar qual seria o seu Ponto de Equilíbrio, basta apenas deduzir todos os custos variáveis mensais e as despesas variáveis de sua Receita de Vendas apuradas no período, obtendo-se assim o seu valor monetário ou em percentual. Entretanto, para poder-se obter a Margem de Contribuição, a empresa deverá possuir todos os seus custos devidamente apurados de forma correta e segura, pois deles dependem a confiabilidade do valor encontrado. Para obter-se a Margem de Contribuição Unitária de cada produto vendido pela empresa, esta deverá apurar todos os custos variáveis relativos a cada um, com absoluta confiabilidade para que possa apurar assim sua margem, permitindo sua comparação com os demais produtos, selecionando aqueles que lhe ofereçam maior rentabilidade e excluindo os de menor retorno. 86 87 Margem de Contribuição = Valor das Vendas - (custos variáveis + despesas variáveis) MC = RT – (CV + DV) Onde, MC = margem contribuição; RT = receita total; CV = custos variáveis; DV = despesas variáveis. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Dados: CF= R$ 100,00 CVu = R$ 5,00 Q = 50 unid. PV = R$ 9,00 Calcule, utilizando as fórmulas: RT = PV x Q RT = 9,00 x 50 RT = 450,00 -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------CVtotal = 5,00 x 50 CVtotal = 250,00 CVtotal = CVu x Q -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------CT = CF + CVu x Q CT = 100,00 + 5,00 x 50 CT = 350,00 -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------MCu = 9,00 – 5,00 MCu = 4,00 MCu = PVu – ( CFu + CVu) -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------MCtotal = RT – (CF + CV) MCtotal = 450,00 – 250,00 MCtotal = 200,00 -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------PEq = CF / MCu PEqu = 100,00 / 4,00 PEqu = 25 -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------L = RT – CT L = 450,00 – 350,00 L = 100,00 -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------L = (Q – PEq) x MCu L = (50 – 25) x 4,00 L = 100,00 ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Calcule o Custo x Volume x Lucro, conforme pedido abaixo: Quantidade 10 20 30 40 50 CFu CVu MCu 87 PV CTu 88 Sistemas de Custeio Existem duas filosofias que norteiam os sistemas de custeio, que são: A) Custear a produção por absorção; B) Considerar somente os custos diretos. O custo por absorção parte do princípio de que os custos e as despesas indiretas fixas são adicionadas aos estoques e ao custo dos produtos vendidos. Por sua vez, os princípios que norteiam a metodologia do custo direto não consideram os custos indiretos como custos de produção. Estes custos são lançados nas planilhas de produção como custos inaplicáveis ao processo produtivo. Custeio por Absorção Podemos definir custeio como um método de aprimoramento de custos, e absorção como identificação desses custos, logo custeio por absorção consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens produzidos, ou seja, os produtos fabricados absorvem todos os custos incorridos no processo de fabricação. Este sistema de custeio surgiu por volta de 1920, seguindo o mérito derivado da aplicação dos princípios contábeis geralmente aceitos. Por este método, na apuração dos custos do produto fabricado serão alocados tanto os custos diretamente vinculados aos produtos, como os custos indiretos de fabricação, tanto os custos variáveis (que só existem quando cada unidade é fabricada) quanto os custos fixos (que independem da fabricação das unidades, estando relacionados com a criação das condições de se produzir). O sistema de custeio por absorção serve para avaliar os estoques das empresas e ajudar nas decisões de preço para os produtos e serviços, pode auxiliar empresas que conseguem facilmente alocar seus custos aos produtos, devido a uma pequena parcela para rateio, porém para a tomada de decisão de nível gerencial, necessita de informações complementares. A legislação brasileira obriga que as empresas adotem o método de custeio por absorção para a valorização dos estoques e apuração de resultados do exercício (Lei 6.404/76; Decreto-lei 1598/77). Problemas do custeio por absorção: - Fixação de preços sem um conhecimento real da margem de contribuição mais efetiva do produto vendido. - Fixação de preços de forma menos eficiente em termos de identificação do mix mais adequado de produção e vendas. - Controle de custos fixos a nível de produção específica, através da utilização de critérios de rateios. - Aplicação de conceitos de custo médio ponderado de materiais e produtos. 88 89 Exemplo: O método de Custeio por Absorção Suponha que uma empresa produza e comercialize um único produto, um elixir para a queda de cabelos chamado “Hair Again”, e cujo custo de matéria prima seja de R$ 10,00 por unidade produzida. Suponha ainda que, nesta empresa, a soma dos custos diretos e indiretos de fabricação sejam de R$ 1.000,00 por mês. Se um determinado mês a empresa produzir 500 unidades (potes) deste produto, pelo método de Custeio por Absorção, seu custo unitário será igual a R$ 12,00, conforme demonstrado abaixo: Matéria prima por unidade .................................... R$ 10,00 Unidades produzidas ............................................ 500 und. Rateio dos custos fixos pelas unidades produzidas: R$ 1.000,00 / 500 und. = R$ 2,00 Total ....................................................................... R$ 12,00 Se no mês seguinte a empresa fabricasse 600 unidades do elixir “Hair Again”, seu custo unitário para efeito da apuração do custo dos produtos vendidos seria R$ 11,67, conforme demonstrado abaixo: Matéria prima por unidade .................................... R$ 10,00 Unidades produzidas ............................................ 600 und. Rateio dos custos fixos pelas unidades produzidas: R$ 1.000,00 / 600 und. = R$ 1,67 Total ....................................................................... R$ 11,67 EXERCÍCIO COMPLEMENTAR Atividade: Empresa ABC Alphabetho Corporation 89 90 Custeio Variável (ou Direto) Aqui só são apropriados à produção os custos variáveis. Os custos fixos são contabilizados diretamente à débito (reduzindo) na conta de resultados, juntamente com as despesas. Procede-se dessa forma sob à alegação (fundamentada) de que estes custos ocorrerão independentemente do volume de produção da empresa. Por isso é um método indicado para tomada de decisões !!! Fere os princípios contábeis da Realização, Competência e Confrontação, porque os custos fixos são reconhecidos como despesas mesmo que nem todos os produtos fabricados tenham sido vendidos. E por isso, não é aceito pela Receita ou Auditoria. Os custos diretos são transferidos aos produtos por meio do consumo efetivo e pelo tempo de produção de cada produto, não havendo grandes dificuldades nestes cálculos. A Mão de Obra Direta é alocada com base nas horas trabalhadas para cada produto. Outros custos diretos identificáveis (como, por exemplo, industrialização efetuada por terceiros sobre os produtos) são atribuídos diretamente aos produtos que os consumiram. Reforçando: se a contabilidade da empresa prever apuração de custos pelo sistema direto de custeio, deverá ajustar os cálculos de forma a não distorcer o método de absorção, tratando de preservar as informações sobre custos fixos e sua distribuição nos cálculos. O custo final do produto (ou serviço) será a soma do custo variável, dividido pela produção correspondente, sendo os custos fixos considerados diretamente no resultado do exercício. Contabilmente, desde que o sistema de acumulação se faça somando-se custos fixos e variáveis, não há que se opor a esta sistemática de separar os valores, para utilização gerencial. O importante é que se preserve os dados, de forma integral e para atender a legislação contábil e fiscal, nada impedindo que se utilize tais dados em sistemas de informação específicos. Resumindo: Só são rateados ao produto os custos variáveis. Os custos fixos são registrados à débito da conta de resultado. Este método não é permitido pela legislaçào, porém é um método de custeiol utilizado na tomada de decisões, uma vez que os custos fixos são independentes do volume de produção da empresa, enquanto os custos variáveis se relacionam diretamente à produção. Desta forma, para efeito de levantamento de custos, só são considerados os custos variáveis, permitindo aos administradores uma visão melhor dos pontos de equilíbrio, receitas de vendas e custos dos produtos. Nem sempre é possível, na prática, separar as parcelas de custo fixo e variável em um custo incorrido no produto. Porém, neste método de custeio, é possível previnir distorções no resultado, uma vez que apenas os custos variáveis são considerados no cálculo de custo do produto. 90 91 Métodos de Rateio Os direcionadores de custos, ou seja, as bases de rateio mais tradicionais para a avaliação dos custos de fabricação e cômputo dos estoques são os seguintes: • Proporção dos custos diretos; • Proporção dos custos de mão-de-obra direta; • Quantidades produzidas; • Tempo utilizado pelas máquinas; • Área ocupada por linha de produção; • Custo da matéria-prima básica. EXERCÍCIO COMPLEMENTAR 1 Atividade: Empresa XYZ EXERCÍCIO COMPLEMENTAR 2 Atividade “Hotel no Nordeste” Estudo de Caso: “Fábrica de Fitas de Vídeo” 91 92 O que é PREÇO DE VENDA ? O preço de venda é o valor que deverá cobrir o custo direto do produto/serviço, as despesas variáveis, como impostos, comissões, etc., as despesas fixas proporcionais, ou seja, aluguel, água, luz, telefone, salários, pró-labore, etc., e ainda, sobrar um lucro líquido adequado. Preço não é uma grandeza absoluta e sim uma grandeza relativa. Relativa a que? Vamos fazer uma experiência: Eu tenho um carro e quero vendê-lo por R$ 10.000,00. Que carro é este? Possivelmente um Uno Mille usado. Eu tenho uma carro e quero vende-lo por R$ 300.000,00. Que carro é este? Possivelmente um Mercedes-Benz Classe C novo. Observe que o preço diz algo sobre o produto. Como calcular o preço de venda de um produto? Tenho de considerar o preço de custo, que é uma referência importante para calcular o preço mínimo de venda. Onde procuro referências para calcular o preço? No mercado, com meus concorrentes. Mas vamos raciocinar sobre valor, não sobre preço. Suponhamos que o produto que vou vender seja de grande valor para certas pessoas; é para essas pessoas que eu devo vender meu produto. Não é interessante vender àqueles que atribuem pouco valor ao meu produto. Meu preço de venda está na cabeça do meu comprador; quanto maior o valor atribuído pelo comprador àquele objeto maior o preço que ele estará disposto a pagar por aquilo. Como aumento o valor? Na década de 60 a indústria de confecção colocou a etiqueta para fora; o preço da roupa quadruplicou. Aquela pessoa que pagava 4 vezes mais por determinada blusa dava um grande valor pelo fato de estar vestindo determinada grife. O preço foi multiplicado independente de custo. Para definir o preço de alguma coisa é preciso analisar o valor daquele produto ou serviço, do ponto de vista do possível comprador. Se a percepção dele registra valor irrelevante, o preço será necessariamente baixo. Portanto, se quisermos obter um preço melhor por aquele bem, será necessário procurar outro comprador ou encontrar meios de alterar a percepção de valor daquele cliente em relação ao que colocamos à venda. Definir o preço apenas com base nos custos de produção e comercialização é um erro, pois se, por um lado, o custo serve para definir o preço mínimo para não vender com prejuízo, por outro lado não leva em conta a percepção do cliente, que pode atribuir àquele objeto um valor muito maior... Seria mais ou menos como vender um BMW pelo custo das matérias primas utilizadas e dos custos de fabricação e horas de trabalho dos operários – mais a comissão do canal de distribuição , naturalmente. Em verdade , o que vemos é o produto acabado alcançar um preço algumas centenas de vezes maior do que o custo. Como podemos alterar a percepção de valor do cliente? Introduzindo mudanças – materiais ou conceituais – que criem novos significados ou aplicações daquele produto ou serviço para o cliente. Sob este aspecto, vale notar que já vivemos numa economia de serviços, onde mesmo quando o que está à venda é um produto, são os serviços que induzem a decisão de compra. Entretanto serviços são intangíveis, e vender o invisível é mais difícil, pois enquanto produtos são fabricados e usados, com transferência de propriedade, serviços são oferecidos e experimentados, estabelecendo e promovendo ligações entre as pessoas. Como na maioria das vezes, o que vendemos hoje em dia é algum tipo de serviço, o caminho para o sucesso é descobrir que o preço é uma das chaves que o cliente ou prospect avalia para saber se algo é bom (as outras chaves são marca, embalagem e relacionamento). Não é por acaso que os vendedores mais experientes nunca sugerem que algo tem preço baixo quando o objetivo é passar a mensagem de que o serviço oferecido 92 93 tem qualidade. De fato, o insight sobre o valor dos serviços passa pela compreensão da mudança dos conceitos de eficiência e eficácia. O primeiro, significa o fazer as coisas certas sob a perspectiva do desempenho, da produção / produto; a segunda, é fazer as coisas certas valorizadas pelo cliente, de acordo com suas necessidades e expectativas. O que são Impostos? Impostos são valores pagos, realizados em moeda nacional (no caso do Brasil em reais), por pessoas físicas e jurídicas (empresas). O valor é arrecadado pelo Estado (governos municipal, estadual e federal) e servem para custear os gastos públicos com saúde, segurança, educação, transporte, cultura, pagamentos de salários de funcionários públicos, etc. O dinheiro arrecadado com impostos também é usado para investimentos em obras públicas (hospitais, rodovias, hidrelétricas, portos, universidades, etc). Os impostos incidem sobre a renda (salários, lucros, ganhos de capital) e patrimônio (terrenos, casas, carros, etc) das pessoas físicas e jurídicas. A utilização do dinheiro proveniente da arrecadação de impostos não é vinculada a gastos específicos. O governo, com a aprovação do legislativo, é quem define o destino dos valores, através do orçamento. O Brasil tem uma das cargas tributárias mais elevadas do mundo. Atualmente, ela corresponde a, aproximadamente, 37% do PIB (Produto Interno Bruto). Lista dos principais impostos cobrados no Brasil são: Federais - IR (Imposto de Renda) - Imposto sobre a renda de qualquer natureza. No caso de salários, este imposto é descontado direto na fonte. - IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados. - IOF - Imposto sobre Operações Financeiras (Crédito, Operações de Câmbio e Seguro ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários). - ITR - Imposto Territorial Rural (aplicado em propriedades rurais). Estaduais - ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. - IPVA - Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (carros, motos, caminhões). Municipais - IPTU - Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (sobre terrenos, apartamentos, casas, prédios comerciais) - ITBI - Imposto sobre Transmissão Inter Vivos de Bens e Imóveis e de Direitos Reais a eles relativos. - ISS - Impostos Sobre Serviços. 93 94 Mark Up Mark-up é o percentual que é colocado sobre o custo da mercadoria para se chegar ao preço de venda. Para chegar ao preço de venda a ser repassado ao consumidor, é necessário utilizar fórmulas que possibilitem alcançar o número correto. Lembre-se que o objetivo ao definir o mark up é incluir os impostos, o lucro e outros percentuais que incidem sobre o valor do preço final. No exemplo abaixo, temos: Preço de custo da mercadoria (sem IPI): R$ 4,00 IPI (10%): R$ 0,40 Percentual de mark-up desejado: 30% Preço de venda: (4,00 + 0,40) x (1+30%) = R$ 5,72 Temos aqui um exemplo mais SIMPLES: A empresa ABC, compra e vende conjunto de móveis para escritórios formados por mesa e cadeira giratória. Os dados financeiros estão apresentados a seguir. Sabendo que a empresa deseja obter um lucro igual a 20% do preço de venda, qual seria este preço de venda? Custo da aquisição do conjunto $ 340,00 Frete do fornecedor para a loja 12% Alíquota de ICMS ** Apenas a diferença a recolher 9% Comissão de vendas 7% Despesas fixas de vendas 22% Um lucro igual a 20% do preço de venda SOMA = 70% => 100 – 70 = 30% Multiplicador = 100% / 30% Multiplicador = 3,3333 Preço = Mark-up x C. Aquisição Preço = 3,333 x 340,00 Preço = 1.133,33 EXERCÍCIO COMPLEMENTAR Atividade: “Case Batata no Cone” 94 95 Módulo E Matemática Financeira e Análise de Projetos Conceito: a MATEMÁTICA FINANCEIRA tem por objetivo estudar as diversas formas de evolução do valor do dinheiro no tempo, bem como as formas de análise e comparação de alternativas para aplicação / obtenção de recursos financeiros. Capital  é qualquer valor expresso em moeda (dinheiro ou bens comercializáveis) disponível em determinada época. Referido montante de dinheiro também é denominado de capital inicial ou principal. Juros  é o aluguel que deve ser pago ou recebido pela utilização de um valor em dinheiro durante um certo tempo; é o rendimento em dinheiro, proporcionado pela utilização de uma quantia monetária, por um certo período de tempo. Ele existe porque a maioria das pessoas prefere o consumo imediato, e está disposta a pagar um preço por isto. Por outro lado, quem for capaz de esperar até possuir a quantia suficiente para adquirir seu desejo, e neste ínterim estiver disposta a emprestar esta quantia a alguém, menos paciente, deve ser recompensado por esta abstinência na proporção do tempo e risco, que a operação envolver. Para o INVESTIDOR, é a remuneração do investimento, e para o TOMADOR, é o custo do capital obtido por empréstimo. O QUE SÃO JUROS ATIVOS E JUROS PASSIVOS Sendo assim, tanto podemos pagar juros como receber juros, ocorrendo na empresa apenas dois casos de fatos administrativos que envolvam juros: 1. Quando nós pagamos juros (juro passivos): Ocorre uma “despesa com juros”. Ex: Pagamento da duplicata nº 201/01, em dinheiro, ao sr. Ângelo Mariotto, no valor de r$ 1.000, com 2% de juros pelo atraso. 2. Quando nós recebemos os juros (juros ativos): O ocorre uma “receita de juros”. Ex: Recebemos a duplicata nº 1.032/04, em dinheiro, da sra. Helena Salomão, no valor de R$ 1.000, com 5% de juros pelo atraso. Quando falamos em juros ativos e juros passivos, esses ativos e passivos não têm relação alguma com o ativo e o passivo do balanço patrimonial. As palavras ativos e passivos estão sendo utilizadas como adjetivos, qualificando os juros de negativos ou positivos. - Juros ativos: representam juros positivos, pois o adjetivo ativos significa coisa positiva a favor da empresa. Neste caso, a empresa recebeu os juros; logo, trata-se de receita; - Juros passivos: representam juros negativos para a empresa. Neste caso, a empresa pagou os juros; logo, trata-se de despesa. 95 96 Taxa de Juros  é um coeficiente que corresponde à razão entre os juros pagos ou recebidos no fim de um determinado período de tempo e o capital inicialmente empatado: Capital Inicial : Juros : Taxa de Juros: $ 100 $ 150 - $ 100 = $ 50 $ 50 / $ 100 = 0,5 ou 50 % ao período • a taxa de juros sempre se refere a uma unidade de tempo (dia, mês, ano, etc) e pode ser apresentada na forma percentual ou unitária. A taxa de juros vem normalmente expressa na forma percentual, seguida da especificação do período de tempo a que se refere: 8% a.a. (ao ano) 10% a.s. (ao semestre) 15% a.q. (ao quadrimestre) 22% a.t. (ao trimestre) 18% a.b. (ao bimestre) 5% a.m. (ao mês) 2,5% a.d. (ao dia) Regimes de Capitalização  quando um capital é emprestado ou investido a uma certa taxa por período ou diversos períodos de tempo, o montante pode ser calculado de acordo com 2 regimes básicos de capitalização de juros: • capitalização (juros) simples; • capitalização (juros) composta; Capitalização Simples  somente o capital inicial rende juros, ou seja, os juros são devidos ou calculados exclusivamente sobre o principal ao longo dos períodos de capitalização a que se refere a taxa de juros. Capitalização Composta  os juros produzidos ao final de um período são somados ao montante do início do período seguinte e essa soma passa a render juros no período seguinte e assim sucessivamente. Quando usamos Juros Simples e Juros Compostos? A maioria das operações envolvendo dinheiro utiliza juros compostos. Estão incluídas: compras a médio e longo prazo, compras com cartão de crédito, empréstimos bancários, as aplicações financeiras usuais como Caderneta de Poupança e aplicações em fundos de renda fixa, etc. Raramente encontramos uso para o regime de juros simples: é o caso das operações de curtíssimo prazo, e do processo de desconto simples de duplicatas. • comparando-se os 2 regimes de capitalização, podemos ver que para o primeiro período considerado, o montante e os juros são iguais, tanto para o regime de capitalização simples quanto para o regime de capitalização composto; 96 97 • salvo aviso em contrário, os juros são devidos no fim de cada período (juros postecipados) a que se refere a taxa de juros. • No regime de capitalização simples, o montante evolui como uma progressão aritmética, ou seja, linearmente, enquanto que no regime de capitalização composta o montante evolui como uma progressão geométrica, ou seja, exponencialmente. Fluxo de Caixa  o fluxo de caixa de uma empresa, de uma aplicação financeira ou de um empréstimo consiste no conjunto de entradas (recebimentos) e saídas (pagamentos) de dinheiro ao longo de um determinado período. Texto: O Valor do Dinheiro no Tempo Em 2 de Dezembro de 1982, a General Motors Acceptance Corporation (GMAC), uma subsidiária da General Motors, emitiu alguns títulos para venda ao público. De acordo com os termos da operação, a GMAC comprometia-se a pagar ao portador desses títulos $10.000 em 1º de Dezembro de 2012, mas os investidores não receberiam nada até lá. Os investidores pagaram GMAC $500 por cada um destes títulos, assim eles deram $500 em 2 de Dezembro de 1982, com a promessa de receberem um pagamento de $10.000 após 30 anos. Pagar hoje $500 em troca de receber $10.000 após 30 anos é um bom negócio? Tais títulos, pelos quais você paga alguma quantia hoje para receber em troca uma quantia prometida numa data futura, estão entre os tipos mais simples possíveis. Do lado positivo, você tem um retorno de $20 para cada $1 que você aplicou. Isto provavelmente soa bem, mas, do lado negativo, você terá que esperar 30 anos para recebêlo. O que você precisa saber é como analisar este trade-off; esta matéria dará a você as ferramentas necessárias, para esta análise. Em negócios e em finanças pessoais, não há provavelmente nenhum conceito com mais poder, ou aplicações, que o valor do dinheiro no tempo. Veja o exemplo: se você depositar 240 parcelas (20 anos) no valor de R$ 363,00 reais todo mês em uma aplicação que remunera 1,6% de juros ao mês, você acumulará um capital de, aproximadamente R$1.000.000,00 (um milhão de reais), isto significa que daria para você retirar (mantendo a mesma taxa de juros), nos próximos 8,5 anos ou seja 102 parcelas de R$20.000,00. Não estamos dando nenhum plano para tornar o mundo rico, mas mostrando efetivamente o poder do valor do dinheiro no tempo (VDT). O valor do dinheiro no tempo não é certamente um conceito novo. Benjamim Franklin teve um entendimento bom de como ele funciona quando deixou para cada uma das cidades, Boston e Filadélfia nos U.S.A, a importância de $1.000. Com o seu presente, deixou instruções de que as cidades emprestassem o dinheiro, carregado com a taxa de juros em vigor, para os aprendizes merecedores. Então, depois que o dinheiro tivesse sido investido deste modo durante 100 anos, que eles usassem uma porção do investimento para construir algo de benefício para a cidade e guardar alguma parte para o futuro. Nos 213 anos em que isto foi feito o presente de BF para Boston resultou na construção do Franklin Union, ajudou incontáveis estudantes de medicina com empréstimos, e ainda tem mais que $3 milhões na conta. A cidade de Filadélfia, igualmente, colheu recompensas significantes. Tenha em 97 98 mente que tudo isto veio de um presente combinado de $2.000 e um pouco de ajuda do valor do dinheiro no tempo. O poder do valor do dinheiro no tempo também pode ser ilustrado por uma história que Andrew Tobias conta no seu livro Money Angles. Na história, um camponês ganha um torneio de xadrez patrocinado pelo rei. O rei então lhe pergunta o que ele gostaria como o prêmio. O camponês respondeu que, para a sua aldeia, ele gostaria que um pedaço de grão de trigo fosse colocado no primeiro quadrado do seu tabuleiro de xadrez, dois pedaços no segundo quadrado, quatro no terceiro, oito no quarto, e assim sucessivamente. O rei, pensando que era muito fácil fazer isso, empenhou a sua palavra de honra para que isso fosse cumprido. Infelizmente para o rei, quando todos os 64 quadrados no tabuleiro de xadrez estiverem cheios, haveria 18,5 milhões de trilhões de grãos de trigo no tabuleiro – as sementes foram compostas à taxa de 100 por cento, sobre os 64 quadrados do tabuleiro de xadrez. É desnecessário dizer que, nenhuma aldeia nunca foi tão faminta para necessitar de todo esse trigo; na realidade, isso é tanto trigo que se as sementes tivessem um quarto de polegada de comprimento (a estimativa fornecida por Andrew Tobias) elas poderiam, se fossem colocadas uma na frente da outra, ir até o Sol e voltar 391.320 vezes. Num sentido mais geral, a frase valor do dinheiro no tempo refere-se ao fato de que um Real na mão hoje vale mais do que um Real prometido em algum momento no futuro. Num nível prático, uma razão para isto é que você poderia ganhar juros enquanto você espera; assim, um Real hoje aumentará mais do que um Real mais tarde. O trade-off entre dinheiro agora e dinheiro mais tarde depende então, entre outras coisas, da taxa que você pode ganhar investindo-o. Nossa meta neste curso é avaliar explicitamente este trade-off entre dinheiro hoje e dinheiro em alguma data futura. Um completo entendimento do material neste curso é crítico para a compreensão do material nos cursos subseqüentes, assim você deverá estudá-lo com um cuidado especial. Apresentaremos vários exemplos neste curso. Em muitos problemas, sua resposta pode diferir das nossas ligeiramente. Isto acontece por causa do arredondamento e não deve ser um motivo de preocupação. CAPITALIZAÇÃO A JUROS SIMPLES O regime de juros será simples quando o percentual de juros incidir apenas sobre o valor principal. Sobre os juros gerados a cada período não incidirão novos juros. Valor Principal ou simplesmente principal é o valor inicial emprestado ou aplicado, antes de somarmos os juros. Nomenclaturas usadas: i = do inglês Interest, é usado para representar os juros envolvidos em quaisquer operações financeiras. PV (C) = do inglês Present Value (Capital) é usado para representar o Capital inicial utilizado numa aplicação financeira. FV (M) = do inglês Future Value (Mount), é usado para representar o Montante que é o resultado da soma do Capital com os juros. n = nesse caso é uma incógnita (quem aprendeu equações do segundo grau usou muitas incógnitas. Todos aqueles x, y, z são incógnitas.) referente ao período de tempo (dias, semanas, meses, anos...) de uma aplicação financeira. Lembre-se da expressão : "levou n dias para devolver o dinheiro..." 98 99 a.d. = abreviação usada para designar ao dia; a.m. = abreviação usada para designar ao mês; a.a. = abreviação usada para designar ao ano; As principais fórmulas são: J=Cxixn Onde: J = juros C = principal (capital) i = taxa de juros n = número de períodos Observações: • • em todas as fórmulas matemáticas utiliza-se a taxa de juros na forma unitária (taxa percentual ou centesimal, dividida por 100) para operações envolvendo valores elevados e períodos pequenos (1 dia ou alguns dias) pode haver diferença na escolha do tipo de juros a ser utilizado. O juro Comercial considera o ano comercial com 360 dias e o mês comercial com 30 dias. Juro Comercial  Juro Exato  a taxa i e o número de períodos n devem referir-se à mesma unidade de tempo, isto é, se a taxa for anual, o tempo deverá ser expresso em anos; se for mensal, o tempo deverá ser expresso em meses, e assim sucessivamente; no cálculo do juro exato, utiliza-se o ano civil, com 365 dias (ou 366 dias se o ano for bissexto - p/ bissextos - final/4) e os meses com o número real de dias. • sempre que nada for especificado, considera-se a taxa de juros sob o conceito comercial Exemplo: Temos uma dívida de R$ 1000,00 que deve ser paga com juros de 8% a.m. pelo regime de juros simples e devemos pagá-la em 2 meses. Os juros que pagarei serão: J=? C = 1.000,00 i = 8% = 8/100 = 0,08 n=2 J=Cxixn J = 1000 x 0.08 x 2 J = 160 99 100 Montante  denominamos Montante ou Capital Final de um financiamento (ou aplicação financeira) a soma do Capital inicialmente emprestado (ou aplicado) com os juros pagos (ou recebidos). Capital Inicial + Juros = Montante = = = $ 100 $ 50 $ 150 Portanto, ao somarmos os juros ao valor principal temos o montante: FV = PV + J Montante = Capital inicial + Juros Sabemos que J = PV x i x n então: FV = PV + ( PV x i x n ) Montante = Capital inicial + ( Capital inicial x Taxa de juros x Número de períodos ) Colocando PV em evidência, temos: FV = PV x ( 1 + ( i x n ) ) Exemplo: Calcule o montante resultante da aplicação de R$70.000,00 à taxa de 10,5% a.a. durante 145 dias. FV = PV . ( 1 + (i.n) ) FV = 70.000 . ( 1 + (0,105 . 0,4027)) FV = 70.000 . ( 1 + (0,0422)) FV = 70.000 . ( 1,0422 ) FV = 72.954,00 Observe que a taxa i e o período n, não estão na mesma unidade de tempo, ou seja, anos. Daí teremos que dividir 145 dias por 360, para obter o valor equivalente em anos, já que um ano comercial possui 360 dias: 145/360 = 0,4027, então n = 0,4027 ano FV = ? PV = 70.000,00 i = 10,5% a.a. = 10,5/100 = 0,105 n = 145 dias ... OPA!! EXERCICIOS RESOLVIDOS 1) Calcular os juros simples produzidos por R$40.000,00, aplicados à taxa de 36% a.a., durante 125 dias. J=? J = PV x i x n PV = 40.000,00 J = 40000 x 0,36 x 0,3472 i = 36% a.a. = 0,36 J = $ 4.999,68 n = 125 dias Opa!! A taxa i e o período n não estão na mesma base. Qual é mais fácil de mudar: i ou n ? Nesse caso, seria n, então: 125/360 = 0,3472 100 101 2) Calcular os juros simples de R$ 1200,00 a 13 % a.t. por 4 meses e 15 dias. SOLUÇÃO: J=? PV = 1.200,00 i = 13% a.t. = 13/3 = 4,33% = 0,0433 n = 4m e 15d = 4,5 meses J = PV x i x n J = 1200 x 0.0433 x 4,5 J = $ 233,82 3 - Qual o capital que aplicado a juros simples de 1,2% a.m. rende R$3.500,00 de juros em 75 dias? SOLUÇÃO: J = 3.500,00 PV = ? i = 1,2% a.m. = 0,012 n = 75 dias = 2,5 meses J = PV x i x n 3.500 = PV x 0,012 x 2,5 3.500 = PV x 0,03 3.500 = PV 0,03 PV = $ 116.666,66 4 - Se a taxa de uma aplicação é de 150% ao ano, quantos meses serão necessários para dobrar um capital aplicado através de capitalização simples? SOLUÇÃO: Objetivo: FV = 2.PV i = 150% a.a. = 12,5% a.m. = 0,125 n = ? meses FV = PV . ( 1 + (i.n) ) 2.PV = PV . (1 + (0,125.n)) 2 = 1 + 0,125.n n = 1 / 0,125 n = 8 meses 101 102 EXERCICIOS DE FIXAÇÃO Exercício 1 Qual a taxa de juros simples trimestral referente a uma aplicação de 7.500,00, durante o período de um ano e oito meses, que rendem juros de 1.238,00? a) 4,48% a.t. b) 3,48% a.t. c) 2,48% a.t. d) 1,48% a.t. e) 5,48% a.t. J = 1.238,00 PV = 7.500,00 i=? n = 12 + 8 = 20 meses n = 20/3 = 6,66 trimestres J = PV x i x n 1238 = 7500 x i x 6,66 1238 = 49950i i = 1238 49950 i = 0,02478 ou i% = 2,48% Exercício 2 Qual a taxa mensal de juros simples que, aplicada durante 16 meses, produz um total de juros igual a 38% do valor do principal? a) 4,47%a.m. b) 3,47%a.m. c) 2,47%a.m. d) 1,47%a.m. e) 2,37% a.m. J = PV x i x n 38 = 100 x i x 16 38 = 1600i i = 38 . 1600 i = 0,02375 ou i% = 2,37% PV = 100 J = 38 i=? n = 16 Exercício 3 Um investidor aplicou 20% de seu capital a 15% ao ano, 25% de seu capital a 18% ao ano e o restante a 12% ao ano, no regime de juros simples. Determine o valor do capital inicialmente aplicado, sabendo que os juros acumulados final de dois anos foram iguais $ 14.100,00. a) b) c) d) e) $ 50.000,00 $ 60.000,00 $ 65.000,00 $ 55.000,00 $ 45.000,00 J1 + J2 + J3 = 14.100,00 0,2.PV x i x n + 0,25. PV x i x n + 0,55. PV x i x n = 14.100,00 0,2.PV x 0,15 x 2 + 0,25.PV x 0,18 x 2 + 0,55.PV x 0,12 x 2 = 14.100,00 0,06.PV + 0,09.PV + 0,1320.PV = 14.100,00 0,2820.PV = 14.100,00 PV = 14.100 => PV = $ 50.000,00 Exercício 4 0,2820 (Fundação Cesgranrio/Banco do Brasil - Escriturário) – Uma geladeira é vendida á vista por R$ 1.000,00 ou em duas parcelas, sendo a primeira como uma entrada de R$ 200,00 e a segunda, dois meses após, no valor de R$ 880,00. Qual a taxa mensal de juros simples utilizada? i=? FV = PV.(1+i x n) 880 = 800.(1+ i x 2) Se 1000 é o total, então 200 é a) 6% 20% do montante e os juros só 880 = 800.(1 + 2.i) b) 5% incidem sobre o restante: 880 = 800 + 1600.i c) - 4% 80 = 1600.i d) 3% PV = 800 i = 80 => i = 0,05 ou i% = 5% e) 2% FV = 880 1600 n=2 102 103 CAPITALIZAÇÃO A JUROS COMPOSTOS O regime de juros compostos é o mais comum no sistema financeiro e portanto, o mais útil para cálculos de problemas do dia-a-dia. Os juros gerados a cada período são incorporados ao principal para o cálculo dos juros do período seguinte. Chamamos de capitalização o momento em que os juros são incorporados ao principal. Após três meses de capitalização, temos: 1º mês: FV = PV.(1 + i) 2º mês: o principal é igual ao montante do mês anterior: FV = PV.(1 + i).(1 + i) 3º mês: o principal é igual ao montante do mês anterior: FV = PV.(1 + i).(1 + i).(1 + i) Considere o capital inicial (principal C) $1000,00 aplicado a uma taxa mensal de juros compostos ( i ) de 10% (i = 10% a.m.). Vamos calcular os montantes (principal + juros), mês a mês: Após o 1º mês, teremos: M1 = 1000 x 1,1 = 1100 = 1000(1 + 0,1) Após o 2º mês, teremos: M2 = 1100 x 1,1 = 1210 = 1000(1 + 0,1)2 Após o 3º mês, teremos: M3 = 1210 x 1,1 = 1331 = 1000(1 + 0,1)3 Após o n (enésimo) mês, sendo M o montante, teremos evidentemente: M = 1000 x (1 + 0,1)n De uma forma genérica, teremos para um principal P, aplicado a uma taxa de juros compostos i durante o período n : FV = PV . (1 + i)n Importante: a taxa i tem que ser expressa na mesma medida de tempo de n, ou seja, taxa de juros ao mês para n meses. Para calcularmos apenas os juros basta diminuir o principal do montante ao final do período: J = FV - PV Exemplo: Calcule o montante de um capital de R$6.000,00, aplicado a juros compostos, durante 1 ano, à taxa de 3,5% ao mês. SOLUÇÃO: C = R$6.000,00 n = 1 ano = 12 meses i = 3,5 % a.m. = 0,035 M=? Usando a fórmula M=C.(1+i)n, obtemos: M = 6000.(1+0,035)12 = 6000. (1,035)12 103 104 Fazendo x = 1,03512 e aplicando logaritmos, encontramos: log x = log 1,03512 => log x = 12 log 1,035 => log x = 0,1788 Então M = 6000.1,509 = 9.054. => x = 1,509 Portanto o montante é R$9.054,00 E para calcularmos diretamente a taxa de juros, temos a fórmula de i, que é: i = (M/C) 1/n – 1 Essa fórmula foi tirada diretamente da fórmula do montante para juros compostos, da seguinte maneira: M = C x (1 + i)n M = (1 + i) n C n √( (M/C) = 1 + i => i = n√(M/C) – 1 i =(M/C) 1/n – 1 Simplificando: Utilizando a HP 12 C Na HP 12 C utilizaremos apenas algumas teclas, sendo elas:  Para n, período, temos na HP a tecla n;  Para i, que é a taxa, temos na HP a tecla i;  Para PV, que é valor presente, temos a tecla PV na HP;  Para FV, que é valor futuro, temos na HP a tecla FV;  Temos ainda a tecla CHS, que também utilizaremos, e que muda o sinal do número na tela; 104 105 Vamos aprender a trabalhar com a HP 12 C? Primeiro, ligá-la: aperte a tecla ON, embaixo à esquerda. Para começar a utiliza-la, precisamos limpar sua memória de cálculo, apertando as teclas f e CLX. Então, toda vez que ligar, tecle f e CLX. A melhor forma de aprender a utilizar a calculadora é utilizando-a. Vamos aos exercícios. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 1. Uma pessoa aplicou a importância de R$ 500,00 numa instituição bancária que paga juros mensais de 3,5%, no regime de juros compostos. Quanto tempo após a aplicação o montante será de R$ 3 500,00? Resolução: Primeiramente, como em juros simples, precisamos levantar as premissas do exercício para que possamos resolvê-lo: PV = 500,00 i = 3,5% a.m. n=? FV = 3.500,00 Sempre ao iniciar, ligamos ON e limpamos a memória de cálculo: f e CLX. Agora alimentamos a calculadora: 500 CHS PV 3,5 i 3500 FV n Nesse caso, a calculadora nos dá que n = 57 meses. 105 106 2. Se a taxa de uma aplicação é de 150% ao ano, quanto tempo será necessário para dobrar o capital aplicado através de capitalização composta? Resolução: Nesse caso, utilizamos a “técnica de dar nome aos bois”: i = 150% a.a. PV = 100,00 FV = 200,00 n=? Sempre ao iniciar, ligamos ON e limpamos a memória de cálculo: f e CLX. Agora alimentamos a calculadora: 100 CHS PV 150 i 200 FV n Nesse caso, a calculadora nos dá que n = 1 ano. 3. O capital que quadruplica em 2 meses, ao se utilizar de capitalização composta, deve estar vinculado a uma taxa mensal de: FV = 400 PV = 100 i=? n=2 a) 50% b) 100% c) 150% d) 200% e) 400% ON f CLX 400 CHS FV 100 PV 2n i => Temos que nossa taxa é de 100%. EXERCICIOS DE FIXAÇÃO 4. Calcule o valor final de uma aplicação de R$ 10.000,00 à taxa de 2% a.m. e o prazo de 1 ano. ON f CLX FV = ? a) 7.884,93 PV = 10.000 b) 12.682,42 10000 CHS PV i = 2% a.m. c) 10.200,00 2i n = 12 d) 9.803,92 12 n e) 11.768,24 FV => Temos que nosso FV = R$ 12.682,42 5. Um capital de R$ 65.000,00, aplicado a juros compostos, rendeu, depois de certo prazo, o montante de R$ 115.926,00. Sabendo que a taxa mensal da aplicação foi de 7,5% a.m., calcule o prazo da aplicação. a) 8 meses b) 7 meses c) 6 meses d) 5 meses e) 4 meses FV = 115.926 PV = 65.000 i = 7,5% a.m. = 0,075 n=? FV = PV x (1 + i)n 115926 = 65000 x (1 + 0,075) n 1,7834 = 1,075 n Log 1,7834 = n.log 1,075 0,5785 = n.0,0723 0,5785 = n => n = 8 meses 0,0723 106 107 6. Uma loja vende um aparelho de televisão por R$ 500,00 a vista ou então a prazo com 20% de entrada mais uma parcela de R$ 440,00 dois meses após a compra. A taxa mensal de juros compostos do financiamento, na forma decimal, é dada por: a) 0,0188 b) 0,0488 c) 0,0788 d) 0,1088 e) 0,0988 7. O capital R$ 500,00 foi aplicado durante 8 meses à taxa de 5% ao mês. Qual o valor dos juros compostos produzidos? R: R$ 238,73 O valor dos juros será: J = 738,73 – 500 J = R$ 238,73 Considere que determinada concessionária de veículos ofereça, além do pagamento à vista, vários planos de financiamento, à taxa de juros compostos de 1,5% ao mês. Com base nessas informações, julgue os itens a seguir. 8. Caso um indivíduo disponha de R$ 15.000,00 e, em vez de comprar um veículo, ele invista seu dinheiro em uma instituição financeira que pague 1,5% ao mês de juros compostos, em 24 meses ela obterá um montante de: Premissas: FV = PV.(1 + i)n PV = 15.000 FV = 15.000 . (1 + 0,015) 24 a) $ 23.200,00 i = 1,5% a.m. = 0,015 FV = 15.000 . (1,01512) 2 b) $ 21.600,00 n = 24 meses FV = 15.000 . 1,22 c) $ 31.900,00 FV = ? FV = 15.000 . 1,44 d) $ 12.400,00 FV = $ 21.600,00 e) $ 44.500,00 9. Suponha que o valor correspondente ao preço à vista de um veículo seja investido em uma instituição financeira que paga juros compostos de 1,5% ao mês, e que ao final de 36 meses o montante obtido seja de R$ 51.000,00. Nesse caso, o preço à vista desse veículo é: Premissas: FV = PV.(1 + i)n 51.000 = PV . (1 + 0,015) 36 a) $ 32.350,26 FV = 51.000 51.000 = PV . (1,01512) 3 b) $ 21.720,95 i = 1,5% a.m. = 0,015 51.000 = PV . 1,23 c) $ 31.645,15 n = 36 meses 51.000 = PV . 1,728 d) $ 29.513,90 PV = ? PV = 51.000 / 1,728 e) $ 25.742,23 PV = $ 29.513,88 107 108 TAXAS DE JUROS SIMPLES Taxa de juros é um coeficiente que corresponde à razão entre os juros pagos ou recebidos no fim de um determinado período de tempo e o capital inicialmente empatado.  Para Juros Simples temos: 1. Taxa Nominal: A taxa nominal é a taxa usada na linguagem normal, expressa nos contratos ou informada nos exercícios; a taxa nominal é uma taxa de juros simples e se refere a um determinado período de capitalização. Exemplo: Uma aplicação de $ 1.500,00, a uma taxa nominal de 15 % a.a., terá um montante e juros ao final de 2 anos e meio de: PV = R$ 1.500,00 n = 2,5 anos i = 15 % a.a. = 0,15 FV = ? FV = PV x ( 1 + (i x n)) FV = 1.500 x ( 1 + (0,15 x 2,5)) FV = 1.500 x (1,3750) FV = $ 2.062,50 FV = PV + J 2.062,50 = 1.500 + J J = 2.062,50 – 1.500 J = 562,50 2. Taxa Proporcional: Taxas proporcionais são taxas de juros fornecidas em unidades de tempo diferentes que, ao serem aplicadas a um mesmo principal durante um mesmo prazo, produzem um mesmo montante acumulado no final daquele prazo, no regime de juros simples. Este caso se tiver uma taxa ao ano, e o período do problema é em meses, basta dividir a taxa por 12, ou seja, um (1) ano tem doze (12) meses. Exemplo: Uma aplicação de $ 2.200,00, a uma taxa de 24 % a.a., terá um montante e juros ao final de 4 meses de: FV = ? PV = 2.200,00 n = 4 meses i = 24 % a.a. FV = PV x ( 1 + (i x n)) FV = 2.200 x ( 1 + (0,02 x 4)) FV = 2.200 x (1,08) FV = $ 2.376,00 24% a.a. = 24/12 = 2 24% a.a. = 2% a.m. = 0,02 108 FV = PV + J 2.376,00 = 2.200 + J J = 2.376 – 2.200 J = 176,00 109 EXERCICIOS DE FIXAÇÃO 1. Determinar as taxas semestral, mensal e diária, proporcionais à taxa de 24% ao ano. 24% a.a. = 12% a.s. = 2% a.m. = 0,066% a.d. 2. Determinar as taxas mensal e diária proporcionais à taxa de 3,6% ao trimestre. 3,6% a.t. = 1,2% a.m. = 0,04% a.d. 3. Calcular a taxa trimestral proporcional a juros de: a) 120% ao ano; 120/4 = 30% a.t. b) 3,2% ao quadrimestre; 3,2 / 4 x 3 = 2,4% a.t. c) 1,5% ao mês; 1,5 x 3 = 4,5% a.t. d) 42% ao semestre; 42 / 2 = 21% a.t. e) 1,5% ao bimestre; 1,5 / 2 x 3 = 2,25% a.t. 4. Calcular o montante de $ 85.000,00 aplicado por: a) 7 meses à taxa linear de 2,5% ao mês; FV = PV x ( 1 + i x n ) => FV = 85.000 x ( 1 + 0,025 x 7 ) => FV = 85.000 x 1,175 FV = 99.875,00 b) 9 meses à taxa linear de 11,6% ao semestre; FV = PV x ( 1 + i x n ) => FV = 85.000 x ( 1 + 0,116 x 1,5 ) => FV = 85.000 x 1,174 FV = 9 9.790,00 c)1 ano e 5 meses à taxa linear de 21 % ao ano. FV = PV x ( 1 + i x n ) => FV = 85.000 x ( 1 + 0,21 x 1,4167 ) => FV = 85.000 x 1,2975 FV = 110.287,50 5. Determinar os juros e o montante de uma aplicação de $ 300.000,00, por 19 meses, à taxa linear de 42% ao ano. J = PV x i x n J = 300.000 x 0,035 x 19 J = 300.000 x 0,665 J = R$ 199.500,00 FV = PV + J FV = 300.000 + 199.500 FV = R$ 499.500,00 109 110 TAXAS DE JUROS COMPOSTOS Taxa de juros é um coeficiente que corresponde à razão entre os juros pagos ou recebidos no fim de um determinado período de tempo e o capital inicialmente empatado.  Para Juros Compostos temos: 1. Taxa Nominal: É a taxa de juros em que a unidade referencial de seu tempo não coincide com a unidade de tempo dos períodos de capitalização. A taxa nominal é sempre fornecida em termos anuais, e os períodos de capitalização podem ser semestrais, trimestrais, mensais ou diários. São exemplos de taxas nominais:     12% ao ano, capitalizados mensalmente; 24% ao ano, capitalizados semestralmente; 10% ao ano, capitalizados trimestralmente; 18% ao ano, capitalizados diariamente. A taxa nominal, apesar de bastante utilizada no mercado, não representa uma taxa efetiva e, por isso, não deve ser usada nos cálculos financeiros, no regime de juros compostos. Toda taxa nominal traz em seu enunciado uma taxa efetiva implícita, que é a taxa de juros a ser aplicada em cada período de capitalização. Essa taxa efetiva implícita é sempre calculada de forma proporcional, no regime de juros simples. Conforme podemos observar, a taxa efetiva implícita de uma taxa nominal anual é sempre obtida o regime de juros simples. A taxa anual equivalente a essa taxa efetiva implícita é sempre maior que a taxa nominal que lhe deu origem, pois essa equivalência é sempre feita no regime de juros compostos. Essa taxa anual equivalente será tanto maior quanto maior for o número de períodos de capitalização da taxa nominal. 2. Taxa Efetiva: É a taxa de juros em que a unidade referencial de sue tempo coincide com a unidade de tempo dos períodos de capitalização. São exemplos de taxas efetivas:     2% ao mês, capitalizados mensalmente; 3% ao trimestre, capitalizados trimestralmente; 6% ao semestre, capitalizados semestralmente; 10% ao ano, capitalizados anualmente. Nesse caso, tendo em vista a coincidência nas unidades de medida dos tempos da taxa de juros e dos períodos de capitalização, costuma-se simplesmente dizer: 2% ao mês, 3% ao trimestre, 6% ao semestre e 10% ao ano. A taxa efetiva é utilizada nas calculadoras financeiras e nas funções financeiras das planilhas eletrônicas. 110 111 3. Taxas Equivalentes: São taxas de juros fornecidas em unidades de tempo diferentes que ao serem aplicadas a um mesmo principal durante um mesmo prazo produzem um mesmo montante acumulado no final daquele prazo, no regime de juros compostos. O conceito de taxas equivalentes está, portanto, diretamente ligado ao regime de juros compostos. Assim, a diferença entre taxas equivalentes e taxas proporcionais se prende exclusivamente ao regime de juros considerado. As taxas proporcionais se baseiam em juros simples, e as taxas equivalentes se baseiam em juros compostos. Demonstrando: Duas taxas i1 e i2 são equivalentes, se aplicadas ao mesmo Capital C durante o mesmo período de tempo, através de diferentes períodos de capitalização, produzem o mesmo montante final. • Seja o capital C aplicado por um ano a uma taxa anual ia . • O montante M ao final do período de 1 ano será igual a M = C x (1 + i a ) • Consideremos agora, o mesmo capital C aplicado por 12 meses a uma taxa mensal im. 12 • O montante M’ ao final do período de 12 meses será igual a M’ = C x (1 + im) . Pela definição de taxas equivalentes vista acima, deveremos ter M = M’. Portanto, C x (1 + ia) = C x (1 + im)12 Daí conclui que: 1 + ia = (1 + im)12 Com esta fórmula podemos calcular a taxa anual equivalente a uma taxa mensal conhecida. No geral, podemos dizer que: (1 + ia) = (1 + ib)6 = (1 + it)4 = (1 + is)2 = (1 + ia)12 Exemplos: 1 - Qual a taxa mensal equivalente a 20% ao ano? Conversão de taxa anual de 20% para equivalente mensal Resolução: F CLX 100 CHS PV 120 FV 12 n i=? Resultado: 1,5309 ou 1,53% 111 112 2. Qual a taxa de juros anual equivalente a 1% a. m. ? Resolução: NOVAMENTE UTILIZAREMOS O CONCEITO DE DAR NOME AOS BOIS. f CLX para limpar a memória. 100 CHS PV 12 n 1i FV Valor = 112,68 Enter 100 Taxa anual de juros compostos = 12,68% Observe portanto, que no regime de juros compostos, a taxa de juros de 1% a.m. eqüivale à taxa anual de 12,68% a.a. e não 12% a.a., como poderia parecer para os mais desavisados. EXERCICIOS DE FIXAÇÃO 1. Determinar as taxas mensal e trimestral equivalentes à taxa de 9% ao ano. Mensal: f CLX para limpar a memória. 100 CHS PV 109 FV 12 n i=? Taxa mensal = 0,7207 ou 0,72% Trimestral: f CLX para limpar a memória. 100 CHS PV 109 FV 4n i=? Taxa trimestral = 2,1778 ou 2,18% 2. Determinar a taxa diária equivalente à taxa de 6% ao semestre. Diária: f CLX para limpar a memória. 100 CHS PV 106 FV 180 n i=? Taxa diária = 0,0324% 3. Determinar as taxas anual e semestral que são equivalentes à taxa de 1% ao mês. f CLX para limpar a memória. 100 CHS PV 1i 12 n FV Valor = 112,68 Enter 100 – Taxa anual = 12,68% f CLX para limpar a memória. 100 CHS PV 1i 6n FV Valor = 106,15 Enter 100 – Taxa semestral = 6,15% 112 113 PENSEMOS UM POUCO EM JUROS SIMPLES E JUROS COMPOSTOS, JUNTOS: 1. O gráfico a seguir representa as evoluções no tempo do Montante a Juros Simples e do Montante a Juros Compostos, ambos à mesma taxa de juros. M é dado em unidades monetárias e t, na mesma unidade de tempo a que se refere a taxa de juros utilizada. Analisando-se o gráfico, conclui-se que para o credor é mais vantajoso emprestar a juros: (A) compostos, sempre. (B) compostos, se o período do empréstimo for menor do que a unidade de tempo. (C) simples, sempre. (D) simples, se o período do empréstimo for maior do que a unidade de tempo. (E) simples, se o período do empréstimo for menor do que a unidade de tempo. (e) Interpretação do gráfico: O montante será melhor entre 0 e 1 a juros simples que a juros compostos. 2. Qual a melhor taxa para aplicação? 0,1% ao dia ou 40% ao ano. Para juros simples:Taxa Proporcional 0,1% a.d. = 0,1 x 360 = 36% a.a. A melhor opção, em juros simples, 40% a.a. Para juros compostos:Taxa Equivalente f CLX para limpar a memória. 100 CHS PV 0,1 i 360 n FV Valor = 172,80 Enter 100 Taxa equivalente anual a 0,1% a.d. = 43,3072 ou 43,31% a.a. A melhor opção, em juros compostos, é 0,1% ao dia. 113 114 AVALIAÇÃO DE ALTERNATIVAS DE INVESTIMENTO O Comitê de Política Monetária (Copom) em recente reunião estabeleceu a taxa de juros básica em 10,25% a.a. Cada vez mais, a definição dos juros está basicamente relacionada com o cumprimento da meta de inflação (vale lembrar que o efeito de mudanças nos juros sobre o nível de preços da economia leva alguns meses para ser sentido). Como as projeções disponíveis hoje apontam para uma inflação acima da meta para o ano que vem, o Copom continua optando por uma trajetória mais amena de queda dos juros. As recentes reduções nos juros têm trazido a taxa de juros básica, paulatinamente, para níveis mais baixos. Em termos de aplicação financeira, isso significa que os investimentos em renda fixa estão se tornando cada vez menos atraentes em termos de retorno, o que tem incentivado os agentes a buscar alternativas mais arriscadas para aplicar seu dinheiro. Essa situação é nova no mercado brasileiro, onde as aplicações de menor risco (renda fixa) eram também as de maior retorno esperado. Reflexo disso é que os fundos de renda fixa ainda respondem por cerca de 96% do total de aplicações em fundos de investimentos no Brasil. Com os juros mais baixos, o investidor que quiser maiores retornos terá que aprender a conviver com maiores riscos, ou seja, com maior possibilidade de perda. Porém, essa busca por novas opções de investimento pode trazer diversas complicações. Neste momento, os investidores devem ter alguns princípios básicos em mente, que, embora pareçam óbvios, nem sempre são lembrados no momento da aplicação: Alocação imprópria: muitos analistas dizem que 90% do retorno de um investimento é dado pela alocação adequada dos recursos. Isso significa que as aplicações escolhidas pelo investidor devem ser compatíveis com diversos parâmetros determinados por ele, como tempo de duração do investimento, a necessidade de saques ocasionais durante este período, a capacidade do investidor de suportar períodos de alta volatilidade, entre outros. Resumindo, para poder alcançar uma alocação adequada de recursos, o investidor deve ter objetivos muito bem estudados e claramente definidos. Evitar um elevado número de transações: no entusiasmo dos negócios, muitos investidores exageram na quantidade de transações e, com isso, acabam desperdiçando seu tempo e parte expressiva de seus recursos no pagamento de taxas e impostos. Além disso, aumentasse a possibilidade de cometer erros de avaliação. O pior é que, em geral, esse excesso de movimentações não traz ganhos expressivos em termos de retorno. Fugir de taxas exageradas: antes de aplicar o dinheiro, deve-se sempre prestar muita atenção no custo das operações que serão realizadas. Promessas de retornos elevados podem esconder custos operacionais exagerados. Portanto, muita atenção com as taxas que são cobradas emcada etapa do processo de investimento. Tomar cuidado com a diversificação excessiva: alternativas simples de investimento podem oferecer retornos tão bons quanto muitas alternativas sofisticadas. Embora a diversificação de investimentos seja uma estratégia recomendável, deve-se ter cuidado para não exagerar na dose e cair numa situação na qual torna-se extremamente difícil monitorar adequadamente sua carteira de investimentos. 114 115 Ter opinião própria: embora seja muito importante ouvir a avaliação de vários especialistas, é sempre mais importante possuir uma opinião própria sobre as tendências do mercado. Caso contrário, você ficará como um cego que tem que confiar no seu guia para não errar o caminho. Enquanto o guia estiver certo, tudo bem. Por outro lado, quando o guia começar a falhar, você fica sem rumo. Neste ponto, vale lembrar uma máxima do mercado: quando todos estão seguindo um determinado caminho, tente descobrir se não existe um melhor. No entanto, essa descoberta é possível somente quando se tem consciência do que se está fazendo. Muitos fundos de investimento cobram dos investidores uma taxa de performance, que é a remuneração do administrador do fundo pelo seu desempenho. Este desempenho é avaliado de acordo com algum parâmetro predeterminado no estatuto do fundo. Por exemplo, se um fundo de ações tem como meta superar o desempenho do Ibovespa, a taxa de performance será cobrada sempre que o retorno do fundo em determinado período for maior que o do Ibovespa. Se o fundo não conseguir superar o retorno do Ibovespa, não será cobrada taxa de performance. Portanto, ao escolher um fundo de investimento, deve-se prestar muita atenção nessa taxa. Alguns investidores preocupam-se em analisar apenas o desempenho passado do fundo (o que também deve ser feito) e se esquecem de verificar se existe uma taxa de performance e de quanto ela é. Afinal, retornos esperados elevados podem ser ofuscados por altas taxas de performance, o que, normalmente, o investidor só percebe quando é tarde demais. O ato de investir recursos vem se tornando uma tarefa que exige cada vez mais atenção por parte dos investidores. Como alternativas de investimentos tem-se à disposição do investidor uma cesta de ativos composta por instrumentos de Renda Fixa como operações estruturadas de financiamento a termo na BOVESPA, debêntures, certificados de depósitos bancários (CDB) emitidos por empresas e bancos estrangeiros de primeira linha, que apresentam as melhores rentabilidades e garantias, proporcionando sempre nas reaplicações e movimentações financeiras a isenção da CPMF e oferecendo liquidez diária. Atualmente, há mais de R$ 200 bilhões aplicados nas diversas modalidades de fundos oferecidos pelas instituições administradoras de recursos. Escolher qual fundo investir não é tarefa simples, nem mesmo para grandes investidores. As alternativas são inúmeras e as informações nem sempre estão facilmente disponíveis. APLICAÇÕES FINANCEIRAS COM RENDA FIXAS: São as seguintes as aplicações financeiras com a renda fixa que temos no mercado: - Renda pré - fixada: CDB, RDB, LC, BBC, LTN - Renda pós - fixada: CDB, RDB, LC, Caderneta de Poupança, NTN, Debêntures, - Operações com Fundo de Investimento de Renda Fixa, FAF ENGENHARIA ECONÔMICA: Engenharia econômica é o conjunto de princípios e técnicas necessárias para se tomar decisões sobre aquisições e disponibilidades de bens de capital pelas empresas. De uma forma geral, podemos dizer que a engenharia econômica consiste na teoria, baseada na matemática financeira, que trata da análise técnico-financeira e decisão entre alternativas de investimentos. 115 116 Um estudo técnico-econômico/financeiro completo, envolve normalmente os seguintes passos : 1.1. Objetivo : um problema a resolver ou uma decisão a tomar ou uma função a executar. 1.2. Linhas de ação : As diversas soluções alternativas tecnicamente possíveis. 1.3. Estratégia : Avaliação de cada alternativa de investimento, determinando vantagens e desvantagens. Análise das diferenças, eliminando os fatores comuns. 1.4. Decisão : Comparação e escolha da melhor alternativa de investimento. OBS : naturalmente, só existirá uma decisão se existirem alternativas (linhas) de ação a tomar; é necessário que elas sejam tecnicamente viáveis para que o problema seja solucionado efetivamente e não só teoricamente. Normalmente os métodos existentes de avaliação de alternativas de investimentos analisam e visam uma decisão de optar pela alternativa que apresente o menor custo para atingir a um mesmo objetivo, o maior lucro decorrente de uma aplicação definida ou mesmo a maior taxa de rentabilidade dos capitais empregados, sempre visando soluções de longo prazo. CRITÉRIOS DE DECISÃO: O que caracteriza uma decisão é a existência de mais de uma alternativa de investimento. No limite deste raciocínio, poderemos inclusive adotar como alternativa o "não fazer nada" em oposição a apenas uma alternativa a investir. Não é simples a avaliação das vantagens e desvantagens de cada alternativa de investimento, uma vez que devemos enfocar somente eventos futuros, eliminando fatores constantes e tendo como denominador comum o dinheiro, com isto, iremos elaborar, para cada alternativa, um fluxo caixa. Caso estejamos estudando alternativas de custo, iremos optar pela alternativa mais econômica (de menor custo) e, caso estejamos analisando alternativas que irão gerar recursos, iremos optar pela alternativa mais lucrativa (de maior lucro). Todos os métodos e critérios de avaliação de alternativas de investimento baseiam-se no princípio da equivalência. A comparação das alternativas só poderá ser realizada quando o investidor estabelecer uma medida de equivalência. Esta medida e comumente chamada de Taxa mínima de Atratividade, Taxa mínima Atrativa de Retorno de um Investimento, ou, Taxa Interna de Retorno (IRR-Internal Rate of Return). A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) é uma taxa de juros que representa o mínimo que um investidor se propõe a ganhar quando faz um investimento, ou o máximo que um tomador de dinheiro se propõe a pagar quando faz um financiamento. Esta taxa é formada a partir de 3 componentes básicas: 1. Custo de Oportunidade: remuneração obtida em alternativas que não as analisadas. Exemplo: caderneta de poupança, fundo de investimento, etc. 2. Risco do Negócio: o ganho tem que remunerar o risco inerente de uma nova ação. Quanto maior o risco, maior a remuneração esperada. 3. Liquidez: capacidade ou velocidade em que se pode sair de uma posição no mercado para assumir outra. A TMA é considerada pessoal e intransferível pois a propensão ao risco varia de pessoa para pessoa, ou ainda a TMA pode variar durante o tempo. Assim, não existe algoritmo ou fórmula matemática para calcular a TMA. 116 117 Ao se utilizar uma TMA como taxa de juros de referência, aplicam-se métodos como o Valor Presente Líquido ou o Custo Anual Uniforme para se determinar a viabilidade financeira de um investimento ou empréstimo. Caso o resultado seja positivo, a taxa interna de retorno supera a TMA e o investimento é interessante. O contrário ocorre caso o resultado seja negativo. FLUXO DE CAIXA (CASH-FLOW): O fluxo de caixa indicará os recebimentos e pagamentos futuros decorrentes de um investimento realizado hoje; ele é portanto, um modelo da alternativa de investimento em estudo. Em um fluxo de caixa as datas que aparecem são sempre futuras, partindo de um momento atual (hoje). Por outro lado, lembramos que na análise econômica-financeira, não interessará saber de que maneira as receitas e despesas estarão sendo contabilizadas e sim em quais datas elas estarão efetivamente ocorrendo. O estudo econômico deve cobrir um intervalo de tempo compatível com a duração da proposta de investimento considerada, frequentemente denominada de VIDA ÚTIL, VIDA ECONÔMICA OU VIDA DO PROJETO. A importância da diversificação: Freqüentemente nos deparamos com perguntas do tipo: Qual a melhor alternativa de investimento no momento? Qual é o investimento mais rentável? Estas perguntas são tão sem sentido quanto entrar em uma farmácia e solicitar o melhor remédio para curar uma gripe, por exemplo. A tabela abaixo apresenta uma relação de alguns aspectos que devem ser observados em relação a um medicamento e um determinado investimento. Um bom investimento é aquele que a pessoa escolhe, após uma análise cuidadosa das informações disponíveis, como apropriado às suas preferências em termos de risco e taxa de retorno (rentabilidade), bem como adequando o investimento ao perfil de consumo, patrimônio e fluxo de caixa, do indivíduo ou da família. Baseado nesta premissa, o investidor deve alocar seus recursos de acordo com suas necessidades. Em contrapartida, se o investidor busca maiores retornos precisa assumir maiores riscos. Portanto, o investimento mais adequado é aquele que atende aos seus objetivos financeiros ao longo do tempo e com a melhor relação entre risco e retorno. Podemos entender que a parcela de recursos disponível para um prazo maior pode ser direcionada para alternativas de investimento com maior risco e conseqüentemente com expectativas de maiores retornos. E recursos disponíveis para um prazo mais curto devem ser destinados para investimentos com menor risco e maior liquidez e conseqüentemente menores rentabilidades. Com as elevadas taxas de juros vigentes no Brasil, fica difícil justificar a diversificação em ativos com maiores riscos em troca de expectativas de maior retorno. O mercado de ações, naturalmente uma alternativa de investimento de longo prazo, vem apresentando riscos mais elevados dos que os tradicionais fundos de renda fixa, porém, sem oferecer rentabilidades compensadoras. Nos últimos sete anos (junho de 1995-2002), o índice da Bolsa de Valores de São Paulo registrou uma rentabilidade acumulada de 167,1%, enquanto que o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), o referencial mais utilizado para investimentos em renda fixa, 160,0%. Porém, o risco proporcionado pela Bovespa foi 15 (quinze) vezes ao de um investimento de renda fixa. Então, podemos concluir, que para este período analisado o retorno em ações não compensou o risco proporcionado. Em contrapartida, a poupança no mesmo período apresentou uma rentabilidade de 95,3% (líquida de IR). Neste caso, o ganho proporcionado pelo mercado de ações foi de aproximadamente 40%sobre a poupança. O maior problema para conscientizar as pessoas da necessidade de diversificação em ativos de maior risco está representado no gráfico abaixo. Este gráfico mostra a rentabilidade mensal do 117 118 Ibovespa, CDI, Dólar e Poupança no período de junho de 1995 a 2002. A volatilidade (= risco) apresentada pelo Ibovespa assusta, principalmente, o investidor menos experiente. Historicamente, observamos que investidores optam em diversificar na Bolsa em momentos de alta, porém sem entender a dinâmica deste mercado. A conseqüência imediata é o resgate (ou liquidação) da posição no primeiro retorno negativo apresentado. Outro bom exemplo seria a demanda existente atualmente pelo dólar devido, principalmente, a escalada desenfreada e desequilibrada do seu valor em relação ao real nos últimos dois meses. Comprar dólares ou investir em papéis atrelados ao dólar é uma alternativa para as pessoas que estejam poupando para realizar um gasto futuro em dólar (viagem, estudo dos filhos no exterior, compra de imóveis no exterior, etc) ou que tenham dívidas atreladas em dólar. A diversificação dos investimentos tem por objetivo a redução do risco e a adequação às reais necessidades e/ou objetivos do investidor no curto, médio e longo prazos. Vamos utilizar um exemplo para apresentar a importância da diversificação mesmo em momentos de elevada incerteza e volatilidade no mercado. Uma pessoa concentra todo o seu dinheiro em poupança. Em junho de 1995 havia definido como meta de longo prazo (junho de 2002) fazer uma viagem para os Estados Unidos de um mês com sua família. O correto seria definir o valor em dólares que gostaria de acumular neste período e programar investimentos periódicos equivalentes em dólar em alguma alternativa de investimento atrelada ao dólar. Porém, como esta pessoa é muito conservadora resolveu concentrar seus investimentos em poupança. Decorridos três anos fez uma comparação entre a poupança e o dólar e chegou a conclusão de que sua escolha foi correta. Porém, em janeiro de 1999 veio a surpresa, o dólar se valorizou em relação ao Real. Em junho de 2002, o dólar havia acumulado uma valorização próxima a 120% enquanto a poupança estava com 100%. A escolha mais conservadora seria poupar em dólar para gastos em dólar, independente das expectativas de valorização do dólar ou se este está caro ou barato. A conclusão é que a diversificação dos seus investimentos é muito importante e necessária, porém não descarta uma boa análise e um entendimento das principais alternativas existentes. INFORMAÇÕES PERTINENTES: 01 - O QUE É UM FUNDO DE INVESTIMENTO? É uma forma de investimento que reune vários aplicadores, formando uma espécie de condomínio, no qual as receitas e as despesas são divididas. O patrimônio é gerido por especialistas - os administradores - e aplicado em títulos diversos ou em outros fundos, buscando maximizar os retornos e diminuir os riscos dos investimentos. O dinheiro depositado nos fundos é convertido em cotas. Os cotistas - pessoas que integram o fundo são proprietários de partes da carteira, proporcionais ao capital investido. A cota é atualizada diariamente e o cálculo do saldo é feito multiplicando o número de cotas adquiridas pelo valor da cota daquele dia. O dinheiro aplicado nos fundos é utilizado para a compra de títulos diversos como por exemplo ações, títulos públicos, CDBs, etc.; conforme a política de cada fundo. 02 - POR QUE INVESTIR EM FUNDOS? Uma das principais razões de se investir em fundos é a comodidade para o investidor, que prefere deixar sob os cuidados de especialistas a gestão de seus recursos. As equipes de gestores acompanham e analisam o mercado diariamente em busca de boas oportunidades de investimento, o que muitas vezes o investidor não tem tempo nem condições de fazer. Em virtude do volume de dinheiro que capta, o fundo consegue taxas mais vantajosas em 118 119 várias operações do que um pequeno e médio investidor individualmente conseguiria. Os fundos são investimentos com alta liquidez, o que permite na grande maioria dos casos saques a qualquer momento sem qualquer tipo de carência. 03 - OS FATORES QUE DETERMINAM A RENTABILIDADE ? A rentabilidade de cada fundo é determinada pela estratégia de investimento adotada pelo administrador que deve respeitar as características definidas no seu estatuto. Existem fundos conservadores e fundos mais agressivos com graus de risco definidos de acordo com seu objetivo. Se um fundo conseguir rentabilidade de 3% em um mês, todos os cotistas terão a mesma valorização, independentemente do valor aplicado. As taxas e impostos têm grande importância na rentabilidade do fundo, portanto, vale a pena ficar atento às taxas cobradas, que variamde acordo como fundo e coma instituição. 04 - QUEM ADMINISTRA OS FUNDOS? Os administradores de fundos são as instituições financeiras responsáveis legais perante os órgãos normativos e reguladores (Comissão de Valores Mobiliários - CVM e Banco Central) além de determinar a política e o regulamento de cada fundo. Existe também a figura do gestor de fundos que é responsável pela escolha dos papéis, avaliação dos cenários e montagem das carteiras. No Brasil, existem administradores que realizam a gestão de seus fundos e que também terceirizam esta gestão para asset managers independentes. Profissionais especializados acompanham o mercado e procuram definir os melhores momentos de compra e venda e quais ativos comporão a carteira do fundo. Cada fundo de investimento constitui-se como uma pessoa jurídica própria, não se confundindo com a instituição gestora. O que significa que o dinheiro aplicado num fundo está resguardado de qualquer eventual problema financeiro que a administradora ou a gestora venha a ter. 05 - AS TAXAS COBRADAS? Taxa de administração. A taxa de administração é a porcentagem cobrada sobre o valor total da aplicação de cada cotista do fundo independentemente do resultado do mesmo. Será recolhida diariamente uma parcela pelo administrador, que varia de fundo para fundo. É a remuneração da instituição administradora pelo serviço de gestão e custódia dos recursos. O regulamento do fundo deve prever quanto será o percentual cobrado relativo à taxa de administração. Taxa de Performance Muitos fundos cobram uma taxa extra, além da taxa de administração, sobre o que exceder o seu benchmark (seu parâmetro de comparação). O benchmark muda de acordo com o tipo de fundo. Os Fundos de renda fixa normalmente adotam o CDI ou o IGP-M como comparativo, os fundos cambiais usam como benchmark o dólar e os fundos de renda variável costumam adotar o IBOVESPA. Sobre a rentabilidade obtida acima destes índices, é aplicada uma taxa de performance, que pode variar de um fundo para outro. Por exemplo: Um fundo de renda fixa que possui como meta o CDI, cobra uma taxa de 20% sobre a rentabilidade que exceder o rendimento do CDI. Portanto, se o fundo render 30% no ano, e o CDI render 20%, sobre a diferença, no caso 10% será cobrada a taxa de performance. O que no caso, será 2% fazendo com que o rendimento do fundo de 30% passe para 28% no ano, descontada a taxa de performance. 06 - APLICAÇÕES E RESGATES Cada fundo define o valor mínimo para a aplicação inicial e para os movimentos adicionais. Os valores exigidos pelas administradoras de recursos de terceiros variam conforme sua política de investimento, composição da carteira e público-alvo. Há fundos bem populares, que aceitam aplicações iniciais a partir de R$ 100,00. Os prazos para movimentação dos 119 120 fundos devem ser divulgados, uma vez que diferem de acordo com o fundo e com a instituição. Para aplicação, o padrão é considerar as cotas de D+0 ou D+1. Se for solicitada uma aplicação até o horário permitido do dia que varia das 9.00 às 16.00 horas, a cota que valerá será a daquele dia (D+0) ou a do dia útil seguinte (D+1). É importante notar que a data do pedido de resgate (que costuma ser D+1) não necessariamente é igual à data em que o dinheiro estará disponível na conta corrente (que pode ser D+0, D+1 ou D+3). 07 - ÓRGÃOS REGULADORES O órgão regulador a que o fundo vai se submeter varia conforme a composição e política de investimento da carteira. O Conselho Monetário Nacional (CMN), entidade superior do sistema financeiro, autoriza a criação e o funcionamento dos fundos e delega à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou ao Banco Central (Bacen) a responsabilidade pelo controle e acompanhamento da gestão. O Banco Central (Bacen) é o órgão executivo do sistema financeiro. A entidade é responsável pela regulação e fiscalização dos fundos de investimento de renda fixa. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o órgão normativo do sistema financeiro voltado basicamente para a fiscalização do mercado de ações e de debêntures. A CVM está para os fundos de renda variável assim como o Bacen está para os de renda fixa. As carteiras reguladas e fiscalizadas pela CVM devem ter, no mínimo, 51% dos recursos aplicados em ações de companhias abertas registradas na própria entidade. Além disso, podem ser constituídas sob a forma de condomínio aberto ou fechado, com prazo de duração determinado ou indeterminado. 08 - AS CATEGORIAS DOS FUNDOS Os fundos de investimento podem ser classificados em duas grandes categorias: renda fixa e renda variável. Renda Fixa Os fundos de renda fixa devem aplicar no mínimo 51% de seu patrimônio em títulos de renda fixa que pagam juros pré ou pós-fixados. Estes fundos dividem-se em: os FIFs e os FACs. Os FIFs - Fundos de Investimento Financeiro-investem seu patrimônio diretamente em títulos diversos do mercado, como títulos públicos federais, CDBs e debêntures, entre outros. Todo o patrimônio líquido dos FIFs pode ser alocado em títulos públicos federais. De acordo com o Bacen, o investimento em ações e cotas de fundos de ações não pode ultrapassar 49% do patrimônio líquido (PL). O percentual da carteira em títulos emitidos por uma mesma pessoa jurídica, sociedades por ela controladas ou coligadas deve ser igual ou menor a 10% do patrimônio. Aplicações em papéis de uma única instituição financeira ou coligada não podem representar mais do que 20% dos recursos. Já os FACs - Fundos de Aplicação em Cotas - aplicam seu patrimônio em cotas de diferentes tipos de FIFs, em proporções variáveis. Os FACs, portanto, são fundos de fundos, o que significa que em vez de aplicar diretamente em ativos, preferem aplicar em cotas de fundos diversos inclusive de outras instituições. Os títulos de renda fixa mais comuns que compõem as carteiras dos fundos são o Certificado de Depósito Bancário (CDB) e os títulos públicos, como LTN e NBC, entre outros. Os títulos com juros prefixados têm definido no momento do investimento o percentual que será pago. Por exemplo: No caso de um CDB de 60 dias prefixado, o investidor saberá no momento da aplicação, que será pago 3% de juros nesse período. Os títulos com juros pósfixados têm sua valorização atrelada a um indicador como, por exemplo, o DI (depósito interbancário). Isso significa que o investidor não sabe, no momento da aplicação, quanto serão os juros pagos ao final do período, pois eles irão depender da performance do indicador. 120 121 09 - OS GRUPOS DE FUNDOS DE RENDA FIXA Existem diversos tipos de fundos de renda fixa uns mais conservadores com baixo nível de risco e outros mais arrojados. Os fundos de renda fixa mais arrojados mesclam em sua composição ativos de renda fixa e de renda variável ou operações com derivativos (mercado futuro). A Associação Nacional dos Bancos de Investimento (ANBID) desenvolveu uma classificação para os fundos procurando identificar mais claramente as diferentes famílias de acordo o perfil de risco, potencial de retorno e metas do investimento. A idéia é separar os fundos principalmente de acordo com seu grau de risco e obrigar as instituições administradoras a seguir mais de perto o objetivo de cada fundo, buscando evitar que o investidor compre \"gato por lebre\". A classificação adotada pela ANBID dividiu os fundos de renda fixa em 3 grandes grupos: 1. Fundos Referenciados: Fundos referenciados são aqueles que adotam uma administração passiva, ou seja, o fundo busca replicar a performance de determinado indicador. Os fundos referenciados devem ser compostos por no mínimo 95% de ativos de renda fixa que acompanham o desempenho de um único indicador escolhido pelo administrador, como o CDI ou o dólar. Pelo menos 80% da sua carteira deve ser aplicada em títulos públicos federais ou ainda títulos de empresas privadas, que apresentem baixo risco de crédito. Estes fundos não podem possuir uma posição que comprometa seu patrimônio em operações futuras, evitando possibilidades de perdas. Fazem parte deste grupo: Fundos DI Estão totalmente atrelados à variação do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) no prazo de um dia. A indexação é feita por meio de derivativos financeiros, como swap de taxas. São fundos que acompanham a taxa de juros, sendo indicados para cenários cuja expectativa é de alta da taxa de juros. Fundos Cambiais Buscam proteger a moeda nacional contra eventuais desvalorizações. Aplicam em títulos de renda fixa corrigidos pelo dólar, como NTN- C (Notas do Tesouro Nacional Cambiais) e export notes. Instrumentos de derivativos como swap de dólar também são permitidos. Além de acompanhar a variação do dólar, o capital é rentabilizado com uma taxa de juros. É indicado para quem possui dívidas em dólar ou quem acredita na desvalorização da nossa moeda. 2. Fundos Não Referenciados: São fundos considerados conservadores e/ou moderados, e que não precisam seguir nenhum referencial ou indicador. Neste tipo de fundo é possível diversificar a carteira em títulos prefixados e pós-fixados com diferentes indexadores. Estes fundos deverão ser compostos com no mínimo 80% de títulos públicos federais, ou títulos de empresas privadas que apresentem baixo risco. Fazem parte desta categoria: Fundos de Renda Fixa Tradicionais Aplicam em ativos de renda fixa prefixados e pós-fixados. Tais carteiras não possuem uma estratégia de investimento claramente definida, o que dificulta mensurar os riscos envolvidos na aplicação. A rentabilidade varia de acordo com os humores do mercado e a estratégia usada pelo administrador. 3. Fundos Genéricos: São fundos que podem apresentar risco moderado ou agressivo, uma vez que possuem total liberdade na composição da carteira, podendo aplicar até 49% de seu patrimônio em ações além de aceitar operações de derivativos. Em virtude do risco existente nestes fundos, informações como a política de investimentos, taxas, classificação, etc, devem ser destacadas para que o investidor entenda exatamente em que tipo de fundo está aplicando. Fazem parte desta categoria: Fundos Derivativos Aplicam em ativos de renda fixa pré ou pós-fixados e assume posições em derivativos, incrementando a rentabilidade por meio de contratos no mercado de futuros, opções e operações no mercado a termo. Em função das estratégias arrojadas, os valores das cotas podem sofrer fortes impactos, acarretando, inclusive, perda do patrimônio. Os fundos derivativos recebem a classificação "FIFs Livres". Fundos Multiportfólio São aqueles que tem sua carteira diversificada entre 121 122 títulos e operações de renda fixa e aplicações em renda variável, podendo atuar também no mercado de derivativos. Fundo de Investimento no Exterior - Fiex. Foi criado como alternativa de investimento em moeda estrangeira. Deve investir no mínimo 80% da carteira em títulos da dívida externa brasileira, também conhecidos como bradies e até 20% em qualquer título de crédito negociado no mercado internacional, com o limite de concentração máximo de 10% em títulos de um mesmo emitente. Os títulos são mantidos em custódia no exterior em nome do fundo e pode alternativamente, ter no máximo, 10% do seu patrimônio, isolada ou cumulativamente, em conta de depósito no exterior ou no país, em nome do fundo e ainda realizar operações em mercado organizados de derivativos no exterior, exclusivamente para fins de hedge. É um fundo aberto formado por cotas sem carência para resgate, caracterizado como de renda fixa, embora com volatilidade de renda variável. 10 - OS GRUPOS DE FUNDOS DE RENDA VARIÁVEL Os fundos de renda variável devem ter no mínimo 51% de sua carteira aplicada em títulos de renda variável como ações, além de também poderem operar no mercado futuro. Estes fundos portanto, estão sujeitos a fortes oscilações em sua rentabilidade, possuem alto risco, possibilidade de altos retornos e também de eventuais perdas. São conhecidos popularmente como Fundos de Ações e são chamados oficialmente de FITVM - Fundos de Investimento em Títulos e Valores Mobiliários. Os fundos de renda variável podem ser divididos em três grupos: fundos passivos, fundos ativos e setoriais. O FITVM pode aplicar seu patrimônio em: ações de emissão de companhias com registro na CVM; valores mobiliários cuja distribuição tenha sido objeto de registro na CVM; certificados ou recibos de depósitos de valores mobiliários, regulados pelo CMN ou pela CVM; títulos públicos de emissão do Tesouro Nacional ou do BC; títulos de renda fixa de emissão de instituições financeiras; cotas de FIF, cotas de FAC e cotas de FIEX; operações com derivativos, envolvendo contratos referenciados em títulos e valores mobiliários, realizadas em pregão ou em sistema eletrônico que atenda as mesmas condições dos sistemas competitivos administrados por bolsas;operações de empréstimos de ações, na forma regulada pela CVM e - operações compromissadas de acordo com a regulamentação do CMN, limitadas a 5% do PL do fundo. Os fundos passivos têm como objetivo seguir um indexador como o Ibovespa ou qualquer outro. Na prática, um fundo passivo de Ibovespa vai compor sua carteira com base na carteira do Ibovespa e aguardar os resultados. Já os fundos ativos buscam superar a rentabilidade de seu indexador. Para isto é necessário ter uma estratégia agressiva na composição da carteira, usando em alguns casos operações no mercado futuro. Os fundos setoriais por sua vez possuem como estratégia investir em ações de determinado setor como telecomunicações, energia, bancos e tecnologia. 11 - TRIBUTAÇÃO IR Imposto de renda 20% é a alíquota aplicada nos ganhos obtidos com fundos de renda fixa, já os ganhos com fundos de renda variável são tributados em 10%. Para a Receita Federal um fundo só pode ser tributado em 10% se possuir no mínimo 67% de seu patrimônio aplicado em títulos de renda variável como ações. IOF - Imposto sobre operações financeiras Apenas os fundos de renda fixa estão sujeitos à cobrança de IOF. Saques realizados com prazos inferiores a 30 dias terão incidência do IOF sobre os rendimentos auferidos. 12 - ANÁLISE DE DESEMPENHO Transparência É obrigação dos administradores de recursos fornecerem todo o tipo de informação relevante para o cotista sobre a política de investimento do fundos, os riscos 122 123 envolvidos e os principais direitos e responsabilidades dos investidores e dos gestores. O prospecto e o regulamento do Fundo são os instrumentos básicos de informação no momento inicial do investimento. Porém, durante o período de permanência do investidor no fundo ele deve ser informado sobre todas as mudanças importantes, seja na equipe de gestores ou no estatuto do fundo. A utilização do correio eletrônico (e-mail) como meio de comunicação entre o administrador de fundos e os cotistas é uma das principais inovações nas regras dos fundos. Benchmark é um indicador que dá a referência de performance que cada fundo busca acompanhar. Os fundos de Renda Fixa costumam ter como ponto de referência o CDI ( Certificado de Depósito Interbancário ). A meta é sempre obter resultados iguais ou superiores à taxa do CDI, como mostra o exemplo a seguir: O Fundo XYZ obteve em 1998 rentabilidade igual a 36,16%, enquanto o CDI rendeu 28,61%. Portanto se o objetivo do fundo era render 110% do CDI, ele superou seus objetivos e rendeu na verdade 126% em relação a taxa do CDI. Já em 1999, por exemplo o Fundo XYZ rendeu apenas 22,56% enquanto o CDI teve retorno de 25,26% . O Fundo não atingiu seu objetivo pois rendeu na verdade apenas 89% comparada à taxa do CDI. Já os fundos de Renda Variável possuem como principal benchmark o Índice Bovespa. Os fundos de ações buscam alcançar rentabilidade anual igual ou maior que o IBOVESPA, dependendo do perfil e composição do fundo. Volatilidade A volatilidade vem a ser a dispersão positiva ou negativa em relação à média das rentabilidades diárias. Mais especificamente seria a média dos desvios padrões . Um investimento com alta volatilidade deve ser considerado como de maior risco. Já os investimentos com baixa volatilidade possuem uma performance mais estável e, portanto, com um comportamento mais previsível, sua performance não surpreende o investidor. Risco e retorno Retorno e risco são duas variáveis que andam juntas no mundo dos investimentos. Quanto maior a possibilidade de retorno maiores os riscos envolvidos. Por exemplo, fundos que investem mais do que seu patrimônio no mercado futuro e que podem ter alta rentabilidade em certos períodos, trazem consigo um alto risco e a possibilidade de rendimentos negativos durante algum período. Já os fundos mais conservadores procuram garantir mais segurança aos seus investidores e portanto rentabilidades menores. Análise de Risco Antes de investir em um fundo é importante avaliar! Os riscos envolvidos na aplicação. Conhecer o tipo de investimento, a volatilidade das cotas e os índices de risco do fundo é fundamental para a escolha consciente do investidor. Outros aspectos que devem ser analisados pelo investidor são: a instituição que faz a gestão e a administração do fundo, o agente custodiante (instituição que faz a custódia dos títulos do fundo) bem como a empresa que faz auditoria dos fundos. Alavancagem Um conceito importante a ser explorado é o de Alavancagem. A alavancagem ocorre quando o gestor assume obrigações maiores do que o patrimônio do fundo caso as operações previstas dêem errado. O regulamento de cada fundo preceitua quanto é o limite de alavancagem de cada fundo. Por isso, é importante sempre ler no regulamento quanto é este limite para se conhecer o campo de atuação do gestor. Há gestores que alavancam mais de três vezes o patrimônio do fundo. Para os fundos de renda variável há um limite estabelecido pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) de 100% de alavancagem sobre o patrimônio. Risco de Crédito É a avaliação da capacidade do emissor de cada papel em honrar a obrigação assumida no título. Por exemplo, se um CDB compuser a carteira do fundo, é fato relevante saber se o Banco emissor está pagando suas contas, adimplento no mercado, em suma a saúde financeira da instituição. Índice de Sharpe: O índice de Sharpe, criado por William Sharpe, é um indicador que permite avaliar a relação entre o retorno e o risco dos fundos. Ele deve ser usado para comparar fundos de uma mesma categoria. O índice de Sharpe é definido pela seguinte equação: 123 124 (Retorno Fundo - Retorno Livre de Risco) IS = Desvio Padrão do Retorno do Fundo. O Retorno do Fundo menos o Retorno Livre de risco é definido como prêmio que o investidor tem pelo risco que se dispôs a assumir. Quanto maior este prêmio, maior o Sharpe, quanto menor o desvio padrão, será maior o Sharpe. Histórico do Fundo e do Gestor Embora rentabilidade passada não seja garantia de rentabilidade futura, a evolução do valor das cotas do fundo é um bom parâmetro para se tomar como base na escolha de um fundo de investimento. Porém, é importante saber se a política de gestão praticada, o gestor e os procedimentos de análises atuais são os mesmos que garantiram aquela rentabilidade passada. 13 - OUTROS FUNDOS 1. Fundo Capital Garantido tem como meta proteger o capital principal investido. Investe uma pequena parcela do patrimônio em renda variável, buscando uma rentabilidade maior do que a dos demais fundos de renda fixa, porém, sem colocar em risco o valor principal. Se o mercado de renda variável alcançar bom desempenho este fundo renderá mais do que os fundos que só investem em renda fixa. Caso o mercado de renda variável não apresente bons resultados, o investidor não perde seu capital como aconteceria se ele tivesse aplicado num fundo de ações, ele terá garantido o capital inicial investido. Por exemplo: Um fundo investe 98% de seu patrimônio em títulos de renda fixa prefixado, com este rendimento ele garante uma rentabilidade que cobrirá os 2% restante do patrimônio do fundo. Os outros 2% o administrador investe em títulos de renda variável ou no mercado futuro, buscando maior rentabilidade. Caso, haja perda total nos investimentos de renda variável ele tem garantido os 100% do patrimônio do fundo. Na pior das hipóteses este fundo não perde. 2. Fundos Off Shore: São carteiras que aplicam recursos disponíveis no exterior em ativos brasileiros e que têm a sua sede formalmente localizada no exterior. 3. Fundos Private Equity: São fundos fechados que compram participações minoritárias em empresas privadas. Esses fundos não podem investir em empresas de capital fechado. Por esta razão esta razão as empresas interessadas em receber esses investimentos devem abrir o capital ou fazer a chamada abertura técnica\" (registro na CVM e emissão de ações que são compradas pelo fundos). Os objetivos dos fundos private equity são capitalizar a empresa, definir uma estratégia de crescimento, valorizar as ações e vender com lucro esta participação. O horizonte da aplicação varia de três a oito anos. FLUXO DE CAIXA A tabela abaixo apresenta o fluxo de caixa de um certo projeto. Valor (milhares de reais) Período (anos) - 50 35 22 0 1 2 São entradas e saídas financeiras que representam as movimentações de capitais em um projeto ou investimento. 124 125 PAYBACK O Pay Back é uma das técnicas de análise de investimento mais comuns que existem. Consiste em umas das alternativas mais populares ao VPL. Sua principal vantagem em relação ao VPL consiste em que a regra do Pay Back leva em conta o tempo do investimento e conseqüentemente é uma metodologia mais apropriada para ambientes com risco elevado. Este método visa calcular o nº de períodos ou quanto tempo o investidor irá precisar para recuperar o investimento realizado. Um investimento significa uma saída imediata de dinheiro. Em contrapartida se espera receber fluxos de caixa que visem recuperar essa saída. O Pay Back calcula quanto tempo isso irá demorar. Utilizemos o modelo: Anos Receita Liquida Custo e despesas Fluxo de CX Payback 0 1 2 3 4 5 R$ 40.000 R$ 40.000 R$ 40.000 R$ 40.000 R$ 40.000 (R$ 10.000) (R$ 11.000) (R$ 12.000) (R$ 13.000) (R$ 14.000) R$ (67.500) R$ 30.000 R$ 29.000 R$ 28.000 R$ 27.000 R$ 26.000 R$ (67.500) R$ (37.500) R$ (8.500) R$ 19.500 R$ 46.500 R$ 72.500 Se fica positivo no ano 3, então o payback se dá em aproximadamente 3 anos. PAYBACK DESCONTADO Embora o exemplo descrito acima seja largamente utilizado, pode-se afirmar com certeza de que ele é um tanto simplificado. O principal problema do Pay Back da forma como foi descrito acima, é que ele não levou em consideração a taxa de juros (pois era o Payback Simples). Outro fato a ser levado em conta é que nem sempre os fluxos esperados são constantes. Agora analisando pela ótica do Payback Descontado vamos ver os reflexos no valor presente considerando os respectivos prazos que se seguem e uma taxa de juros anual de 15%. Para isso, utilizaremos a fórmula de juros compostos ( FV = PV . ( 1 + i )n. Lembrando que, se queremos considerar a perda de valor do dinheiro no tempo, o capital de amanhã não tem o mesmo poder de compra de hoje. ANO 0 1 2 3 4 5 FLUXO CX 0 30.000 29.000 28.000 27.000 26.000 FLX CX DESC 0 26.087 21.928 18.410 15.437 125 Payback Acumulado - 67.500 - 41.413 - 19.485 - 1.075 14.362 126 Para o Fluxo de Caixa descontado, temos: 1º Período: VF= VP x (1 + i )n 30.000 = VP x (1 + 0,15) 1 VP = 26.087,00 2º Período: n = 2 => VP = 21.928,00 3º Período: n = 3 => VP = 18.410,00 4º Período: n = 4 => VP = 15.437,00 E como encontrar a data do payback descontado: é igual ao último ano em que o saldo descontado é negativo + ((o último saldo de caixa descontado negativo / pelo próximo fluxo de caixa descontado) / 12) ... 3 + ((1.075/15.437) / 12) = 3 + (0,07 x 12) = 3 + 0,84 mês ou aproximadamente 1 mês. => R: 3 ANOS E 1 MES VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) O Valor Presente Líquido (VPL) é utilizado para calcular atratividade de investimentos. O VPL É uma técnica sofisticada de análise de orçamentos de capital, obtida subtraindo-se o investimento inicial de um projeto do valor presente das entradas de caixa descontada a uma taxa igual ao custo de capital da empresa. O valor presente líquido (VPL) é obtido subtraindo-se o investimento inicial do valor presente das entradas de caixa, descontadas a uma taxa igual ao custo de capital da empresa. VPL = VP FL CX - Io Embora o cálculo seja bem direto, precisamos observar uma coisa importante. Como os fluxos são mensais, a cada mês as parcelas vão perdendo valor. Contudo, os valores investidos inicialmente foram investidos com valores correntes. Desta forma, precisamos descontar cada fluxo de caixa que ocorrerá para saber o quanto ele vale, hoje, e comparar este resultado com o valor investido. O investimento de VPL começa um período antes da data do fluxo de caixa de valor 1 e termina com o último fluxo de caixa na lista. O cálculo de VPL baseia-se em fluxos e caixa futuros. Se o seu primeiro fluxo de caixa ocorrer no início do primeiro período, o primeiro valor deverá ser incluído ao resultado VPL, e não nos valores de argumentos. 126 127 ANO 0 1 2 3 4 5 FLUXO CX 0 30.000 29.000 28.000 27.000 26.000 FLX CX DESC 0 26.087 21.928 18.410 15.437 12.927 Payback Acumulado - 67.500 - 41.413 - 19.485 - 1.075 14.362 27.289 O VPL pode ser determinado, ou pelo saldo residual ao final do período de análise, que no caso analisado é aproximadamente R$ 27.289,00, ou com a HP 12 C: f CLX 67500 CHS g CFo 30000 g CFJ 29000 g CFJ 28000 g CFJ 27000 g CFJ 26000 g CFJ 15 i f NPV => VPL = R$ 27.289,51 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) A Taxa Interna de Retorno (TIR), em inglês IRR (Internal Rate of Return), é outra medida de investimento, porém, diferentemente do VPL, a TIR não retorna um valor monetário. Ela retorna um percentual. O percentual retornado pela TIR é a taxa de juros que zero o VPL. A TIR é calculada em cima do investimento e fluxos de caixa: A Taxa Interna de Retorno de um investimento pode ser: Maior do que a Taxa Mínima de Atratividade: significa que o investimento é economicamente atrativo. • Igual à Taxa Mínima de Atratividade: o investimento está economicamente numa situação de indiferença. • Menor do que a Taxa Mínima de Atratividade: o investimento não é economicamente atrativo pois seu retorno é superado pelo retorno de um investimento com o mínimo de retorno. • Entre vários investimentos, o melhor será aquele que tiver a maior Taxa Interna de Retorno Matematicamente, a Taxa Interna de Retorno é a taxa de juros que torna o valor presente das entradas de caixa igual ao valor presente das saídas de caixa do projeto de investimento. 127 128 Outra forma, e mais fácil, é com a HP 12 C. E o procedimento é semelhante ao do cálculo do VPL: f CLX 67500 CHS g CFo 30000 g CFJ 29000 g CFJ 28000 g CFJ 27000 g CFJ 26000 g CFJ 15 i f IRR => TIR = 33,62% Nesse caso, a TIR de 33,62% é superior à taxa de juros, considerada a TMA, de 15%, e portanto o investimento é economicamente atrativo. EXERCICIO DE FIXAÇÃO A empresa Metal Pesado Ltda. está analisando a proposta de compra de um equipamento de corte e dobra de chapas de aço cujo preço é de R$ 226.000,00, para que possa oferecer esse tipo de serviço a seus clientes. A empresa prevê que, ao oferecer os serviços do equipamento, terá um incremento de fluxo de caixa de R$ 85.000,00 no primeiro ano, R$ 102.000,00 no segundo ano, R$ 114.000,00 no terceiro ano, R$ 126.000,00 no quarto ano e R$ 138.000,00 no quinto ano. Porém, para ter uma real noção do retorno obtido, a empresa decidiu que: I. Deveria ser descontado desse fluxo de caixa o valor da depreciação anual do equipamento, referente ao valor de aquisição dividido por 10 (anos); II. Os sócios da Metal Pesado Ltda. desejam receber um retorno de 12,5% nesse investimento; III. Para os mesmos, o ideal de retorno de investimento deverá ser em 3,5 anos pelo payback descontado. Com base nessas informações: a) b) c) d) e) determine o payback descontado do investimento (em anos e meses); determine o VPL do investimento; determine a TIR do investimento; o retorno é o esperado pelos sócios? Justifique; se fosse você o(a) investidor(a), consideraria outra base de análise do investimento? Justifique. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES Atividade “Exercícios de Matemática Financeira”. Atividade: “Análises de Investimento”. 128