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Eva Barbada

Eva barbada

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  Franco Jr,Hilário.A eva barbada:ensaios de mitologia medieval. Editora universidade de São Paulo,2010. Na idade média a cultura folclórica era transmitida pela oralidade, porém essa cultura foi se expandindo e ganhou lugar na literatura e na arte. A imagem era de suma importância e era considerada uma mediadora cultural, a representação através da imagem era mais lúdica e mais estática, portanto mais duradoura. Para tentar entender as imagens religiosas, procura se interpretar as possíveis leituras que a imagem perpassa a partir do contexto sociocultural-psicológico, isto é, verificar as relações entre significante e significado. Vamos analisar uma obra com a ajuda dessas considerações teóricas. “  Apresentação de Eva e Adão ”  é a obra analisada no texto onde Eva possui uma barba, que sempre foi interpretado como um engano ou irreverencia por parte do artista ou restaurador. Há várias suposições em torno dessa obra, para Prosper Mérimeé foi um erro durante a pintura da obra criando uma falsa “Eva barbada”, Elise Maillard afirmo u que foi descuido, pois ele tentou corrigir o erro, mas o gesso seco não fixou a tinta. George Henderson considerou a cena normal, negando que Eva tivesse barba. Houve várias outras teorias, porém nenhum procurou a explicação na cultura folclórica da época. Uma hipótese seria considerar um elemento cultural conhecido na região de Saint-Savin, a lenda da santa barbada, pois de acordo com evangelho de Tom ás, “toda mulher que se fizer homem entrará no Reino de Deus”, então a possível justificativa da Eva barbada seria para simbolizar uma vida espiritual superior. No caso da Santa Gala, jovem que ganhou barba por recusar um casamento, está associada à negação da sexualidade. Outras histórias parecidas com essa mostram mulheres que recusaram o estatuto de esposa e de mãe, como Eva antes da queda. Há também uma relação inversa da barba com a roupa, a barba era elemento da glória, reflexo da imagem divina, já a roupa é usada para cobrir o corpo da tentação do pecado.  “A „Eva barbada‟ nada tinha de exótico ou de improvável. Era a expressão imagística de questionamentos e ansiedades profundas da época.” ( Franco Jr, Hilário. 1948. Pp 192)