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Fundamentos De Ayrá

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Fundamentos de Ayrá – Um Orixá Funfun Airá era um orixá do fundamento de Xangô. Airá era um dos servos de confiança de Xangô e, seguindo a mitologia, Airá tentou instaurar um atrito entre Oxalá e Xangô, graças a isso, Airá, deve ser tratado de forma diferente de Xangô e seu assentamento deve ficar na casa de Oxalá. Por  essa rivalidade com Xangô, não se deve coloca-los juntos, jamais, na mesma casa, nem por os assentamentos de Airá sobre o pilão, pois isso provoca a ira de Xangô. Sua cor é o branco e seus ornamentos são prateados. Airá é um orixá da família dos raios mas, é relacionado com o vento. Seu nome pode ser traduzido como redemoinho. Redemoinho é o encontro dos ventos, assemelha-se a um furacão. f uracão. Airá pode ser reverenciado como o encontro dos ventos. Pouco se sabe sobre o surgimento ou nascimento de Ayrá, por esta razão, muitos atribuem sua filiação à Iyemanjá e Oraniã, assim como Xangô e Aganjú. No Brasil, Airá é visto, erroneamente, como uma qualidade de Xangô. Airá é visto como uma face mais pacífica e amena de Xangô. Ao contrário de Xangô, Airá não é rei, nem possui o caráter, punitivo e colérico. Este caráter mais ameno, pode ser evidenciado numa das cantigas que diz: “ A chuva de Ayrá apenas limpa e faz barulho como um tambor...” Airá zela pela paz e pela justiça de forma incondicional, ao contrário de Oxalá que representa a paz, Airá a estabelece e possui uma ação muito mais direta em sua imposição. Airá pode ser enquadrado como um sentinela de Oxalufã, e seria ele, Airá, Airá, quem estabelece sua sua vontade. Apesar de Airá ser considerado por muitos uma qualidade de Xangô, não é. Airá era, como contam alguns itans, um dos súditos de Xangô, talvez um dos seus escravos, que, a pedido do rei, acompanhou Obatalá até seu reino, após este ter sido liberto do calabouço no qual fora prisioneiro, por  engano, de Xangô. Obatalá, fragilizado e sem forças para caminhar, é carregado nas costas, por Airá, durante vários dias. A noite, Airá ascendia um fogueira para aquecer Obatalá e contava-lhe histórias. Ao final dessa trajetória, Obatalá, determinou que Airá o acompanhasse para sempre, dando-lhe status de orixá. Desde então, Airá, tornou-se um orixá Funfun, que veste o branco e não aceita dendê. A fogueira, comemorada por  muitos terreiros, no mês de junho de cada ano, é dedicada à Airá, onde ele canta e dança, acompanhado por Oyá, sobre as brasas. Três caminhos de Airá são mais conhecidos: Igbonã, Intilé e Adjá Osì; sendo o primeiro ligado à Xangô, tendo a fogueira como símbolo. Ayrá é o verdadeiro Obá Kossô, tendo ganhado esse posto em certa ocasião, quando Xangô o pede para buscar a coroa que estava guardado na casa dos mortos, por Oyá, que temia por seu amado ocupar o trono de Kossô. Para entrar na casa dos mortos, Airá, utiliza-se do Ajerê, que consistia em uma vasilha com bolas de algodão embebidas no dendê, em chamas, que Airá tirava uma a uma, colocando-as na boca, com isso ele conseguia enxergar o Adê Baiyani, que era o nome desta coroa. Ela só podia ser carregada na cabeça, e ela escolhia em que cabeça queria ficar. Airá após levar Adê Baiyani até Xangô, este não consegue suportá-la na sobre sua cabeça, e a devolve a Airá, neste momento o povo de Kossô ovaciona Airá como o novo rei. Cantando: “Obá Kossô Ayrá ê! Ayrá Inan! Obá Kossô Ayrá ê! Ayrá Inan!” Títulos de Ayrá Ayrá Intilé  – Veste branco, ligado a Iyemanjá Soba e Oxum Karé. É rebelde, segundo os mitos, foi ele quem provocou a quizila entre Obatalá e Xangô. Por ser um filho rebelde, Oxalá retirou de seu pescoço o colar de contas vermelhas e o transformou com contas alternadas em vermelho e branco, assim toda a terra saberia que Intilé era seu filho. Os filhos de Intilé são altivos, prepotentes, equilibrados, sábios, serveros, moralistas e galantes. Ayrá Igbonã  – É considerado o Pai do fogo. Ele que carregou Obatalá nas costas, e ascendia a fogueira para aquecê-lo. Seus filhos são de espírito  jovem, intolerante, brincalhões, alegres e gostam de dançar. Veste branco. Ayrá Adja Osì  – É o eterno companheiro de Oxaguiã, aprendeu a lutar  com ele. Veste o branco. Seus filhos são jovens, batalhadores, guerreiros, persistentes, mas, às vezes, deixam-se enganar pela impetuosidade. São calmos, amorosos, alegres, sentimentais, delicados e sensíveis. Modè ou Mòfé ou Alàmodé  – É um título de Ayrá. Considerado o pai das águas quentes, pouco difundido nos terreiros. Vem acompanhado de Oxum Iypondá. Conta o mito que Modé vestiu-se de Oxum para ser  confundido durante uma busca para prendê-lo. Sendo assim, geralmente ele é cultuado como uma Iyagbá, seus animais são fêmeas e seus filhos, geralmente, mais delicados e ardilosos, que choram com facilidade para chegarem onde querem. Lojó – Outro título de Ayrá, faz referencia à chuva acompanhada de vento. Óbómim/ Bómim/ Ygbómim – Mais um título de Ayrá. É bom, conselheiro, dono da verdade, reina nas águas junto com Oxum, foi ele quem Oxalá transformou em seu primeiro ministro. Não faz nada sem consultar Oxalá. Curiosidades: No Brasil, normalmente confundido e cultuado como uma qualidade de Xangô, Ayrá, portanto, deve ser considerado como uma divindade individual. Ayrá não é de origem Iyorubà, seu culto está restrito à região de Savé, em território Jeje, talvez por essa razão seu culto não tenham ganho expressividade, já que nesta região da áfrica os cultos predominantes são voltados à Oxumaré, Obaluayê e Nanã. Não se sabe ao certo sobre sua ascendência, por isso Ayrá é considerado como filho de Iyemanjá e Oraniã, assim como Xangô e Aganjú. Em contexto Geral, Ayrá é considerado como um orixá Funfun, ou seja, orixá que veste o branco. É considerado uma divindade de caráter  passivo, seus fundamentos são relacionados a água e o ar, mas no Brasil, foi atribuído também a esta divindade o elemento fogo, isso devido a sua associação com Xangô. Ayrá possui uma ligação muito mais forte com Oxalá que do que com Xangô e, na verdade, tudo que for oferecido a ele, não deve conter sal, dendê e, jamais, deve ter seus assentamentos junto com Xangô e, também, sobre o pilão. Isso acarreta em quizila entre os dois orixás. Suas comidas votivas, em vez de dendê, é usado banha de ori africana. Come Ebô, Ejá e Quiabo. Observação: No Brasil, devido aos festejos de São João, criou-se uma tradição de se ascender uma fogueira em homenagem a Xangô e Ayrá. Na realidade esse ato não existe na África. A cerimônia que ocorre na áfrica é o Jerê de Xangô, cerimônia em que o iniciado de Xangô em Oyó (nação), carrega um jarro com inúmeros orifícios, carregado com fogo sobre sua cabeça. Também, neste ato, pode ser acompanhado por Oyá Kará, que também carrega o Jerê na cabeça.