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Medicina Caderno De Questões Língua Portuguesa E Literatura - Química Biologia - Física - Matemática - Inglês - Redação

VESTIBULAR º SEMESTRE MEDICINA CADERNO DE QUESTÕES LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA - QUÍMICA BIOLOGIA - FÍSICA - MATEMÁTICA - INGLÊS - REDAÇÃO Nome do candidato Nº de Inscrição Assinatura LEIA ATENTAMENTE

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VESTIBULAR º SEMESTRE MEDICINA CADERNO DE QUESTÕES LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA - QUÍMICA BIOLOGIA - FÍSICA - MATEMÁTICA - INGLÊS - REDAÇÃO Nome do candidato Nº de Inscrição Assinatura LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES ABAIXO Esta prova contém 41 (quarenta e uma) páginas numeradas, distribuídas da seguinte maneira: 55 (cinquenta e cinco) questões de múltipla escolha e 07 (sete) questões dissertativas. Quando for dada a ordem, abra este CADERNO DE QUESTÕES e confira a paginação e a impressão. Constatando algum defeito, solicite a substituição do caderno. Você receberá um CADERNO DE RESPOSTAS onde deverá transcrever suas respostas das provas de múltipla escolha e dissertativas. Os espaços destinados às respostas das questões dissertativas, constantes neste CADERNO DE QUESTÕES, poderão ser utilizados como rascunho. Preencha, na capa deste CADERNO DE QUESTÕES, seu nome completo, número de inscrição e assine no espaço apropriado. DURAÇÃO TOTAL DA PROVA: 5 HORAS BOA PROVA! EM BRANCO FCM-MG - CONCURSO VESTIBULAR/2018-1º SEMESTRE - PROVA DE MEDICINA 3 LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA - QUESTÕES DE 01 A 15 Para responder às questões de 01 a 04, leia o texto a seguir. O CORPO DA MULHER Coisa mais difícil é ser mulher. Não bastassem as surpresas que a fisiologia lhes impõe, as sociedades criam regras para cercear-lhes a liberdade de ir e vir e padrões rígidos de comportamento e moralidade que não se aplicam aos homens. De todas as imposições sociais, a mais odiosa é a apropriação indébita do corpo feminino. Não é por outra razão que cidadãos de mais de 20 países se dão o direito de mutilar os genitais de suas filhas, na mais tenra idade. São cirurgias cruentas, sem anestésicos nem assepsia, a que o mundo assiste em silêncio acovardado, em nome do respeito às tradições culturais. Nós, que nos intitulamos civilizados, não chegamos a esse nível de barbárie, no entanto, repreendemos a menina de dois anos quando leva a mão ao sexo ou senta com as pernas abertas. Na piscina de um condomínio de classe média alta, em Cleveland, nos Estados Unidos, minha filha foi admoestada pela encarregada da segurança por deixar minha neta sem a parte de cima do biquíni. O argumento? Provocar os homens presentes. Uma criança de cinco anos? Na puberdade, com o cérebro inundado pela testosterona, jamais alguém ousou sugerir que minha iniciação sexual levasse em conta o amor, sentimento que mães e pais que se consideram avançados exigem das adolescentes. Sexo casual exalta a condição masculina, enquanto mancha a reputação da mulher. Não é preciso graduação em filosofia pura para expor o paradoxo. Aos 12 ou 13 anos, idades em que o corpo ensaia com graça os primeiros passos em direção da mulher adulta, os interesses da indústria e da publicidade sexualizam com minishorts e camisetas decotadas, o modo de vestir das meninas. Quando saem às ruas com as roupas da moda exibidas na TV e nas revistas, elas são acusadas de provocadoras, portanto sujeitas às grosserias e ao risco de se tornarem vítimas dos instintos masculinos mais bestiais. Ao ficar adultas, são forçadas a atender a um padrão estético que privilegia a magreza doentia das top models. Sem levar em conta os caprichos da genética, a mulher moderna deve ser magra, sobretudo. A exigência de exibir a ossatura acaba por lhes distorcer a autoimagem. Passam a implicar com o pequeno acúmulo de gordura, com rugas insignificantes e com celulites só visíveis em posições acrobáticas sob o foco de luz. No passado, demonstrar interesse por uma mulher era elogiar sua beleza; hoje, dizer que está mais magra é meio caminho andado. Nós, homens, somos complacentes com a autoimagem. O sujeito com 20 quilos a mais sai do banho enrolado na toalha, para na frente do espelho, bate no abdômen avantajado e se vangloria: tô simpático, tô bonitão. Está para nascer mulher com tamanha autoconfiança. Mas é na gravidez que fica demonstrada a superioridade fisiológica do organismo feminino. Produzem apenas um óvulo, enquanto nos obrigam a ejacular 300 milhões de espermatozóides, para que se deem ao luxo de escolher o mais apto. Daí em diante, por conta própria, constroem uma criança de três quilos, sem qualquer participação masculina. Na gravidez nosso papel é tão desprezível que precisamos fazer exame de DNA para comprovar a paternidade. FCM-MG - CONCURSO VESTIBULAR/2018-1º SEMESTRE - PROVA DE MEDICINA 4 Apesar da irrelevância, no entanto, nós é que aprovamos as leis que as consideram criminosas em caso de abortamento provocado. O sofrimento e as mortes das jovens submetidas a procedimentos realizados nas condições mais desumanas que possamos imaginar não nos sensibilizam. Depois de passar décadas espremidas em trajes incômodos e de andar mal equilibradas em saltos de um palmo de altura, só lhes restam duas saídas: a cirurgia plástica ou o suicídio, providências nem sempre excludentes. Antes operar o rosto, aspirar a gordura abdominal ou partir deste mundo do que envelhecer. Às que ficam mais velhas não sobram alternativas: se deixam os cabelos embranquecer são rotuladas de velhas, se decidem pintá-los de preto ficam com cara de senhoras, se os tingem de loiro são xingadas de exibidas. Se vestem roupas em tons discretos são antiquadas, se acompanham a moda das mais jovens são ridículas, sem noção. As leitoras que me perdoem, mas na próxima encarnação prefiro nascer homem, outra vez. (Drauzio Varella. www1.folha.uol.com.br/colunas/drauziovarella/2017/06/ o-corpo-da-mulher.shtml. Acessado em ) 01.Assinale a alternativa que traz uma interpretação INCORRETA sobre o texto. A) Ao afirmar que prefere nascer homem outra vez, o autor manifesta atitude machista. B) A sociedade, ao longo do tempo, tem infligido imposições prejudiciais às mulheres. C) Tradições culturais permitem a apropriação indébita do corpo feminino. D) A gestação prescinde da participação fisiológica do homem. 02.A correspondência entre o trecho e o expediente adotado foi feita INCORRETAMENTE em: A)...ou partir deste mundo - EUFEMISMO B)...a magreza doentia das top models. - HIPÉRBOLE C) Não é preciso graduação em filosofia pura para expor o paradoxo - IRONIA D)...o corpo ensaia com graça os primeiros passos em direção da mulher adulta - METÁFORA 03.Ao longo do texto, o autor expõe comentários ora cômicos, ora irônicos no confronto homem x mulher, como se verificam nas alternativas, EXCETO: A) Na gravidez nosso papel é tão desprezível que precisamos fazer exame de DNA para comprovar a paternidade. B) Produzem apenas um óvulo, enquanto nos obrigam a ejacular 300 milhões de espermatozóides C) hoje, dizer que está mais magra é meio caminho andado. D) Está para nascer mulher com tamanha autoconfiança. 04.Assinale a alternativa cujo termo destacado NÃO é um elemento coesivo. A)... se acompanham a moda das mais jovens são ridículas, sem noção. B)... se deixam os cabelos embranquecer são rotuladas de velhas... C)... se decidem pintá-los de preto ficam com cara de senhoras... D)... se dão o direito de mutilar os genitais de suas filhas... FCM-MG - CONCURSO VESTIBULAR/2018-1º SEMESTRE - PROVA DE MEDICINA 5 Para responder às questões de 05 a 08, leia o texto a seguir. AO CRESPÚSCULO, A MULHER Ao crepúsculo, a mulher bela estava quieta, e me detive a examinar sua cabeça com atenção e o extremado carinho de quem fixa uma flor. Sobre a haste do colo fino estava apenas trêmula: talvez a leve brisa do mar; talvez o estremecimento de seu próprio crepúsculo. Era tão linda assim, entardecendo, que me perguntei se já estávamos preparados, nós, os rudes homens destes tempos, para testemunhar a sua fugaz presença sobre a terra. Foram precisos milênios de luta contra a animalidade, milênios de milênios de sonho para se obter esse desenho delicado e firme. Depois os ombros são subitamente fortes, para suster os braços longos; mas os seios são pequenos, e o corpo esgalgo foge para a cintura breve; logo as ancas readquirem o direito de ser graves, e as coxas são longas, as pernas desse escorço de corça, os tornozelos de raça, os pés repetindo em outro ritmo a exata melodia das mãos. Ela e o mar entardeciam, mas, a um leve movimento que fez, seus olhos tomaram o brilho doce da adolescência, sua voz era um pouco rouca. Não teve filhos. Talvez pense na filha que não teve... A forma do vaso sagrado não se repetirá nestas gerações turbulentas e talvez desapareça para sempre no crepúsculo que avança. Que fizemos desse sonho de deusa? De tudo o que lhe fizemos só lhe ficou o olhar triste, como diria o pobre Antônio, poeta português. O desejo de alguns a seguiu e a possuiu; outros ainda se erguerão como torvas chamas rubras, e virão crestá-la, eis ali um homem que avança na eterna marcha banal. Contemplo-a... Não, Deus não tem facilidade para desenhar. Ele faz e refaz sem cessar Suas figuras, porque o erro e a desídia dos homens entorpecem Sua mão: de geração em geração, que longa paciência Ele não teve para juntar a essa linha do queixo essa orelha breve, para firmar bem a polpa da panturrilha. Sim, foi a própria mão divina em um momento difícil e feliz. Depois Ele disse: anda... E ela começou a andar entre os humanos. Agora está aqui entardecendo; a brisa em seus cabelos pensa melancolias. As unhas são rubras; os cabelos também ela os pintou; é uma mulher de nosso tempo; mas neste momento, perto do mar, é menos uma pessoa que um sonho de onda, fantasia de luz entre nuvens, avideusa trêmula, evanescente e eterna. Mas para que despetalar palavras tolas sobre sua cabeça? Na verdade não há o que dizer; apenas olhar, olhar como quem reza, e depois, antes que a noite desça de uma vez, partir. (Rubem Braga. A traição das elegantes. R.J.: Editora Sabiá, 1967, pp ) 05.A crônica de Rubem Braga, ao abordar o corpo feminino, demonstra: A) atitude compassiva em relação às diferentes fases da vida. B) visão crítica no confronto entre privilégios masculinos e femininos. C) perspectiva lírica na contemplação de um ser exposto à ação do tempo. D) viés sociológico mesclado ao lirismo na fixação de um episódio do cotidiano. 06.O cronista faz alusão ao poeta português António Nobre ( ), que escreveu os seguintes versos: Ó grandes olhos outonais! Místicas luzes! Mais tristes do que o amor, solenes como as cruzes! O adjetivo outonais corresponde, na crônica, ao termo crepúsculo porque A) aborda, ironicamente, a transitoriedade das coisas. B) trata, metaforicamente, do envelhecimento da mulher. C) remete, liricamente, ao passado romântico das mulheres. D) recorre, hiperbolicamente, ao poder do tempo sobre as pessoas. FCM-MG - CONCURSO VESTIBULAR/2018-1º SEMESTRE - PROVA DE MEDICINA 6 07.Assinale a alternativa em que NÃO há explicação correta do vocábulo grifado. A) o erro e a desídia dos homens - negligência B) as pernas desse escorço de corça - tipo C) como torvas chamas rubras - sinistras D) evanescente e eterna. - efêmera 08.A expressão destacada abaixo que possui função sintática diferente das demais é: A) é uma mulher de nosso tempo; mas neste momento, perto do mar B) só lhe ficou o olhar triste, como diria o pobre Antônio, poeta português C) é menos uma pessoa que um sonho de onda, fantasia de luz entre nuvens D) perguntei se já estávamos preparados, nós, os rudes homens destes tempos FCM-MG - CONCURSO VESTIBULAR/2018-1º SEMESTRE - PROVA DE MEDICINA 7 Para responder à questão 09, veja o cartum. (http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichatecnicaaula.html?aula= Acessado em 03/07/2017.) 09.A interpretação mais razoável do cartum é: A) a mulher, ao exercer uma atividade artística, não se desliga de seus afazeres de dona de casa. B) a mulher, mesmo exercendo profissão não convencional, é capaz de cuidar de seu lar. C) a mulher deve ser uma equilibrista para lidar com tarefas domésticas e profissionais. D) a mulher cuida da família e do trabalho, mesmo praticando atividades circenses. FCM-MG - CONCURSO VESTIBULAR/2018-1º SEMESTRE - PROVA DE MEDICINA 8 Para responder à questão 10, veja o cartum. (http://www.materiaincognita.com.br/evolucao-humana-o-culto-a-abundancia-e-a-beleza/) Acessado em 03/07/2017.) 10.Os trechos dos textos de Drauzio Varella e de Rubem Braga que mais se identificam, total ou parcialmente, com o cartum são: A) Depois de passar décadas espremidas em trajes incômodos e de andar mal equilibradas em saltos de um palmo de altura, só lhes restam duas saídas: a cirurgia plástica ou o suicídio. / A forma do vaso sagrado não se repetirá nestas gerações turbulentas e talvez desapareça para sempre no crepúsculo que avança. B) Passam a implicar com o pequeno acúmulo de gordura, com rugas insignificantes e com celulites só visíveis em posições acrobáticas sob o foco de luz. / Não, Deus não tem facilidade para desenhar. C) Se vestem roupas em tons discretos são antiquadas, se acompanham a moda das mais jovens são ridículas, sem noção. / As unhas são rubras; os cabelos também ela os pintou; é uma mulher de nosso tempo. D) Ao ficar adultas, são forçadas a atender a um padrão estético que privilegia a magreza doentia das top models. / Foram precisos milênios de luta contra a animalidade, milênios de milênios de sonho para se obter esse desenho delicado e firme. FCM-MG - CONCURSO VESTIBULAR/2018-1º SEMESTRE - PROVA DE MEDICINA 9 As questões de 11 a 15 referem-se às obras literárias selecionadas para este concurso: Machado, de Silviano Santiago; O filho de Machado de Assis, de Luiz Vilela. 11.Assinale a passagem de Machado, de Silviano Santiago, ou de O filho de Machado de Assis, de Luiz Vilela, em que o indivíduo marcado pela enfermidade é o renomado escritor. A) O senhor tem de dar uma relaxada. Esse é o meu conselho; uma relaxada. E quem sabe um comprimidozinho, um tranquilizante... Ou então isso vai fazer mal ao senhor. B) Os gritos reestruturam o todo do corpo em convulsão e os olhos. Estes, voltados de baixo para o alto, salientam a figura do Salvador, e os braços, à semelhança da hélice que, se parado de repente o motor, deixa uma das pás virada para o chão e a outra. C) Sozinho, Laet dá um passo até o velho enfermo e lhe dá o braço sem abraço. Com a firmeza de poste, sustenta o corpo enviesado, já curvado e bamboleante. Ao se expandir de forma desengonçada, o viúvo se entrega a ele como se à beira do desmaio. A situação exige jogo rápido e clandestino. D) O que foi?, eu quis saber. Eles acham que foi o coração. Ele tinha problemas, eu disse. Ele foi encontrado morto lá no escritório, na mesa dele. Ele morreu sozinho. 12.Leia o trecho a seguir: Lembremo-nos de que Machado já não era bem visto pela família de Carolina pelo simples fato de ser mestiço. Mestiço, não, professor: racialmente miscigenado... (Luiz Vilela. O filho de Machado de Assis. R.J.: Record, 2016, p.32.) Assinale a passagem abaixo, extraída de Machado, de Silviano Santiago, em que o narrador aborda hipoteticamente o destino de Machado de Assis em função de sua origem. A) Não é lavrador nem convém que se imagine o que teria sido a vida de escravo do Machadinho numa fazenda de café no Vale do Paraíba e, por não ter nascido em berço privilegiado, não chegará a ser nem poderá ser marinheiro. Nascido e criado em morro à beira-mar, talvez tivesse sonhado ser marinheiro. B) O discípulo perde a razão de ser da própria existência. Na cena literária brasileira, vira figura nula ou quase inexistente. Se se deslocar e minimizar o significado da herança humana, sentimental e literária de Machado, a fim de privilegiar o legado empresarial do avô materno e o cultural do pai, o leque das discussões não será ampliado. C) O mulato Machado não representa o Brasil imperial. Mas o escritor carioca sempre viajará ao estrangeiro, mas pelos navios da leitura. Dessas impressões de viagem retira o material que empresta aos elaborados personagens complexos que inventa. D) A filiação biológica de Machado de Assis é plebeia e marginal. O romancista não é aristocrata nem nasceu em berço de pequeno-burgueses. Por conta própria, ganhou a condição de amanuense. FCM-MG - CONCURSO VESTIBULAR/2018-1º SEMESTRE - PROVA DE MEDICINA Silviano Santiago, em seu romance, ao traçar o perfil do médico Miguel Couto, fixa uma figura comprometida com os estudos de sua profissão, como comprova a passagem: A) Tendo o doutor pressentido alguns phenomenos análogos a um accesso de febre, depois de ingerir a preciosa substancia que os faz parar maravilhosamente, antolhou-se-lhe, como um raio de luz que devia revolucionar a medicina, que o remédio mais seguro para curar uma moléstia era justamente aquelle que era capaz de produzil-a. Em conseqüência d este principio, todos os vômitos devem ser tratados pelo emetico, as diarrheas pelos purgantes, e por extensão, sem duvida, a queimadura pelo fogo. Homeopatia, verbete, Pedro Chernoviz, Dicionário de medicina popular, volume 2. O certo, no entanto, é que, passados poucos dias, o paciente Machado tranquiliza o amigo homeopata não o tranquilizando de todo: Estou curado da gripe. A coriza vai a bom caminho, e parece que só me resta a parte que arrasto comigo há anos. B) São essas as razões que motivam a preferência do pesquisador baiano pelo Adonis vernalis em detrimento da Digitalis; prefere também, como sedativo e expectorante, a dionina à codeína, apesar de ser esta a recomendada por Bechtereff. À medida que os bromuretos e opiáceos agem, moderando a excitabilidade dos centros corticais, o Adonis, por suas propriedades vasomotoras, impede a congestão sanguínea, aumentando a pressão arterial e favorecendo a circulação cerebral. Graças aos efeitos diuréticos e em virtude da ação positiva sobre o coração, o Adonis contribui a eliminar bromuretos e opiáceos já ingeridos, e, sobretudo, a minimizar possíveis efeitos colaterais. O debate em torno das propostas de tratamento e sobre os resultados alcançados na prática se fez e se faz nas reuniões semanais da Academia Nacional de Medicina. C) Com o devido cuidado, o dr. Miguel informa a Machado que o longo uso de remédios com poder de controle da doença e com menor ou maior grau de toxicidade acarretou-lhe uma inflamação interna dos intestinos, conhecida como enterite. Os intestinos se tornam mais espessos e mais moles. Pode já ter ocorrido alguma ulceração. O próprio cliente já tinha alertado o médico sobre as dores surdas no ventre e o dr. Miguel tinha sido sensível à informação, tendo chegado a quase negligenciar o motivo maior para a consulta, a súbita recorrência dos acessos. O complexo diagnóstico clínico encoraja o paciente a ser mais preciso na descrição do mal-estar gástrico que sente. Machado se queixa da fraqueza geral, de alguma prisão de ventre e da diarreia um tanto frequente. D) Quer estar à altura do escritor que o procura. Leituras e mais leituras terão de ser feitas, o mais rapidamente possível. A elas dedicará a tranquilidade e o silêncio das próximas e longas noites no palacete da rua Marquês de Abrantes. Para atualizar o conhecimento do grande mal, Miguel Couto vai descartando a cada dia que passa a questão candente da atualidade carioca e nacional a das epidemias, em particular a da febre amarela. Volta a estudar os vários manuais franceses consultados durante os anos de formação. Reflete também sobre a própria experiência pessoal, acumulada no já longo e frutífero trabalho na enfermaria dos hospitais e em domicílio. Não lhe é difícil chegar à mais recente bibliografia estrangeira e nacional, já que, tanto nos corredores da Faculdade onde ensina quanto no salão da Academia Nacional de Medicina que frequenta, encontra diária ou semanalmente com os colegas e pesquisadores do Hospital Nacional de Alienados. FCM-MG - CONCURSO VESTIBULAR/2018-1º SEMESTRE - PROVA DE MEDICINA Em Machado, Silviano Santiago exibe um protagonista fragilizado pela epilepsia, doença então referida de forma indireta, com acentuada conotação negativa, como registra a passagem: A) Machado de Assis não sente a dor que deveras sente. É o mímico no palco da vida e no palco da escrita. Ele se cura simbolicamente da doença que é rebelde aos remédios. B) De dentro da experiência de descendente de africano numa sociedade europeizad