Preview only show first 10 pages with watermark. For full document please download

Mello, Hygina_a Cultura Do Simulacro_filosofia E Modernidade Em J. Baudrillard

HYGINA BtrtUZZT DE MELO DO SI]ï|I|LICRO I CI|TTI|RI ColeçãoFILOSOFIA l. FILOSOFIA E MODERNIDADE EM J. BAUDRILLARD Para ler a Fenomenologiado Espírito Paulo Meneses A vereda trágica do grande sertão: veredas Sônia Maria Viegas Andrade Escritos de Filosofia I Henrique C. de Lima Vaz Marx e a natureza em O Capital Rodrigo A. de Paiva Duarte Marxismo e liberdade Luiz Bicca Filosofia e violência Marcela Perine A cultura do simulacro Hygina Bruzzi de Melo Escritosde Filosofia II Henrique C. de Lima

   EMBED


Share

Transcript

  HYGINA BtrtUZZT DE MELO l. 2.3. 4. ). 6. 1 8. Coleção FILOSOFIAPara ler a Fenomenologia o EspíritoPaulo MenesesA vereda trágica do grande sertão: veredasSônia Maria Viegas AndradeEscritos de Filosofia IHenrique C. de Lima VazMarx e a natureza em O CapitalRodrigo A. de Paiva DuarteMarxismo e liberdadeLuiz BiccaFilosofia e violênciaMarcela PerineA cultura do simulacroHygina Bruzzi de MeloEscritos de Filosofia IHenrique C. de Lima VazFilosofia do mundoFilippo Selvaggi I CI|TTI|RI O I]ï|I|LICR FILOSOFIA E MODERNIDADEEM J. BAUDRILLARD 9. c0diçÕes'Loyola  2 A SOCIEDADE DECULTURA DO coNsuMO COMO SIMULACRO Do sistema dos obietos à sociedade e consumo2.1.1. O sistema d'os obietos corno sistema de si'gnos O universo do consumo situa-se como momento maisl 'ical d.o processo úiitOti o de sucessiva elisão do realiïlforma do simula ü' tiilá anto pratica sistemática deÊ', ti ó -a-ptenituoe dô códigd\ constituindo-se porãur**-turão, e de todos os ângulos qm.qug :: - ^::l: . como um sistem -tuãi r*eãte fechadó à dimensáobólica. -À;Ë, contudo, de analisar este gtu 99 1111t:Ï: :1 *ï__-e ura foi consultada no srcinal e na. traduçã9-ltTil it 'As citações textuais ;ï ãffi* õ.ièeïi t critério: qúndo. não hádúvidas quanto at t uítiçaõ, -mencionã-se simplesmentè a página daedicáo brasileira; o à'âËãËï ããïãõáir-i çao- se fez necessária acres-cenla-se à indicação da página da tranuçaó- õ número da pâgina dosrcinal entre Parênteses. 101ü FH6$ $ütt$ogsm $otorial cle Ciênçi;ç S(;)L-lars Hunnams*r&ç* define, náo só a toi'má aóminattt*. d'al práticas sociais con-tenoporâneas, mas iôou u sua ratio, ou seja' o pensamentodo homem moaernõ-ã suãs retações com o mundo, bemcomo as formas cóncretas dessas,relações' cabe .invocar'no horizonte criticã ae- ÉáuOrillard' a oJora que introduzao sj.stema o consumó, ou seja, LY . .ust m-e es.o?i't^t- .* ï d;stão do õúj t'o 9m Êaudrfuard é crucial' Apesarde encontrar ecos em outros pensadores da modernidade';;Jüì;;*;nte Gilbert Simondon e Michel Serres' a ver-ããà ãïã'ãi ãa oo-orjeto ulrrapassa, anto em argúcia  quanto em srcinalidade, às dos autores citados.2 Assim,esde o sisrema dos objeros aiã-a?srratenà-ïóíngoàèo aobjeto nas últimas obrãs, te*a i .or tod.o o seu dis-urso de forma instigante.Enquanto obra_isolada, Le système des objets inscre-ve-se *&h/ no modelo dominantõ-ao peniãm íio rïrut,r-ralista francês da- dé-cada ae seiiãnìa. rsso é o que tarvezustifique sua inclusão como ;-;;à obra do .r=tó âigrrue figurar no corpg bibliognífi,co ãà semi ótica, com exclu-ão reiterada das obry s Ëióqúã tãs.' Apesar de alzumasconsiderações de ear'*e-r psicanaiiiúo, ;ã-piãs iáJ'ïl i -erpretação da prática dos-objetõs ão*o uma prática imer-sa nos processos primários do inconsciente, o'-ri.iàã oo,bjetos_ apresenra.ig ?inq, uú Ëáúa lú ã, ãoãã--,rri ,i.-ema de signos não-ringüistico, naturalmente, mas clara-mente impregnado p,gl?r _c-oncepções a semiõiinsüirtõ .Consciente das dificuldad.eË ï,rã , apresentam no es-ágio atuar de uma sociedade sur=iletua âì* -;;ictàgemcontínua e a um crescimento íáãã acererado, Baudrilrardropõe, pois, uma classificação àãi oUjetos -eúJãr*ã. ooistema de significagão que r .-ãã ruïú;;,;; ,ï; 1ì*^classificação semiológica.-Convém, já de igicjo, estabelecer uma questão impor-t'a''e. que ocupará a última p rte ã*- eferiaaïorãl-r ãiu_r*da discussão sobre as diferãnçãr ã t o sistema aou nie.os e o sistema ringüístico. a'oirã rrao sõurã-ã a,ïJrã*i dos sistemas d.e sígnos nao_fingtiisii.o, , *onta a Ferdi-nand de saussure, para quem a semiologd Ì;-s *iãtìcalteria um caráter màis gtõnat. o sua- tripoiã ' íJËrãu ,Lingüística deveria ser incorporada 9om o correr do temporo-ïríio t o da Semiologia. Roland Barthes retoma a ques-tão para contestar SáuJsu e, afirmando não haver sistemad *;ïg õ quã nao seja reduúível.à linguagem humaqa; - oï, Ëauariuaid vai concluir que' tendo em vista ascaraãteristicas de suas interaçóes com a ordem contempo';ffi;ãi;iõã çao,-ãõ* o sisiema.tecnológico,e om. o sis-ãã; ars iie etiiaaoes' a-siÃrrea'dos-ahietos e um'-sisiema ;irn;rd;is#Íiç í mas norre de se'ntid8'-n9o -ghesan' do, poÍs, a se coïstituir como linguagern' Aa&a'thç*-um @ã p* só*a'Iirguaeery,. mpp. a nual-ffiffi_d€*.represeniaeãoi a sintarç, Quanto aos ou- tros requisitos, o Ë t ma s-emântico e o léxico' o sistemados objètos compgrta'se bastante bem'Assim sendo,ã-fot*t que estrutura os modos- -elo;1quais os objeros ,:ã, i;i;aõs e o sistema tecnológico.\ o ní- |vel da fala é ott.iii.tiao na prática cotidiana pelo plano psicológico e social. -,2 -L:^^ ^ aiclamo ---- Poi analogia òom o sistema lingiiístico'.o sistem-a ec-noroãú õàp?e-se de tecnemas. uni-dades écnicas simplesqú ãìti lam o sistema dos objetos tecnológicos'=--- N prática cotidiana dos objetos' contudo' ess.a. oe-trênciadosistema.tecnológicocomosistemaessencialen-contra obstáculos- cónsiOer riveis, o principal de]es é exa-tamente @. orma pãã - iui pela-qual os objetos -são vividosno plano psicossoõiali o que não permite uma linha nítidade demarcaçao entre'o e;sencial ó o acessório$ ndispensá-ïãr pãiã ã àefinição d9 unqa evolução tecnológica,pu,ra'O sistema de significações otlstiúiao pelõ-sistãma dosì obietos nasce urãJ ãr,óqüe ltrg ã ãã ããriaáae,tq iigiiï d.os obietos e a itt ãio ãiidade das necessidades' 4 esse;deslizamento do iìÁt *u tecnológico do rplano da denota- giu tog trt* até o momento uq -estatuto de ciência' constituindo 'muito antes um corpo de proposiçoes.. e-ïtn-õaúío inter-osciplturar. \Baudrillard, iniciamããte -afèito à Íradição saussuriana (Le sgstèmed,es obiets e sua tesã'ãã ããútóqà{ eptg,- sob a orientação de R'olandBarthes), adota o iã *oïsemúlogia , passando gradativamente aresusar, conforme ,J-â' .í uiri antJriòrmónte. tanto a disciplina fun-dada por saussure,''cffio-ã c9 ãd- onsiderâ sev nouo batismo' ou;;i* ;- semiotica. 'pãiã-ú*a-o ussáo_mais detalhada s_obre_ ques- iãf' ;is Ëããìóãú 'ã -nc-ci' ïao ã-ioponov & DucRor' re72' 5. Na oerdaael'àr-õolirtõil i irnagens, s com.portanentos_po.'a ri'ttíàüõii, õ-i o t'itoi* nüuy211t1y. tnas nunc.a 9 y*: rutnex- ra autônomo; quoÃi'i' sisterna serniolóçiico se cruz& corn d Lingua-gern. Qf.. BARTTIES, s'd., P' 8'2. A respeito das_conee-pções .os três autores e do aprofunda_ if#ï$ï 1iËã:u' em Baudrif 'rd, èí ao õõ ipãridí,ã'r^ ïo po, 3. Com efeito. O,:?t??o_aos objetos continua sendo a única obrae Baudrillard inúcada.como referénciã -por Umberto ECO em seuratado serar d,e semióti.cí,--eo Ìi- ã-âiiâË à posição já assumida em foáì {.r &.'#tff r *??.raánt-e-riõï-ãË'tt óaióãã;J-dïdïJ'Ëu*io_ 4. Recentemént ,^I_9..f-_ y lyloag geral de Semi.ótica, bra quele considera mais d.efinitiva, pco obsËrva que os termos semiolo_ia e semiótica de -o.{q_gçlii.-J; Ë;,i;. A parrir da carra cons_iruriva da rNrERNAtrõuÃL- eÉ xië.'ii'to' oF sEMroTre sru_LeS, de 1g6g. onvenc-ionou_se termJ-,.semiótica,, ara as pesquÍ_as que invesrigam os rafòíãút*ãiË'ïã*à rq 9q.de õomunicaçào; osrucro' orranto. dos -sisre-mas.ae iã.+ósl-'ii gui tiõõs õ 'ïãã.*'ï,rto_res hi' entr tapto, que sugtentam-oiiãïdnôas e significado rerevan-es entre os dois termos. tlna veúaãõ,-iËin semiotica nem semiolo-102 103  çãd para a. ponotação do sistemà cultural que vai exigirum novo tipo de crassificação. Tarefa paciËnte e- araü ,quando s-e percebe que a tenãência conteúporânea caminhano sentido contrário à resorução das aisrunçoes:--,a,-ïendcn_teìa atual F é, alilÍs, d,e or ãn alguma, a de resoluer essa\inicoerêncin, más d.e'respond.er ai necessidades &rcessiuas\pr nows objetosl'j *-.^ ln I3: -qT, interferências deÊormas conotadas na pró--ifig l::: 99 objgro récnico\ uma ez que a ordem de pro-plduçao.assume e sistematiza ôe modo ãquivalent -tárrto o' Sessencial omo o inessenciar sistema ecnológico não tem,ipois, a autonomia do sistenia iirrúirti.o.Assim, os tecnemas, ao contrário dos fonemas, são ins-táveis, e a priíxis dos objetos é indissociável ao sisiema queos constitui. Além disso,_a pesquisa ecnológica sujãita-seem alto grau às -imposições d.o consumo e d.a produção.o sistema dos objetos -deve ser considerad , ãrrõ orr_exto, como um sistema de práticas interferi âo-* tirr.rr-mente sobre um sistema d.e técnicas.UT3 correlação pertinente entre o sistema dos objetose o sistema semiorógico pode ser estabelecida airaoes aadilerença marginal {á_iterenças nóssenciai, ,ró, õúJãiosl edo. eampo d,e dispersã,o, coítceito se.miotósicó-ãue ãi ,es-peito a variedad.es ntroduzidas no eampo, as quais com_promerem sua unidade. Constituem, dã modo'só;h, asoariamtes combinatóri,as, variaçoes insignificantes ãí ásterada de^notação, mas sigíiticatiias na esfera aa cãnoiaçao.As diferenças marginail revelam_se, ontudo, como d.iferen_ças constitutivas no plano tecnolólico, na rned.ida em queos objetos, em suas formas conôiadas, t * -o-poJË, ausustar o dinamismo estrutural da técnica.Concebido em sua prática contemporânea, o objeto su_i_er-ta-sg, ois, às conotações do sisüemã cultuiaÌ, o lrrò t dele objeto-signo e, como tal, increve-se num sistema coe- 9+te- de s-ignificações. Esse estatuto d.o onjetõ-ïã- mooer-nidade é algo inédito com reraçao al ase pré-industriar. Nes-ta, diante de um sistema reraiivamente coerente de neces-sidades,- os objetos têm maior hoúgeneidade e uma fun_ção social menos especializaaa, naõ õrreganao a se-Jonstituir como sistema eÀtruturado.' A partir-ao perioãã láo,rr-trial, contudo, as posições se invàrtem. Assiste_se. desd.eentão, a uma gradativa substituição, cujo desfecho é o es.tá.gio atual de impasse, já assinalado, entre a irracionalida'de da ord.em das necessidades a coerência do sistema dosobjetos enquanto sistema de signos.As diferentes modalidades desse processo que faz doobjeto, objeto-signo, transformando paralelamente sua fun-ção em funçáo-signo, ou seja, o processo de culturalizaç?aoe funcionalizaçá,o do objeto como caráter dominante de suapresença no mundo contemporâneo, sgráo, pois, os moti-vos da exposição gue o autor faz em Le çystème des obiets.Finalmente, as*-glassirÍmagães*dççp;rçn[e,x ila-.anáHsp*.dgs i'versos'subÃistema*-*ornaanáo*,4s... ç.4-üçgg{i4s, ,h,íísiffi ï ^do- isrbema-dos*nh,ietos como o sistema de signos peculiar à or-dem do consumo.2.1.2. Naturalid.ad,e funciomalid,ade: s estruturas de' ananio e ambi,ênci.aO primeiro desses subsistemas, o sistema funcionalou discurso objetivo, desdobra-se em dois campos estru'turais - as estruturas de arranjo e as estruturas de am'biência - que reorientam as relações com os objetos, JJIIla.Ilìu&*fJ9,aagtpados--eo.m,o. -üpçgn* rata-se de uma simplesemancipação, e não de uma liberação verdadeira, e a fun-çáo que dela decorre é função desafetada ritualmente: fun-çáo-signo. O objeto passa a ser vendido como função;nesse sentido sua emancipação é correlata da emancipaçãodo sujeito (homem-livre) como força de trabalho: Ora, nnmedi.d,a ern que o objeto n ão é liberad,o' a nd'o ser cornofunçã,o, o hornern reciprocamente nã,o' é li'berado senã'o co-mm uswirio desse objeto. ? Esse fato é fundamental paraa definição do sujeito do consumo - ego consulnans -cujo estatuto será tratado mais adiante. O que importaassinalar é que sujeito e objeto, a partir dessa anáIise,fazem parte de um mesrno processo que os libera ê.rn..*,qrla,,qbjefi\zidade funeional, rk*nAg enquanto singularidades, ouseja, em seus respectivos estatutos ontologlcos.\Logo no inÍcio da exposíção do sÍstema funcional, Bau-d.rillard introduz a ruptura da modernidade: a passagemda cena doméstica burguesa ao interior moderno represen-ta para o objeto sua dessactalizaçá'o e, conseqüentemente, 104 6. BÁïTDRILLARD, 19?Bb, p. 25 (26).7. BAUDII,ILLARD, 1973b, p. 22 (22). 105