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Nico, Magda (2012) “literacia E Desigualdades Sociais Em Portugal: Uma Análise A Partir Dos Dados Do Pisa (2000-2009)”, Secção Sociologia Da Educação, Congresso Aps 2012, Porto

Nico, Magda (2012) “Literacia e desigualdades sociais em Portugal: Uma análise a partir dos dados do PISA (2000-2009)”, Secção Sociologia da Educação, Congresso APS 2012, Porto

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    32ÁREA TEMÁTICA: Sociologia da Educação L ITERACIA E DESIGUALDADES SOCIAIS EM P ORTUGAL :   U MA ANÁLISE A PARTIR DOS DADOS DO PISA   (2000-2009) CARVALHO, HelenaDoutorada em SociologiaInstituto Universitário de Lisboa - Centro deInvestigação e Estudos de [email protected]ÁVILA, PatríciaDoutorada em Sociologia,Instituto Universitário de Lisboa - Centro deInvestigação e Estudos de [email protected] NICO, MagdaDoutorada em SociologiaInstituto Universitário de Lisboa -Centro deInvestigação e Estudos de [email protected], PedroMestre em SociologiaInstituto Universitário de Lisboa - Centro deInvestigação e Estudos de [email protected]    2 de 15    3 de 15 Palavras-chave: Desigualdades sociais; Literacia; Resiliência; PISA; PortugalKeywords: Social Inequalities; Literacy; Resilience; PISA; PortugalPAP0747ResumoPretende-se com este artigo contribuir para o estudo da literacia em leitura dos jovens emPortugal, entre2000 e 2009, e da relação desta com a srcem social dos alunos. Para o efeito,são usados os dados do PISA (Programme for International Student Assessment). Partindoda definição de resiliência adotada pelo PISA, são averiguadas as características dos alunos edas escolas que distinguem os alunos resilientes (alunos que apesar de terem srcens sociaisdesfavorecidas atingem scores de literacia em leitura muito elevados), contribuindo assim para que estes consigam contrariar a relação tendencialmente linear entre srcem social enível de literacia.AbstractThis paper aims to contribute to the study of the reading literacy skills of 15 year-old youthsin Portugal between 2000 and 2009, and of the relation of these skills with the social srcinand background of the students. For this purpose, data from the PISA(Programme for International Student Assessment) was used. Following the definition of resilientstudentsadopted in PISA, the students and school related characteristics of theresilientstudents are analysed, in an attempt to pinpoint the variables capable of escaping the linear relation between social srcin and literacy skills.    4 de 15    5 de 15 1. Introdução Este artigo situa-se no âmbito da investigação sociológica sobre literacia em leitura dos jovens, em Portugal,na última década. Mais concretamente, a análise incide nos alunos com srcens sociais desfavorecidas, procurando-se perceber os fatores que poderão contribuir para que uma parte destes alunos consiga alcançar elevados níveis de competências de literacia em leitura, contrariando, assim, os resultados que seriam “esperados” , atendendo à sua srcem social.A robustez e a persistência da relação entre srcens sociais e trajetórias individuais têm sido teórica eempiricamente corroboradas pela sociologia, em particular pela sociologia da educação. No entanto, fechar odebate científico, e eventualmente político, à referida robustez conduz a que sejam muitas vezes relegadas  para segundo plano as “contra - tendências” (Costa e Lopes et al  ., 2010) de um alegado “destino social” (Bertaux, 1978), desvalorizando as estratégias, individuais ou coletivas, promotoras de mobilidade social. Discutir esta relação na arena das referidas “contra - tendências” não significa, contudo, necessariamente remetê-la para as correntes mais “individualista s ” da sociologia (Beck, 1992; Giddens (2001 [1991]), ondeingenuamente se crê que a carga normativa das instituições e a intensidade dos efeitos da srcem social têmvindo a ser prodigiosamente eliminadas das tomadas de decisão e dos rumos e destinos sociais. A realidadesocial é mais contida . Não devemos “pensar, ingenuamente, que tudo está em aberto para cada um deles [indivíduos], independentemente do ponto do espaço social de onde parte, nem pensar fatalmente que cadaum já está no ponto do espaço social onde vai ficar o resto dos seus dias. Todos têm um campo de  possibilidades, mais ou menos generoso” (Machado e Silva, 2009: 10). Daí o interesse em orientar aanálise sociológica num sentido que lhe permita captar, o melhor possível, esse campo de possibilidades.Os grupos de indivíduos com outcomes inesperados, de natureza escolar ou de outra, tendem muitas vezes a ser negligenciados pela análise estatística, por serem considerados “eventos do acaso” q ue oferecemcontributos nulos ou muito frágeis em modelos causais (Shananan e Porfeli, 2007). Assim, mesmo quando oconselho de autores como Becker (1994) é seguido, ou seja, o de levar a cabo uma ciência capaz de integrar  o interesse pela “exceção”, ou pelo que contraria as grandes tendências, a estratégia metodológica seguidatende geralmente a seguir apenas o rumo qualitativo, centrando-se na análise de casos singulares. Não colocando em causa o interesse e a importância das análises sociológicas intensivas e qualitativas, esteartigo  procura seguir, pelo contrário, na direção do estudo quantitativo desses percursos “singulares”,  focando a análise no conjunto dos alunos “resilientes”, isto é, nos alunos com percursos “inesperadamente”  positivos (têm baixas srcens sociais, mas conseguem alcançar elevadas performances em literacia). Emsuma, pretende-sedarum contributo para o estudo sociológico de âmbito extensivo e quantitativo dos percursos de contra- tendência e para os debates em torno do triângulo “OED” (srcem social, educação, destino social). Apresentam-se neste artigo os primeiros resultados de uma investigação em curso, apoiadanos dados recolhidos no âmbito do PISA (Programme for International Sudent Assessment) na última décadae incidindo nos alunos portugueses de 15 anos. 2. Dados e Métodos 2.1. O PISA O PISA resulta de um esforço conjunto empreendido pelos países participantes  –  países membros da OCDEe mais de 30 países parceiros  –  para avaliar em que medida os alunos de 15 anos de idade estão preparados para enfrentar os desafios que se lhes deparam na vida futura. Foi desenhado e é coordenado pela OCDEque, desde a década de 80, tem vindo a preocupar-se com a elaboração e disponibilização de indicadoressobre educação que permitam comparações válidas entre países. Em 1997, a OCDE estabeleceu um programa de investigação desenhado especificamente para responder às necessidades existentes no querespeita a indicadores sobre o desempenho dos estudantes  –  o PISA. Esperava-se que os novos indicadores  pudessem contribuir “para a compreensão da forma como os sistemas educativos (…) estão a preparar os seus estudantes para a aprendizagem ao longo da vida e para desempenharem papéis construtivos, como cidadãos, em sociedade” ( OCDE, 1999: 7).