Preview only show first 10 pages with watermark. For full document please download

O Conceito De Informação Na Ciência Da Informação

O conceito de informação na ciência da informação

   EMBED


Share

Transcript

  95Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.20, n.3, p. 95-105, set./dez. 2010 1 INTRODUÇÃO U ma das sistematizações mais ricas sobreo conceito de informação para o campoda Ciência da Informação (CI) foi feitapor Capurro, num texto que foi apresentadocomo conferência de abertura do Enancib, oevento mais importante da área de CI do Brasil(CAPURRO, 2003). Embora o mesmo autor tenhaproduzido, em parceria com Hjorland, um textocom o nome de “O conceito de informação”(CAPURRO; HJORLAND, 2007), parece ser esteprimeiro texto mais importante, talvez porquemais propriamente voltado para a CI (emoposição ao outro, que buscou ver manifestaçõesdo conceito de informação nas várias ciências).Além de sua qualidade teórica (apresenta muitobem os modelos, identi fi cando claramente suaconstituição histórica, características e limites),vem sendo muito citado no campo, servindocomo fonte de re fl exão e novas tentativas desistematização epistemológica da área de CI, noBrasil e no exterior (SALAÜN; ARSENAULT,2009; SILVA, 2006; VEGA-ALMEIDA;FERNÁNDEZ-MOLINA; LINARES, 2009).Por esta razão, a contribuição de Capurroserviu como ponto de partida para a pesquisarelatada neste artigo. Capurro identi fi ca aexistência, na CI, de três grandes formas de secompreender a informação: como algo físico,como algo associado a uma dimensão cognitiva e,en fi m, como fenômeno de natureza intersubjetiva,social. Argumenta o autor que essas três formasde se entender a informação não se manifestaramde maneira especí fi ca em uma ou outra subáreado campo. Antes, atravessaram as várias subáreas(daí porque, no entender dele, constituiriam“paradigmas”).O obejtivo deste trabalho é darprosseguimento ao trabalho de Capurro. Nãoavançando na discussão sobre “paradigmas”(se constituem ou não paradigmas, se podemser chamados de paradigmas, etc), mas simveri fi cando como eles se manifestaram nas váriassubáreas da CI.Para a determinação dessas subáreas,foram pensados vários critérios e classi fi caçõesexistentes. Optou-se por adotar, por fi m, asdenominações e campos de pesquisa queconstituem os Grupos de Trabalho (GTs) daAncib, a Associação Nacional de Pesquisa emCiência da Informação. Sendo resultado de umaconformação das atividades de pesquisa dospesquisadores brasileiros do campo, os GTs têmrepresentatividade teórica (são eles que marcamos assuntos pesquisados no Brasil, as clivagens,sendo o local de endereçamento das váriaspesquisas realizadas) e também nacional (já que O CONCEITO DE INFORMAÇÃO NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Carlos Alberto Ávila Araújo*  R  ESUMO   São apresentados os resultados de uma pesquisa em que sebuscou ver as manifestações dos três conceitos de informaçãopresentes na Ciência da Informação nas diferentes subáreasque compõem esta ciência. Para a definição das subáreasforam utilizados os grupos de trabalho da Ancib. Após aidentificação e análise destas manifestações, conclui-sepela importância de se integrar os avanços teóricos obtidosem todas elas, de forma a se avaliar o avanço global doconhecimento acumulado da Ciência da Informação ao longodas últimas cinco décadas. Palavras-chave: Informação. Conceito de informação. Ciência da Informação.Subáreas da Ciência da Informação. * Professor adjunto da Escola deCiência da Informação da UFMG.Pós-doutorando pela Universidadedo Porto (apoio da Capes.Email: [email protected]    r  e   l  a   t  o    d  e  p  e  s  q  u   i  s  a  96Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.20, n.3, p. 95-105, set./dez. 2010 Carlos Alberto Ávila Araújo são o critério de divisão de uma entidade formadacom a contribuição de todas as universidades ecentros de pesquisa do Brasil).Foram excluídos, para fi ns de análise, osGTs 1 (Estudos históricos e epistemológicos dainformação) e 6 (Informação, educação e trabalho).Tal decisão se deu pela percepção de que não sãoGTs que estudam a informação, os processos efenômenos informacionais. Antes, eles estudamo conhecimento cientí fi co produzido sobre ainformação (a epistemologia desse conhecimento,o ensino dele nas faculdades, a sua con fi guraçãonas práticas pro fi ssionais). Entendeu-se assim quesobre esses GTs não seria adequada a aplicaçãodo modelo de Capurro. Os GTs 8 (Informação etecnologia), 9 (Museu, patrimônio e informação)e 10 (Informação e memória) não foram incluídospois, à época do início da pesquisa, ainda nãoexistiam.Foram considerados para a análise,portanto, os GTs 2, 3, 4, 5 e 7, que são apresentadosa seguir, com sua denominação atual:GT 2 – Organização e representação do•conhecimentoGT 3 – Mediação, circulação e apropriação•da informaçãoGT 4 – Gestão da informação e do•conhecimento nas organizaçõesGT 5 – Política e economia da informação•GT 7 – Produção e comunicação da•informação em CT&I (ciência, tecnologia einovação). 2 OS TRÊS CONCEITOS DEINFORMAÇÃO SEGUNDO CAPURRO Conforme a abordagem desenvolvidapor Capurro, logo no seu início a CI se viudiante da necessidade de construir um conceitocientí fi co de informação e, do esforço de superaressa necessidade, surgiu o conceito “físico”de informação. O termo “físico” surge aquienfatizando a dimensão material da informação(sua existência sensível, inscrita em algumtipo de suporte) e, também, as propriedadesobjetivas dessa materialidade, passíveis de seremcienti fi camente determinadas. A construção detal conceito fundamenta-se na Teoria Matemáticada Comunicação (SHANNON; WEAVER,1975), que, intencionalmente descartando asdimensões semântica e pragmática dos processosrelacionados com a informação, centram-se emseus aspectos técnicos. A conseqüência maisimediata da adoção deste modelo pela CI é quea área volta-se prioritariamente para os processosde transporte, de transferência, da informação – a“efetiva comunicação do conhecimento e de seusregistros entre os seres humanos” (SARACEVIC,1996, p. 47). Os marcos dessa concepção sãoos congressos transcorridos no Instituto deTecnologia da Geórgia em 1961 e 1962 e ade fi nição “clássica” de CI publicada por Borko(1968).Uma outra forma de se de fi nir informaçãocomeça a ganhar corpo nos fi nais da décadade 1970, bastante in fl uenciada pelo sucessodas teorias cognitivistas nas várias ciências.Inspirados na teoria do conhecimento objetivode Popper, pesquisadores como De Mey, Belkine outros começam a desenvolver um conceito“cognitivo” de informação, que ganhou fôlegoapós um congresso ocorrido em Copenhagen,em 1977. A equação de de fi nição da informação,que também se tornou “clássica”, como amedida da alteração do estado de conhecimentode um sujeito, elaborada por Brookes, insere ainformação numa dimensão bastante diferentedo modelo anterior. Para se de fi nir informação,portanto, é preciso se considerar o estado deconhecimento (o que se conhece, o que se sabe):a informação não é apenas a sua manifestaçãofísica, o registro material do conhecimento – épreciso ver, também, o que está na mente dosusuários. Deu-se uma virada na pesquisa emCI, sendo que, antes de Capurro, outros autores(DERVIN; NILAN, 1986; ELLIS, 1992) já falavamna perspectiva cognitiva como um segundogrande modelo de estudo da informação, vindoapós a consolidação de um primeiro modelo, fi sicista. Também Buckland (1991) havia játratado do assunto, fazendo a distinção entreinformação como coisa (entidade tangível) ecomo processo de construção de conhecimento(entidade intangível).Capurro apresenta ainda um terceiromodelo, que estaria se formando desde o inícioda década de 1990 (que ganharia na verdade seusprimeiros traços na conferência sobre conceitosde informação ocorrida em Tampere, Finlândia,em 1991): trata-se do modelo que vê a informaçãocomo um fenômeno social. Tal modelo se constróia partir da crítica ao modelo cognitivo, que via a  97Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.20, n.3, p. 95-105, set./dez. 2010 O conceito de informação na ciência da informação informação como produto de um sujeito isolado(que não está inserido num contexto sócio-histórico nem em relações interpessoais, ou pelomenos em nada é afetado por elas na sua relaçãocom a informação) e numênico (que apenas serelaciona com o mundo de uma forma cognitiva,inserindo em sua mente de fi nições conceituaissobre as coisas, como se a mente fosse um grande“quebra-cabeças” e cada informação obtida umanova peça).Antes, o modelo de informação “social”entende que informação é uma construção (algoé informativo num momento, em outro já não émais; tem relevância para um grupo mas nãopara outro; e assim sucessivamente). E mais, éuma construção conjunta, coletiva – ou melhor,intersubjetiva. O que é informação não é produtode uma mente única, isolada, mas construído pelaintervenção dos vários sujeitos e pelo campo deinterações resultante de suas diversas práticas.Tendo esse quadro como referência,buscou-se ver como se manifestaram, nasdiferentes subáreas da CI, esses três modelos –conforme a discussão a seguir. 3 A MANIFESTAÇÃO DOSCONCEITOS NAS SUBÁREAS DA CI 3.1 Representação e representação doconhecimento A área de representação da informaçãoé o campo da CI que mais fortemente buscouestabelecer laços com a Biblioteconomia (que já possuía uma longa tradução de estudos emrepresentação e organização da informação).Suas primeiras manifestações na CI se deramnos campos da recuperação da informação e nocampo dos sistemas de informação. Em ambos oscasos, o desa fi o era o mesmo: a busca pela melhorforma de representar a informação (tanto emtermos formais quanto de conteúdo) pensando naotimização da sua recuperação. Dessa forma, osprimeiros estudos em recuperação da informaçãobuscaram medir o nível de e fi cácia dos diferentessistemas, utilizando, para tanto, os conceitos deprecisão e revocação, sendo um marco destesestudos os experimentos de Cran fi eld ocorridosem 1953. Já os estudos em sistemas de informaçãoentendiam a representação como uma dastarefas ou funções a serem desempenhadas –fazendo parte, portanto, de uma lógica maisampla, relacionando-se com as demais partes dosistema. Os estudos nesse momento conduziramao surgimento de diversos instrumentosde linguagem controlada e de sistemas declassi fi cação, todos com objetivos de imprimir aomáximo a economia de custos, diminuição dosruídos, supressão da redundância, a aplicaçãode princípios lógicos. Os sistemas e linguagenscriados competiam, nesse momento, para se verqual era o melhor, sendo exatamente essa questão– a busca da melhor linguagem, da melhorrepresentação – o objetivo inicial deste subcampoda CI. Autores representativos destes estudos sãoLancaster, Shera e Egan, entre outros.Uma contribuição fundamental para osavanços nesta área vem da teoria da classi fi caçãofacetada de Ranganathan e, posteriormente, comseu uso pelo Classi  fi  cation Research Group . A noçãode “faceta” desloca a lógica da representação,de uma classi fi cação única e absoluta parauma classi fi cação a partir de “pontos de vista”,assumindo, pois, a parcialidade do processo derepresentar a informação. Membros do CRGcomo Foskett e Vickery passaram a se dedicarà construção de uma série de classi fi caçõesfacetadas para campos e contextos particulares,considerando, para tanto, o conjunto deconhecimentos existentes nestes campos econtextos para se determinar as formas derepresentar.Ainda ao fi nal da década de 1970, ocrescimento da in fl uência das teorias cognitivistasna CI faz-se sentir no campo da representação, namedida em que se desenvolvem esforços paraa construção de linguagens de representaçãoe sistemas de informação voltados para osusuários, ou para as estratégias cognitivasdos usuários. Com isso se completa a ideia deque qualquer tarefa de organizar, classi fi care indexar informação (en fi m, representá-la)precisa considerar não apenas o escopo dosdocumentos concretos existentes, das fontesinformacionais disponíveis, mas também oâmbito dos conhecimentos existentes nos camposaos quais pertencem essas fontes. O principalautor desta corrente de estudos é Ingwersen.Destacam-se, contudo, também, membros doCRG que buscaram aproximações entre as teoriasda classi fi cação e a lingüística, a fi loso fi a e aciência cognitiva, como Farradane, Battacharryae Austin. E ainda abordagens que, inspiradas na  98Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.20, n.3, p. 95-105, set./dez. 2010 Carlos Alberto Ávila Araújo teoria do conceito de Dahlberg, buscaram associaras lógicas de construção de conceitos aos sistemasde representação e organização da informação,tais como as de Svenonius, Beghtol e Langridge.A partir de meados dos anos 1990importantes inovações tecnológicas acabampor conduzir o campo para a compreensãoda inevitável dimensão colaborativa dosprocessos de representação da informação. Os“motores de busca” da internet, que se tornamos mais populares sistemas de recuperaçãoda informação, consideram, como critério derelevância, os usos coletivos da informação(número de acessos, fontes que fazem ligaçãocom outras, etc). Fenômenos colaborativos comoo caso das ferramentas “wiki”, folksonomias,etiquetagem colaborativa e indexação socialdeslocam a área para o caráter local, singular, dosprocessos de representação. No plano teórico,o desenvolvimento da teoria da “análise dedomínio” por Hjorland e Albrechtsen permiteum grande avanço conceitual para o campo,utilizando a noção de “comunidades discursivas”para se entender a maneira como diferentesagrupamentos produzem seus próprios critériosde organização e representação da informação. 3.2 Mediação, circulação e apropriação dainformação Embora a temática do GT3 destaque aquestão dos processos de mediação, circulação eapropriação, e sendo estes assuntos amplamenteestudados no âmbito da CI e indissociáveis,optou-se, neste trabalho, pelo desenvolvimentoda temática dentro dos chamados estudos deusuários, por se entender ser este um campo maisamplo, dentro do qual pode-se estudar tambémas mediações.O campo conhecido como estudos deusuários da informação teve srcem numaperspectiva voltada para o estabelecimentode taxas de uso dos recursos informacionaise para a caracterização de perfissociodemográficos dos utilizadores destesrecursos. Do cruzamento entre os dois esforçosemergiam os indicadores de comportamentoinformacional.O objetivo destes estudos era produzir maise mais experimentos que pudessem con fi rmaros cruzamentos encontrados, certi fi cando-seestatisticamente da validade das correlações, deforma que fosse possível o estabelecimento de leisdo comportamento informacional. Conclusõescomuns deste tipo de estudo correlacionampadrões como preferência, entre determinadogrupo pro fi ssional, por certo tipo de fonte deinformação; ou, entre determinada faixa etária,por certo tipo de serviço de informação, e assimsucessivamente. As várias características dasfontes de informação eram já predeterminadasnos estudos. Faltava apenas encontrar o critériosociodemográ fi co correto, isso é, identi fi car acaracterística social determinante, que levavadeterminado grupo a um tipo de informação eoutro grupo a outro tipo. Autores representativosdessa corrente são, entre outros, Paisley, Brittaine Lipetz.A meta final deste tipo de estudoera a melhoria dos serviços e sistemasde informação. Uma vez estabelecidasdeterminadas leis de comportamento dosvários grupos em relação às preferências enecessidades de informação, bastaria, a cadaprofissional da informação, conhecer o seupúblico específico (por meio de pesquisas deperfil) para, então, aplicar as leis cientificae estatisticamente estabelecidas, paradeterminar, com acerto, as fontes e serviçosinformacionais que deve disponibilizar.Ao longo das décadas de 1970 e 1980,o campo de estudos de usuários foi o que maisfortemente sentiu a in fl uência da abordagemcognitiva no campo da CI. Se antes o usuário eratomado como grupo sociológico (pro fi ssional,etário, de gênero, racial, etc), aqui ele passaa ser visto como ente cognitivo, como sujeitodotado de certas estratégias especí fi cas norelacionamento com a informação. Enfatizaro cognitivo é importante, pois os estudos deusuários deste modelo entendem o sujeito comoum ser essencialmente cognitivo, que, para agir,precisa de conhecimentos, e que tem sua açãointerrompida, num determinado momento,pela ausência de conhecimento. Essa ausênciade conhecimento é o que vai determinar anecessidade de informação e provocar a açãode busca de informação. Algo é informativona medida em que preenche essa lacuna. Umsistema ou serviço de informação é mais e fi cientena medida em que opera, ou se adequa, àsestratégias utilizadas pelos usuários para buscarinformação. Existe, pois, uma relação direta entreinformação e conhecimento.  99Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.20, n.3, p. 95-105, set./dez. 2010 O conceito de informação na ciência da informação Proliferaram, neste período, estudosexperimentais com diversos universos deusuários, buscando estabelecer as diferentesmaneiras como a ausência de conhecimento erasentida por eles, as etapas de ação desencadeadasna busca da informação, os diferentes usosdados para a informação encontrada – semprede um ponto de vista cognitivo. Esses váriosestudos acabaram por gerar alguns modelosde comportamento informacional, aplicadosposteriormente a diversas realidades diferentesdaquelas das quais emergiram. Entre essesmodelos destacam-se o dos “estados anômalosde conhecimento” de Belkin, o tripé “situação-lacuna-uso” previsto na abordagem da construçãode sentido de Dervin, a abordagem construtivistabaseada em processo de Kuhlthau e o modeloda busca e uso cotidianos de Ellis e o modelo daresolução de problemas de Wilson.A evolução do campo de estudos deusuários conduziu, nas últimas duas décadas,a estudos que passaram a privilegiar nãoas questões cognitivas (tipos de lacuna deinformação, tipos de informação a preencheressas lacunas), mas sobretudo as compreensõesdessas questões, voltando-se para enfoquesmais interpretativos das práticas dos usuários.E, nesse esforço, foi-se percebendo cada vezcom mais clareza a natureza social, coletiva,dos critérios utilizados pelos usuários (parareconhecer algo como lacuna cognitiva, parade fi nir algo como informação, para estabeleceras formas de uso dos recursos informacionais).Volta-se, assim, ao estudo dos diferentes grupos,não mais para buscar de fi nir seu per fi l e seucomportamento informacional típico, mas simpara perceber como os diferentes grupos oucoletivos produzem ambiências, referências doque é informacional – ambiências e referênciasessas que não atuam mecanicamente sobreos indivíduos, mas em função das quaiso indivíduo age, ora buscando adaptar-se a elas, ora buscando transgredi-las, orabuscando inová-las. Autores importantes paraa construção dessa abordagem são o próprioCapurro com a compreensão da informaçãocomo intersubjetividade e Rendón Rojas que trazpara a compreensão do conceito de informaçãonão só a noção de conhecimento mas também ascategorias de valor e imaginação, enfatizandoos processos de construção de sentido pelossujeitos sobre os recursos informacionais. 3.3 Gestão da informação e doconhecimento nas organizações A área de gestão da informação e doconhecimento tem sua srcem na percepção daimportância da informação como recurso dentrodas organizações. Relacionada a um campoespecialmente sensível às exigências de e fi cáciae e fi ciência dos vários recursos organizacionais(o campo da administração), esta área sentiufortemente os efeitos da chamada “explosão dainformação”. A informação, desde o fi nal daSegunda Guerra, vinha sendo compreendidacada vez mais como um recurso importante paraas empresas. Contudo, seu excesso constituía umproblema, tanto em termos de uso (di fi culdadede se encontrar a informação que se quer numuniverso muito amplo), quanto dos entraves àsua circulação (garantindo que ela chegue a todosos setores que dela precisam, em vez de fi carestocada num único ponto) e mesmo em relaçãoao seu volume físico (a necessidade de se disporde locais cada vez maiores para armanená-la). As primeiras re fl exões sobre a gestão dainformação incidiram, pois, sobre sua naturezafísica: reduzir o excesso, otimizar a circulação,identi fi car com precisão as necessárias edescartar as inúteis ou redundantes. Seguiram-senumerosos estudos empíricos para se determinaros tipos e a importância estratégica das diversasfontes de informação utilizadas no ambienteorganizacional, tanto no ambiente interno quantono externo, mediante determinados critériosestabelecidos acerca de sua qualidade, tomandocomo referência os objetivos organizacionais.Estes primeiros estudos são inspiradosprincipalmente pelo trabalho de Hayek sobre aimportância da informação e do conhecimentonas questões gerenciais e de produtividade, e têmcomo pioneiros Henry, Cook, Berry e Taylor.Ao longo dos anos, o entendimento sobreo signi fi cado de se estar numa sociedade “pós-industrial” (ou “sociedade da informação” ouainda “sociedade do conhecimento”) foi seampliando, de tal forma que foi sendo percebidoque a informação que constitui um recursoimportante para as organizações não é aquelaque existe materialmente, mas aquela que aindanão existe como entidade física, que está namente das pessoas que pertencem à organização.A contribuição das noções de tácito e explícitode Polanyi foi fundamental para o avanço