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Romantismo Geral

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ROMANTISMO

SÉC. XIX – “Liberdade conduzindo o povo” - Delacroix

ROMANTISMO - ORIGENS
     ASCENSÃO DA BURGUESIA: MERCANTILISMO (Séculos XVI e XVII); REVOLUÇÃO INGLESA (1688); INDEPENDÊNCIA AMERICANA (1776); REVOLUÇÃO FRANCESA (1789)

A palavra romantismo designa uma maneira de se comportar, de agir, de interpretar a realidade.
O comportamento romântico caracteriza-se pelo sonho, por uma atitude emotiva diante das coisas e esse comportamento pode ocorrer em qualquer tempo da história.

Romantismo designa uma tendência geral da vida e da arte, portanto, nomeia um sistema, um estilo delimitado no tempo

.

• A valorização da natureza como princípios da criação artística. • O nacionalismo. • Os sentimentos do presente tais como: Liberdade. Igualdade e Fraternidade . Os artistas românticos procuraram se libertar das convenções acadêmicas em favor da livre expressão da personalidade do artista.  Características gerais: • A valorização dos sentimentos e da imaginação.

 Apogeu do Liberalismo burguês.  Extinção dos privilégios seculares da nobreza.ROMANTISMO = NOVOS VALORES  Novo sentido de vida:  Livre iniciativa + competição e individualismo.  “Fim das barreiras” rígidas entre as classes sociais. .

escrever. todo o cidadão pode. . imprimir livremente. falar. 11 da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão: A livre comunicação dos pensamentos e opiniões é um dos direitos mais preciosos do homem. portanto.  Começava a “aventura da palavra escrita” = surgiam escritores + obras + público leitor + veículo divulgador das obras (imprensa).Efeito favorável da vitória burguesa para a Literatura  Art.

 Todo o cidadão passou a ter acesso (direito) à leitura. .O novo público leitor  Outros efeitos:  Esforço de alfabetização popular empreendido pelos “revolucionários”. até pela necessidade de conhecer as proclamações do novo regime.  Escritores livres do regime de mecenato = obra = mercadoria de ampla aceitação.  Surgimento de um novo público leitor = mais numeroso e diversificado (consumidor).

mostrou-se ambíguo diante dela. . ora protestando contra seus mecanismos. ora a exaltando. gerada sobretudo pela Revolução Francesa. o movimento manteve uma relação contraditória com a nova realidade. tornando-se a expressão artística da jovem sociedade burguesa. Filho da burguesia.  Entretanto.Romantismo = Contradição  O Romantismo coincidiu com a democratização da arte.

 Movimento Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto). o nacional e o popular em oposição ao universalismo clássico. em 1770 na Alemanha = valorizando o folclórico.  Os cantos de Ossian = culto à Idade Média. .  Publicação (1774) do romance (em forma epistolar = cartas) Os sofrimentos do jovem Werther . de Goethe = exacerbação da imaginação e transbordamento das paixões.Romantismo = Surgimento  Mito do bom selvagem de Rousseau.

ROMANTISMO CARACTERÍSTICAS .

. padrões e modelos. usa o verso livre. mistura os gêneros literários e obedece aos estímulos de sua interioridade.Liberdade de criação: o escritor romântico recusa os padrões da arte clássica que sempre esteve sujeita a regras.

 o artista romântico trata dos assuntos de uma forma pessoal. Individualismo e subjetivismo: . A ideologia burguesa centrou-se nas liberdades do homem e nas infinitas possibilidades de autorealização do indivíduo. de acordo com o modo como vê e sente o mundo. dizemos que sua arte é subjetiva porque expressa uma visão particular da realidade.

medida de todas as coisas. a medida da interioridade de cada pessoa. político. Assim. conseqüentemente. social -.Sentimentalismo: entre o artista romântico e o mundo é sempre mediada pela emoção.amoroso. os sentimentos tornam-se mais importantes do que a racionalidade e são. a relação . o tratamento literário revela grande envolvimento emocional do artista. Qualquer que seja o tema abordado .

acentuando algumas de suas características. tende a idealizar vários temas. O escritor romântico.Idealização: a extrema valorização da subjetividade leva muitas vezes à deformação. motivado pela fantasia e pela imaginação. .

a pátria é sempre perfeita. frágil e submissa. uma espécie de anjo inatingível. com uso constante de adjetivos. cheio de virtudes e habilidades. a mulher é vista como virgem delicada. o índio (no Brasil) é tratado como herói nacional. comparações e ampla metaforização. . Para compor essa idealização. a linguagem é marcada por descrições minuciosas. Assim.

o Romantismo procura captar o homem em sua plenitude.Fusão do grotesco e do sublime: o conceito grego de belo. . que perdurou tantos anos na arte de orientação clássica. apesar de sua tendência idealizante. que defendem a união do grotesco (o feio) e do sublime (o bonito). Assim. enfocando também o lado feio e obscuro de cada ser humano. é abandonado pelos românticos.

pelo canto dos pássaros. Ele se sente fascinado pela poderosa força da natureza: é atraído pelas altas montanhas. pelo murmúrio dos riachos. pelas florestas impenetráveis. .O culto à natureza: o código preferido pelo autor romântico não é o cultural mas o natural. pelos mares imensos. pela placidez dos lagos.

o papel de confidente para as horas melancólicas. O resultado dessa comunhão é humanização ou divinização da natureza. a chuva à tristeza. através de seus fenômenos. e assim por diante. A natureza assume. . que. a mãe que protege o filho dos desconcertos do universo e a amante desencadeadora de inspirações. indica estados de espírito e sentimentos: o rugir do mar pode corresponder à angústia de uma alma solitária. diante do torturado espírito romântico.

os românticos se entregam ao princípio da fantasia. Fechados em si mesmos. Imaginação e fantasia: o mundo romântico transcende o real e se abre para o mistério. . perdidos numa realidade incômoda e brutal para a sensibilidade. o sobrenatural.

onde encontram a “luz” e a “alegria” que a sociedade burguesa não lhes oferece. exóticos. elaboram obras onde predomina um idealismo alienante. Desligados. muitas vezes. criam universos imaginários. Devaneiam. . dos níveis concretos da vida social.

época de paixões violentas e espontâneas. A fuga no tempo remete (na Europa) à Idade Média. .Valorização do passado: a inadequação do “eu” interior com a realidade circunstante leva o homem romântico a sentir nostalgias de algo distante no tempo e no espaço. berço das nacionalidades européias.

portanto. como representante de um mundo ingênuo. . de povos ainda não conspurcados pela civilização. um “paraíso perdido”. o presente hostil e causador de sofrimentos. No plano individual. A fuga no espaço leva-o à procura de paisagens agrestes. a valorização do passado se dá através do reconhecimento da infância. de lugares selvagens. uma época de ouro na qual as criaturas eram felizes. Nega-se. puro.

a tendência espiritualizante do Romantismo. significa uma nítida reação ao racionalismo e ao materialismo do século anterior. .Religiosidade: mais comum entre os primeiros românticos. embasada no cristianismo. A vida espiritual é enfocada como ponto de apoio ou válvula de escape diante das frustrações do mundo real.

sendo humanos.Mal-do-século: o “mal-doséculo” origina-se basicamente de dois fatores. somos incapazes de atingir esse estado. a totalidade. A constatação dessa impossibilidade gera a angústia responsável pelo mal-do-século. Ora. o absoluto. . Um deles é a idéia aceita pelos românticos de que o espírito humano busca sempre a perfeição. o infinito.

enxergando a si próprio e aos seus contemporâneos como seres fragmentados. . social e material impossível. reduzidos a simples “peças” da engrenagem social.Outro fator é o desajuste do indivíduo na sociedade burguesa que se mostrava muito prática e objetiva para o gosto dos românticos. Ansiando por uma plenitude espiritual. o romântico sente-se desajustado.

que surgiu na Inglaterra e esteve muito em moda na Europa desse período. Esta expressão designa a sensação de insatisfação. É uma tradução aproximada do termo spleen. . que passa a ser encarada como solução definitiva para os males da existência. melancolia e até uma obsessiva atração pela morte. angústia. .

relacionada ao poeta inglês Lord Byron. angústia e. entre os anos 50 e 60 do século XIX. pelo satanismo. Traduzse num estilo de vida que inclui a boêmia. para os prazeres da bebida. e numa forma particular de ver o mundo. isto é.Byronismo: essa atitude. do fumo e do sexo. narcisismo. pessimismo. . por vezes. foi amplamente cultivada entre os românticos brasileiros da segunda geração. voltada para o vício. caracterizada pelo egocentrismo.

Influenciados pelo escritor francês Victor Hugo. lutaram pelo fim da escravidão e pela República. . Na Europa.Condoreirismo: trata-se de uma corrente de poesia políticosocial que ganhou repercussão entre os poetas da terceira e última geração romântica no Brasil (anos 70 do século XIX). denunciando a exploração a que estava submetida. tornaram-se defensores da classe operária. no Brasil. os poetas condoreiros defendiam a justiça social e a liberdade.

ROMANTISMO NO BRASIL .

CONTEXTO HISTÓRICO: CHEGADA DA FAMÍLIA REAL ABERTURA DOS PORTOS FUNDAÇÃO DO BANCO DO BRASIL PRIMEIRA BIBLIOTECA FUNDAÇÃO DE FACULDADES IMPRENSA RÉGIA MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA INDEPENDÊNCIA D. PEDRO I .

. viver. Por ser exato O amor não cabe em si Por ser encantado O amor revela-se Por ser amor Invade E fim.. O seu amor Reluz Que nem riqueza Asa do meu destino Clareza do tino P étala De estrela caindo Bem devagar Ó meu amor Viver É todo sacrifício Feito em seu nome Quanto mais desejo Um beijo seu Muito mais eu vejo Gosto em viver. .

Avião sem asa Fogueira sem brasa Sou eu assim. sem você Futebol sem bola Piu-Piu sem Frajola Sou eu assim. sem você Por que é que tem que ser assim? Se o meu desejo não tem fim Eu te quero a todo instante Nem mil auto-falantes Vão poder falar por mim Amor sem beijinho Buchecha sem Claudinho Sou eu assim sem você Circo sem palhaço Namoro sem abraço Sou eu assim sem você Tô louco pra te ver chegar Tô louco pra te ter nas mãos Deitar no teu abraço Retomar o pedaço Que falta no meu coração Eu não existo longe de você E a solidão é o meu pior castigo Eu conto as horas pra poder te ver Mas o relógio tá de mal comigo Eu não existo longe de você E a solidão é o meu pior castigo Eu conto as horas pra poder te ver Mas o relógio tá de mal comigo Por quê? Por quê? .

 Retrato de sua bela paisagem física e humana. de forma positiva. criando uma literatura autônoma que expressasse a alma da jovem nação.  Revelar todo o Brasil. .  Contribuição para a grandeza da nação.ROMANTISMO NO BRASIL  LITERATURA COMO MISSÃO:  Compromisso com a pátria (Nacionalismo Ufanista).

A adoção do Romantismo A natureza tropical e o índio .

 Princípios artísticos atualizados com o que de mais moderno havia na Europa .  Oposição a dominação cultural (artística) portuguesa.  Exotismo = natureza exuberante e original.Adaptação aos postulados europeus  Valores românticos europeus & adequação às aspirações ideológicas dos escritores brasileiros.

 NACIONALISMO UFANISTA.  CULTO À NATUREZA.  SERTANISMO (OU REGIONALISMO). .  BUSCA DE UMA LINGUAGEM LITERÁRIA BRASILEIRA.Nacionalismo romântico  Valores formais procedentes do universo europeu X Temática nacional (a cor local):  INDIANISMO.

Assumiu-se a imagem exótica que as metrópoles européias tinham dos trópicos.INDIANISMO  No bom selvagem francês sedimentou-se o modelo de um herói que deveria se tornar o passado e a tradição de um país desprovido de sagas exemplares (Idade Média). feito à imagem e semelhança de um cavaleiro medieval. O nativo – ignorada toda a sua cultura – converteu-se no herói exemplar. adaptando-a à visão ufanista. .

a imagem positiva (idealizada) do indígena permitia às elites orgulhar-se de uma ascendência nobre que as ajudava na legitimação de seu próprio poder. . Além disso. na sua condição de primitivo habitante.INDIANISMO  Acima de tudo. o próprio símbolo da nacionalidade. o índio representava.

Além disso. os autores usavam uma linguagem citadina e culta. procurou afirmar as particularidades e a identidade das regiões.O Regionalismo (ou Sertanismo)  O Regionalismo: resultado da “consciência eufórica de um país novo”. . permanece na superfície como uma moldura. na ânsia de “tornar literário” todo o Brasil. Entretanto. já que a intriga romanesca é urbana (folhetim).

A POESIA ROMÂNTICA A DIVISÃO EM GERAÇÕES .

1ªGeração = Nacionalista
Autores: Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias Modelos poéticos: Chateaubriand e Lamartine

TEMAS:  O Índio  A saudade da pátria  A natureza  A religiosidade O amor impossível

2ª GERAÇÃO INDIVIDUALISTA OU SUBJETIVISTA
Autores: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire Modelos poéticos: Byron e Mussett

=

. a sós morrendo Sinto na mocidade as agonias. por que mentias? . por que mentias? Acordei da ilusão. e se minha vida Tu vias desmaiar..a febre lenta Esse fogo das pálpebras sombrias. Por tua causa desespero e morro. Leviana sem dó.. por que mentias? Sabe Deus se te amei! sabem as noites Essa dor que alentei. que tu nutrias! Sabe esse pobre coração que treme Que a esperança perdeu por que mentias! Vê minha palidez . Pousa a mão no meu peito! Eu morro! Eu morro! Leviana sem dó..PORQUE MENTIAS? Por que mentias leviana e bela? Se minha face pálida sentias Queimada pela febre.

TEMAS: A dúvida O tédio A orgia A morte A infância O medo do amor O sofrimento O satanismo .

SOCIAL OU CONDOREIRA Autores: Castro Alves Modelos poéticos: Victor Hugo TEMAS: Defesa de causas humanitárias Denúncia da escravidão Amor erótico .3ª GERAÇÃO = LIBERAL.

repouse em paz Dormindo em calmo sono a calma natureza. Nossas bocas febris se unam com o mesmo anseio. Exclama Todo o meu corpo que o teu corpo chama: "Morde também!" .Ferve-me o sangue... das tormentas presa. Ou se debata. Beija inda mais! E. Só para o meu amor! Fora. Acalma-o com teu beijo.. Com o mesmo ardente amor!. enquanto o brando calor Sinto em meu peito de teu seio. só para a minha vida.. querida! Vive só para mim. a soluçar. e beija-me. Diz tua boca: "Vem!" Inda mais! diz a minha. Beija-me assim! O ouvido fecha ao rumor Do mundo.

.

NAVIO NEGREIRO .

O ROMANCE ROMÂNTICO ORIGENS .

e por dar vazão ao gosto burguês pela fantasia e pela aventura. veio a ser o mais legítimo veículo de expressão artística dessa classe. numa linguagem simples e direta. por relatar acontecimentos da vida comum e cotidiana.O romance e a burguesia  O romance. .  O romance narra o presente. as coisas banais da vida e do mundo.

em jornais. de capítulos de determinada obra literária. ao mesmo tempo que ampliava o público leitor de jornais.O romance e o folhetim  Tanto na Europa quanto no Brasil. Assim. o folhetim ampliava o público de literatura. . publicação diária. o romance surgiu sob a forma de folhetim.

os folhetins publicados no Brasil eram traduções de obras estrangeiras de autores como Victor Hugo. sai à luz o romance A Moreninha. em 1844.O romance e o folhetim  Inicialmente. Alexandre Dumas. de Joaquim Manuel de Macedo.  O sucesso do folhetim europeu em jornais brasileiros possibilitou o surgimento de vulgares adaptações. . Walter Scott e outros. Até que.

Ideologia dos folhetins  Ao escrever um folhetim. constituindose assim numa arte de evasão e alienação da realidade. Além disso. pois obrigatoriamente tinham que se sujeitar aos valores ideológicos do público. . reivindicar o verdadeiro humanismo. os folhetins não podiam criticar os valores da época. o artista submetiase às exigências do público e dos diretores de jornais.

com o triunfo de seus valores .Estrutura do folhetim  1º HARMONIA = Felicidade = Ordenação social burguesa  2º DESARMONIA = Conflito = Desordem = Crise da sociedade burguesa  3º HARMONIA FINAL = Estabelecimento da felicidade definitiva da sociedade burguesa.

Características da prosa romântica  Flash-back narrativo: volta no tempo para explicar. certas atitudes das personagens no presente. . por meio do passado.  O amor como redenção: oposição entre os valores da sociedade e o desejo de realização amorosa dos amantes = o amor é visto como único meio de o herói ou o vilão romântico se redimirem e se “purificarem” = solução: em muitas casos: a morte.

. são frágeis.Características da prosa romântica  Idealização do herói: ser dotado de honra. dominadas pela emoção. de idealismos e coragem = põe a própria vida em risco para atender aos apelos do coração ou da justiça = em algumas obras assume as feições de “cavaleiro medieval”. obedientes às determinações dos pais e educadas para o casamento.  Idealização da mulher: são desprovidas de opinião própria.

O ROMANCE ROMÂNTICO AUTORES & OBRAS .

.1882]  Principal romance: A Moreninha [1844]  Relato sentimental da ligação entre dois jovens.  Importância da obra: desperta no público o gosto pelo romance ambientado no Brasil. presos a uma promessa infantil: Carolina e Augusto.O Romance Romântico  Joaquim Manuel de Macedo [1820 .

abre caminho para que outros autores possam expressar melhor a nossa realidade.1877]  Importância de sua obra: na concretização de investidas pela liberação e autonomia da literatura brasileira.  Projeto nacionalista: revelar o Brasil em termos geográficos e históricos e a tentativa de criar uma língua brasileira.José de Alencar [1829 . .

como a mesma velha história do casal cujo amor só se realiza após superados certos obstáculos. até indícios de investigação psicológica por meio de dramas morais causados pelo conflito entre as convenções sociais e a sentimentalidade individual.“A pata da gazela” . Compreendem desde textos estereotipadamente românticos. .“A viuvinha”. principalmente suas camadas mais abastadas.José de Alencar  Romances urbanos: retratam a sociedade carioca da época. entre outros. Estão nesse grupo: “Senhora” “Lucíola” .

.José de Alencar  Romances regionalistas: buscam construir um painel de diversas regiões do Brasil: a ação se desenvolve no pampa sulino (“O gaúcho”). Não está interessado em revelar o essencial de um mundo diferenciado do litoral. no interior do Rio de Janeiro (“O tronco do Ipê). O autor vê as regiões “de fora”. no de São Paulo (“Til”) ou no sertão cearense (“O sertanejo”).

celebratória dos encantos regionais. sob o comando das elites imperiais.José de Alencar  Romances regionalistas:  Integra as regiões ao corpo de uma nação centralizada. . porém insuficiente para descrever as peculiaridades e o atraso das províncias periféricas do país.  Resultado: literatura mítica.

em busca de uma interpretação das origens da nossa nacionalidade.José de Alencar  Romances históricos e indianistas:  Procuram reconstruir episódios históricos ou ambientar fatos fictícios em épocas passadas. isto é. miticamente. .  Objetivo: representar poeticamente. as nossas origens e a nossa formação como povo.

desejo ideológico de mostrar um Brasil glorioso. positivo.José de Alencar  Romances históricos e indianistas:  Resultado: “triunfo da imaginação e da fantasia” . . com problemas que nunca ultrapassam a dimensão pessoal dos personagens.

o Brasil rural. preocupados em revelar o Brasil não-litorâneo. não-europeu. ou seja. .SERTANISTAS ROMÂNTICOS O regionalismo de Alencar abriu uma rica veia para o surgimento de escritores menores. todos eles sertanistas.

.O ponto de partida dessa literatura geralmente é o ufanismo. e neste sentido as manifestações sertanistas dificilmente adquirem maior autenticidade poética ou documental.

Há uma intenção realista. os costumes. um que outro acento lingüístico particular da região. inclusive. . mas é um realismo que se detém em exterioridades: descrições da natureza.

.Todavia esta busca de realismo é prejudicada na construção dos personagens. que obedecem aos esquemas românticos do folhetim.

.Estrutura de folhetim Valorização do passado .BERNARDO GUIMARÃES (1825-1884) Principais obras: “O seminarista” “O garimpeiro” .Tentativa abolicionista (A escrava Isaura).“A escrava Isaura” Características da obra: inserida no regionalismo romântico iniciado por Alencar .Utilização de uma linguagem oral .

1899)  Principais obras: “Inocência” retirada de Laguna” “A Características da obra: precisão de detalhes e da paisagem sertaneja Estrutura romântica e acessórios realistas . linguagem culta e linguagem regional.VISCONDE DE TAUNAY (1843 . . valores românticos e valores da realidade bruta do sertão.Equilíbrio entre ficção e realidade.

“Lourenço” Características da obra: valorização do regional .Projeto de uma “literatura do Norte” Oscilação entre romantismo e realismo .Análise do cangaço: oscilação entre a análise objetiva e o recurso idealizante [“O Cabeleira”].FRANKLIN TÁVORA (1842-1888)  Principais obras: “O Cabeleira” “O matuto” . .

O TEATRO ROMÂNTICO MARTINS PENA .

MARTINS PENA (1815-1848) MARTINS PENA foi o criador da comédia brasileira no teatro. dedicam-se ao retrato caricatural e humorístico dos hábitos sociais. ou seja. Seus textos são comédias de costumes. .

em que funcionários públicos.O autor inicialmente optou por apresentar a vida na roça como fonte de riso. . mas acabou por se concentrar na sociedade carioca da época. militares. especuladores. comerciantes. contrabandistas debatiam-se atrás de lucro e ostentação.

Seus diálogos são vivíssimos. . explorando equívocos e trocadilhos. além de constituírem um registro farto do português coloquial da época.

análise cômica dos costumes rurais e urbanos . tocando em questões como o contrabando de escravos e a corrupção administrativa e judiciária do país.Em algumas de suas comédias. [Painel dos tipos humanos do Rio de Janeiro do século XIX . Martins Pena chega a uma crítica social mais contundente.linguagem coloquial] .

O ROMANCE DE COSTUMES UM CASO À PARTE .

ROMANCE DE COSTUMES MANUEL ANTONIO DE ALMEIDA (1831-1861)  Único romance: “Memórias de um sargento de milícias” NARRATIVA DE COSTUMES: os hábitos. o folclore. . a religiosidade das classes populares do século XIX desmascaramento moral da sociedade. a moda.

 O verdadeiro romance de costumes do Romantismo brasileiro. . pois abandona a visão da burguesia para retratar o povo em toda a sua simplicidade.

. João VI no Brasil. descrita com malícia. humor e sátira: o período de D.O romance é o documento de uma época.

Personagens caricaturizados Acontecimentos que desmentem as aparências das pessoas . .situações cômicas ausência de tragédia humana.

PREDOMÍNIO HUMOR SOBRE DRAMÁTICO DO O ROMANCE PICARESCO .

de baixo. as mazelas de uma sociedade em decadência. .Romance picaresco: [Origem: século XVI na Espanha] Centrase nas aventuras de um pobre que via com desencanto e malícia. isto é.

O pobre no seu afã de sobreviver.Mundo em que a brutalidade e a astúcia traziam as máscaras da coragem e da honra. servindo ora a um ora a outro senhor e provando com o sal da necessidade a comida do poderoso. transforma-se em pícaro. .

 Ao pícaro é dado espiar o avesso das instituições e dos homens: o seu aparente cinismo não é mais que defesa entre vilões encasacados. .

DESTRUIÇÃO

DO ROMANTISMO

Obra que fere a “sensibilidade romântica” na figura de seu herói. Comparado aos modelos românticos, Leonardinho é um anti-herói, um herói picaresco, aquele que está à margem da sociedade, que a vê sob outro ângulo, de baixo para cima. Isso se percebe a partir das origens de Leonardinho: “filho de uma pisadela e de um beliscão”.

Aspecto revolucionário da narrativa: a construção do personagem central. Leonardo é uma espécie de marginal, vadio e meio estúpido. Isto subverte o sistema literário do folhetim, que exige heróis excepcionais, e subverte os próprios valores da sociedade.

A vida de Leonardo se dá na dimensão da malandragem, como diz o crítico Antônio Candido: “quando Leonardo esgota todas as possibilidades de aventuras picarescas, só lhe resta o casamento e o emprego de soldado.”

 No Romantismo. o casamento é o começo da felicidade. . em “Memórias de um sargento de milícias” é o fim de tudo.

COSTUMES MORAIS ORDEM = MAJOR VIDIGAL DESORDEM = LEONARDO .

O relato constrói o antagonismo entre ambos até as últimas páginas. e o marginal passa a sargento. Até que o Major aceita dar um posto para o malandro Leonardo. dentro das milícias. . em troca dos favores amorosos de Maria Regalada.

.Assim. TRATA-SE DE UM DESMASCARAMENTO QUE O AUTOR DE “Memórias de um sargento de milícias” FAZ DA SOCIEDADE BRASILEIRA. pois é muito fácil passar de um lado a outro. NÃO há diferença entre ORDEM e DESORDEM MORALIDADE E AMORALIDADE .

impreciso. e sim através do humor rápido. . Um realismo que tem seus limites: o desmascaramento não ocorre através de análises psicológicas.No “desmascaramento moral” reside a essência do REALISMO de Manuel Antônio de Almeida. sem refinamento (anedótico). à maneira de Machado de Assis.

  Pontos de contato com o Romantismo: o estilo frouxo. a linguagem por vezes descuidada e o final feliz do romance: Leonardo se regenera. . enquadrase nas milícias e casa-se com a viúva Luisinha. Precursor do Realismo: objetividade e descrença nos valores sociais.