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ASSUNTOS DA PROVA DO IFBA ÁREA DE CONHECIMENTO: Língua Portuguesa 1. Perspectivas atuais de abordagens da oralidade no ensino de Língua Portuguesa 2. A sentença completa e sua tipologia: processos de coordenação e de subordinação 3. Mecanismos semânticos e sintáticos - discursivos como recursos para construção do sentido do texto 4. O trabalho com gêneros e tipologias textuais frente às novas demandas sociais 5. Língua, fala, e discurso: comunicação, sentido e subjetividade 6. Abordagens do tex

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   ASSUNTOS DA PROVA DO IFBA ÁREA DE CONHECIMENTO: Língua Portuguesa1. Perspectivas atuais de abordagens da oralidade no ensino de Língua Portuguesa2. A sentença completa e sua tipologia: processos de coordenação e de subordinação3. Mecanismos semânticos e sintáticos - discursivos como recursos para construção do sentido do texto4. O trabalho com gêneros e tipologias textuais frente às novas demandas sociais5. Língua, fala, e discurso: comunicação, sentido e subjetividade6. Abordagens do texto literário para a formação do leitor crítico7. Estratégias e métodos para formação de competência leitora8. Diversidade linguística e o ensino de Língua Portuguesa9. Ensino de Língua Portuguesa e o uso de novas tecnologias contemporâneas10. Concepções de gramática, língua, linguagem e o ensino de Língua Portuguesa A Linguagem Oral e o Ensino de Língua Portuguesa Rozana Aparecida Lopes MESSIAS    R  ESUMO  Nas últimas décadas tornou-se mais expressivo, no meio lingüístico,o número de trabalhos que priorizam a linguagem oral. Prova disso é a relevante preocupação verificada com a questão da oralidade no que tange ao aprendizado dalíngua materna, na escola. Neste artigo, buscaremos explicitar como alguns lingüistasencaram este assunto. Abordaremos, também, a maneira como os PCNs, para o Ensinode Língua Portuguesa (5ª a 8ª séries), tratam o tema e, além disso, explicitaremos algunsaspectos da questão oralidade x escrita e suas implicações no ensino de língua portuguesa. A Linguagem Oral e o Ensino de Língua Portuguesa  Rozana Aparecida Lopes MESSIAS j   1. A fala como objeto de estudo  O estudo da linguagem oral é uma preocupação que se tornou maisrelevante no meio lingüístico desde que os estudiosos da língua recuperaram a falacomo objeto de análise. Ampliando, assim, a visão dos estruturalistas para quem alíngua era um sistema, assim, buscavam o que nela era homogêneo e assim osgerativistas, estudavam-na em abstrato, fora de qualquer contexto de uso. Desta forma,os pesquisadores que escolheram a fala como objeto de estudo começaram a levar emconta que a língua é uma atividade, uma forma de ação e fatores como quem falou, emque condição falou e para quem falou, antes ignorados, passaram a ter especialimportância. A este respeito, Koch, 2001: 412, afirma: ³(...) é nesse momento que secriam condições propícias para o surgimento de uma lingüística do texto/discurso, ouseja, uma lingüística que se ocupa das manifestações lingüísticas produzidas pelos  falantes de uma língua em situações concretas, sob determinadas condições de produção.   Ainda, com relação às diversas formas de encarar os fenômenoslingüísticos, Castilho (2000) explicita, de forma mais esmiuçada, que há três formas deencará-los, uma primeira teoria que postula ser ³a língua uma capacidade inata dohomem, que lhe permite reconhecer as sentenças, atribuindo-lhes uma interpretaçãosemântica, ou produzir um número infinito de sentenças, atribuindo-lhes umarepresentação fonológica´ (p.11). Segundo ele, uma gramática que entenda a línguadesta forma será uma gramática da competência, que por sua vez, buscará explicar como as pessoas adquirem, produzem e interpretam as sentenças de uma língua, e comoelas percebem que seu interlocutor fala a sua ou uma outra língua. ³Estes postulados buscam, em última instância, a Gramática Universal, subjacente às milhares de línguasnaturais´ (p.11).   A segunda, ³a teoria da língua como estrutura postula que asdiferentes línguas naturais dispõem de um sistema composto por signos distintos entresi por contrastes e oposições, organizados em níveis hierarquicamente dispostos: o nívelfonológico, o nível gramatical (ou morfossintático) e, em alguns modelos, também onível discursivo. As gramáticas estruturais buscam identificar as regularidadesconstantes das cadeias da fala, são basicamente descritivas, e operam através dacontextualização da língua em si mesma´ (p.11).   Por fim, ³a terceira teoria considera a língua como uma atividadesocial, por meio da qual veiculamos as informações, externamos nossos sentimentos eagimos sobre o outro. Assim concebida, a língua é um conjunto de usos concretos,historicamente situados, que envolvem sempre um locutor e um interlocutor,localizados num espaço particular, interagindo a propósito de um tópico conversacional previamente negociado. Uma gramática que assim entenda a língua (como é o caso dagramática funcional) procura os pontos de contacto entre as estruturas identificadas pelomodelo anterior e as situações sociais em que elas emergem, contextualizando a línguano meio social´ (p.11).   Essa nova forma de encarar os fenômenos lingüísticos teve comoinspirador, entre outros, Bakhtin para quem ³a verdadeira substância da língua não éconstituída por um sistema abstrato de formas lingüísticas nem pela enunciaçãomonológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômenosocial da interação verbal, realizada através da enunciação ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua´ (p.123). Tal autor afirma ainda que ³a enunciação realizada é como uma ilha emergindo de um oceanosem limites, o discurso. As dimensões e as formas dessa ilha são determinadas pelasituação da enunciação e por seu auditório´ (p.125).   F oram embasados nesta visão da linguagem que surgiram, nas últimasdécadas, o Projeto NURC (Norma Urbana Culta), que busca, através da análise detextos orais criteriosamente coletados em algumas capitais brasileiras centenárias,documentar e descrever a norma culta do Brasil. Além disso, é válido ressaltar que ocorpus selecionado pelos estudiosos do NURC é objeto de estudo de vários lingüistas preocupados com questões relacionadas à linguagem oral. Por conseguinte, há, também,o Projeto da Gramática do Português F alado iniciado no final da década de 80, que alémde envolver grandes estudiosos da língua portuguesa no Brasil, encontra-se no 7ºvolume.   F inalmente, estas novas visões sobre a língua e seu funcionamentorefletem diretamente no ensino de língua materna. A este respeito, Castilho afirma que o professor de língua portuguesa, hoje, encontra-se em meio à crise social. Ainda por   cima, a mudança de um paradigma científico para outro refletem diretamente na escola,que, apesar de muitas tentativas frustradas no ensino da língua, ainda não absorveu asnovas concepções de funcionamento da linguagem. Isso tudo, acrescido da crise domagistério, que vai desde a formação deficitária à remuneração irrisória, forma umquadro desanimador.   O autor acredita ser necessária uma mudança com relação à posturadiante do que e como ensinar língua portuguesa, pois, segundo ele ³(...) não se acreditamais que a função da escola deva concentrar-se apenas no ensino da língua escrita, a pretexto de que o aluno já aprendeu a língua falada em casa. Ora, se essa disciplina seconcentrasse mais na reflexão sobre a língua que falamos, deixando de lado areprodução de esquemas classificatórios, logo se descobriria a importância da línguafalada, mesmo para a aquisição da língua escrita´ (p.13). Como resultado destesestudos, a preocupação com a questão da linguagem oral no ensino de língua maternatorna-se cada vez mais relevante no meio educacional.   2 . Algumas reflexões sobre oralidade e escrita   Antes de abordar a questão da oralidade e suas implicações no ensinode língua portuguesa, faz-se necessário explanar, um pouco, sobre algumas questõesrelativas à oralidade e sua relação com a escrita. Nesse sentido, F ávero et al. (1999: 9)expressa que ³sociólogos, educadores, psicólogos e lingüistas têm se debruçado sobre oassunto, e diante de tanto interesse, era de se esperar que as características da fala e daescrita já tivessem sido analisadas exaustivamente, porém, se há muitos trabalhos, aconcordância entre eles é pequena. A escrita tem sido vista como de estrutura complexa,formal e abstrata, enquanto a fala, de estrutura simples ou desestruturada, informal,concreta e dependente do contexto´.   Esta visão dicotômica entre oralidade e escrita, em que a primeiraocupava um lugar de supremacia sobre a segunda, permaneceu por muito tempo nomeio lingüístico, sendo mudada a partir dos anos 80, quando os estudiosos começaram avê-las como práticas sociais diferentes. A este respeito, Marcuschi (2000:17) ressaltaque hoje ³predomina a posição de que se pode conceber oralidade e letramento comoatividades interativas e complementares no contexto das práticas sociais e culturais.Uma vez adotada a posição de que lidamos com práticas de letramentos e oralidade,será fundamental considerar que as línguas se fundam em usos e não o contrário´.   Achamos relevante abrir um parêntese para explicitar que o referidoautor utiliza o termo letramento por entender que este abarca não só a escrita adquiridaatravés da escola (alfabetização). E, a este respeito faz referência a Street (1995:2) paraquem o termo correto é letramentos, tendo em vista que ³não se pode confundir asdiversas manifestações sociais do letramento com a escrita como tal, pois esta não passaria de uma das formas de letramento, ou seja o letramento pedagógico . Quanto aosletramentos, eles se manifestam como eventos em que a escrita, a compreensão e ainteração se acham integralmente imbricadas´.   Outrossim, Marcuschi expressa que ³numa sociedade como a nossa,a escrita, enquanto manifestação formal dos diversos tipos de letramento é mais do queuma tecnologia. Ela se tornou um bem social indispensável para enfrentar o dia-a-dia,seja nos centros urbanos ou na zona rural´. Assim, ele afirma que o fato de ter setornado tão necessária, fez com que ganhasse um ³  status mais alto´. Por outro lado,segundo ele, do ponto de vista mais central da realidade humana, o homem pode ser   definido como um ser que fala e não como um ser que escreve. Todavia, isso não tornaa fala superior à escrita e tampouco ratifica a convicção de que a fala é primária.   Desta forma, a escrita e a oralidade constituem práticas e usos dalíngua, que, por sua vez, possuem características próprias. Porém estas característicasnão as tornam dicotômicas, pois, ³ambas permitem a construção de textos coesos ecoerentes, ambas permitem a elaboração de raciocínios abstratos e exposições formais einformais, variações estilísticas, sociais, dialetais e assim por diante´.   A respeito da questão texto falado e escrito, Koch (2000:454) ressaltaque ³vem-se postulando que os diversos tipos de práticas sociais de produção textualsituam-se ao longo de um contínuo tipológico, em cujas extremidades estariam, de umlado, as escritas formais e, de outro, a conversação espontânea´. São companheirosdesta visão, além da própria autora, Marcuschi e Oesterreicher. Assim, pode-se verificar que ³existem textos escritos que se situam, no contínuo, mais próximos ao pólo da falaconversacional (bilhetes, cartas familiares, textos de humor, por exemplo), ao passo queexistem textos falados que mais se aproximam do pólo da escrita formal (conferências,entrevistas profissionais para altos cargos administrativos e outros), existindo, ainda,tipos mistos, além de muitos outros intermediários´ (idem:455).   Em outras palavras, foi a visão dicotômica de fala e escrita, jámencionada, que srcinou, a princípio, as diferenças entre estas modalidades. Dentre asquais estão, com relação à fala: contextualizada, implícita, redundante, não planejada, predominância do ³modus pragmático´, fragmentada, incompleta etc. Por outro lado, aescrita é considerada descontextualizada, explícita, condensada, planejada, predominância do ³modus sintático´ etc. Porém, a este respeito Koch salienta que ³nemtodas estas características são exclusivas de uma ou outra das duas modalidades´ e que³tais características foram sempre estabelecidas tendo por parâmetro o ideal da escrita´(ibidem: 456).   Esta maneira de conceber fala e escrita levou a uma visão preconceituosa de que a fala é desorganizada, sem planejamento e rudimentar.Marcuschi (2000: 28-33) explicita que além da visão dicotômica entre fala e escrita, há,também, a culturalista ³que observa muito mais a natureza das práticas da oralidadeversus escrita e faz análises sobretudo de cunho cognitivo, antropológico ou social edesenvolve uma fenomenologia da escrita e seus efeitos na forma de organização e produção do conhecimento (...) este tipo de visão é pouco adequada para a observaçãodos fatos da língua´.   Outra forma de encarar a questão fala e escrita, apontada pelo autor, éa variacionista que ³trata o papel da escrita e da fala sob o ponto de vista dos processoseducacionais e faz propostas específicas a respeito do tratamento da relação padrão enão padrão lingüístico nos contextos de ensino formal (...) são estudos que se dedicam adetectar as variações de usos da língua sob sua forma dialetal e sociodialetal. É umavariante da primeira visão, mas com grande sensibilidade para os conhecimentos dosindivíduos que enfrentam o ensino formal. Neste paradigma não se fazem distinçõesdicotômicas ou caracterizações estanques, verifica-se a preocupação com regularidadese variações. (...) notável nessa tendência é o fato de não se fazer uma distinção entre falae escrita, mas sim uma observação de variedades lingüísticas distintas. Todas asvariedades submetem-se a algum tipo de norma. Mas como nem todas as normas podemser padrão, uma ou outra delas será tida como norma padrão´.   F inalmente, uma quarta perspectiva proposta por Marcuschi é asociointeracionista, que, segundo ele ³tem a vantagem de perceber com maior clareza alíngua como fenômeno interativo e dinâmico, voltado para atividades dialógicas quemarcam as características mais salientes da fala, tais como as estratégias de formulação