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O Psicólogo (a) E A Instituição Escolar ¹

O PSICÓLOGO (A) E A INSTITUIÇÃO ESCOLAR ¹

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  1 O PSICÓLOGO (A) E A INSTITUIÇÃO ESCOLAR ¹ CORRÊA, D. M. W²; SILVEIRA, J. F²; ABAID, J. L. W³   1  Trabalho de Pesquisa_UNIFRA 2  Psicóloga, graduada no Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil 3  Docente do curso de Psicologia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: [email protected] ,  [email protected],  [email protected]   RESUMO O presente artigo objetivou refletir acerca   do papel do profissional de psicologia inserido em instituições escolares. A metodologia utilizada consiste em uma revisão bibliográfica não sistemática. Percebeu-se o quanto a psicologia escolar mudou no decorrer dos anos, sendo constatado que a visão excessivamente clínica é inviável nesse contexto, como ocorria no passado. Desta forma verificou-se que o objetivo básico do psicólogo escolar é o de cunho preventivo, considerando as relações que se estabelecem no contexto escolar e no meio social que compõem esse local. Constatou-se a importância do trabalho juntamente com os professores, coordenadores pedagógicos, diretores encontrando soluções de maneira coletiva, onde o saber de um complementa o do outro. Desta forma, a psicologia escolar busca que os alunos se desenvolvam de maneira sadia e autônoma, como também que o corpo docente e comunidade escolar estejam capacitados o bastante para lidar com diferentes temáticas que possam emergir ao longo do seu trabalho. Palavras-chave : Psicologia Escolar; Educação; Práticas profissionais. 1. INTRODUÇÃO  Antigamente a atuação dos psicólogos nas escolas ocorria da mesma maneira que nos consultórios particulares, ou seja, se atendia clinicamente os alunos encaminhados pelo corpo docente com queixas de agressividade, dificuldade de aprendizagem, distração, dentre outras (MACHADO, 2000). Porém por meio de discussões em congressos e do relato da prática deste profissional, constatou-se que a visão clínica é inviável em alguns contextos escolares, afinal, é preciso levar em consideração não só o aluno, mas os professores, os funcionários, a escola como um todo para se compreender como acontecem tais relações. Neste texto está se levando em consideração a teoria sócio-histórica que, segundo Oliveira (2005, p. 43) compreende “o homem como a síntese de múltiplas relações, sendo o contexto socioescolar a  2 instância privilegiada para entender os problemas educacionais”. Dessa maneira, ao realizar algum trabalho seja com crianças ou adolescentes, o profissional da psicologia deve além de avaliar a queixa, participar do cotidiano da escola. Desta forma, o presente artigo propõe uma reflexão a respeito do papel do profissional de psicologia inserido em instituições escolares. 2. METODOLOGIA  A metodologia utilizada consiste em uma revisão bibliográfica não sistemática, que de acordo com os pressupostos de Gil (2007), é uma pesquisa que procede a partir de materiais elaborados anteriormente, constituído principalmente de livros e artigos científicos. 3. DESENVOLVIMENTO 3.1 O papel do psicólogo escolar O objetivo básico do psicólogo escolar é ajudar a aumentar a qualidade e a eficiência do processo educacional através da aplicação dos conhecimentos psicológicos (PATTO, 1997). De acordo com Novaes (1992) os projetos de cunho preventivo, comunitário, psicopedagógico buscam articular a prática educativa à realidade sociocultural e resgatar a função da escola como agente de transformação social. Na opinião de Martins (2003) o psicólogo atua, então, sobre as relações que se estabelecem no contexto escolar, levando em consideração o meio social em que estas relações estão inseridas e o tipo de clientela que atende, assim como os grupos que a compõem.  A conotação por vezes encontrada, entretanto, parece ser a de evitar desajustes ou desadaptações dos alunos. Novaes (1970), já defendia a importância da formação adequada do psicólogo escolar e sua responsabilidade profissional e afirmava que, dado o caráter, preventivo da atuação do psicólogo escolar, esse contexto merecia tanto ou mais cuidado do que qualquer outro. Para além do foco no indivíduo, Martinez (2010) enfatiza que as possibilidades de trabalho desses profissionais não se resumem à  3 dimensão psicoeducativa da instituição escolar, mas também na sua dimensão psicossocial. Para Del Prette (1999) cabe ao profissional de psicologia escolar as seguintes atribuições: ajudar na elaboração do projeto político pedagógico; na criação de maneiras para que o aluno possa melhorar seu aprendizado como: grupos de estudos, oficinas, programas educativos, grupos de pais, atividades que estimulem o desenvolvimento emocional, bem como orientação vocacional, esclarecimentos a respeito do mercado de trabalho, prevenção de uso de substâncias psicoativas, entre outras temáticas que o corpo docente solicitar e que sejam da competência do profissional de psicologia, enfim, a participação do psicólogo educacional está no cotidiano da escola. 3.2 Psicólogo (a) como agente de mudança Cabe lembrar que o psicólogo na escola deve, sobretudo, trabalhar  juntamente com os professores, coordenadores pedagógicos, diretores encontrando soluções de maneira coletiva, onde o saber de um complementa o do outro, ou seja, o psicólogo precisa ser visto como agente de mudanças dentro da instituição-escola, onde funcionaria como um elemento catalizador de reflexões, um conscientizador dos papéis representados pelos vários grupos que compõem a instituição. Partindo deste pressuposto, o psicólogo deverá dialogar com o pedagogo, colaborando nas formações continuadas dos professores, abordando temas da área de Psicologia que são de necessidade do pedagogo, entre eles: processo de ensino aprendizagem, desenvolvimento do ser humano, relacionamento interpessoal, cidadania, etc (PATTO, 1997).  Além de todos esses afazeres o psicólogo deve ser um agente na ruptura do naturalizante. Isto significa dizer que quando um aluno é encaminhado com a queixa de “agressividade  excessiva ”, este fato não é algo natural, mas que foi aos poucos historicamente sendo construído. A agressividade é um componente natural do ser humano que, quando não regulados devido a uma baixa capacidade de autocontrole (fragilidade intrapsíquica), pode dar srcem a comportamentos de risco psicossocial, sobretudo com manifestações de violência (GUIMARÃES; PASIAN, 2006). Entretanto, não se devem estabelecer relações de causa e efeito atreladas às  4 questões de aprendizagem, como na culpabilização da família pela dificuldade em aprender. Esse círculo vicioso de culpa deve ser quebrado, sendo que ao realizar alguma atividade com essa criança, o psicólogo não deve apenas investigá-la, mas saber quais são os outros espaços que este aluno participa. Dialogar com os demais envolvidos com a criança, observando se em casa, ou se por ex. na aula de informática ela é ou não agressiva (MACHADO, 2000). Para Souza (1997 apud TULESKI et al  , 2005) o psicólogo, juntamente com o professor, pode escolher outras estratégias de ensino-aprendizagem, priorizando o cotidiano do aluno, tentando resgatar algo que ele se interesse. Consequentemente pretende-se compreender que embora haja uma queixa de agressividade, a criança não é só agressiva, mas um ser que possui provavelmente outras qualidades, e tentar aos poucos quebrar com o estereótipo da agressividade. Assim, se há alguma queixa, esta deve ser investigada a fundo com a contribuição dos demais colaboradores da escola, buscando novas soluções e implementações de novas estratégias. Havendo necessidade de um trabalho mais singular, individual (por ex. psicoterapia), no caso do aluno apresentar algum problema emocional, deve-se encaminhá-lo para um profissional fora do âmbito escolar. Mas nem por isso o psicólogo escolar e os demais envolvidos devem deixar de procurar novas perspectivas de trabalho com essa criança. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo em vista tudo o que foi aludido, o psicólogo pode trabalhar com a instituição escolar desenvolvendo diversas práticas que visam às relações de ensino-aprendizagem, para que os alunos se desenvolvam de maneira sadia e autônoma, como também que o corpo docente e comunidade escolar estejam capacitados o bastante para lidar com diferentes temáticas que possam emergir ao longo do seu trabalho. Baseando-se nisso, o profissional da área de psicologia colaborará, junto a outros profissionais, na promoção da saúde e prevenção de transtornos, contribuindo para o bem estar biopsicossocial do ser humano que se encontra no contexto escolar.  5 REFERÊNCIAS DEL PRETTE, Z. A. P. Psicologia, Educação e LDB: novos desafios para velhas questões? In:  GUZZO, R. S. L. Psicologia escolar:  LDB e educação hoje. Campinas, SP: Editora Alínea, 1999. GIL, A.C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social  . São Paulo: Atlas, 2007. GUIMARÃES, N. M.; PASIAN, S. R. Agressividade na adolescência: experiência e expressão da raiva. Psicologia em Estudo (Maringá), v. 11, n. 1, p. 89-97, jan./abr, 2006. MACHADO, A. M. Avaliação psicológica na educação: mudanças necessárias. In: TANAMACHI, E. R.; ROCHA, M. L.; PROENÇA, M. (Org.). Psicologia e educação: desafios teórico-práticos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000. p. 143-165. MARTINEZ, A. M. O que pode fazer o psicólogo na escola? Em    Aberto , v. 23, n. 83, p. 39-56, 2010. NOVAES, M. H. Psicologia Escolar  .   Petrópolis, RJ: Vozes, 1970. OLIVEIRA, M. A. M. (Org.) Gestão Educacional:  novos olhares, novas abordagens. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. PATTO, M. H. S. (organizadora). Introdução à Psicologia Escolar.  3. Ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997. PATTO, M. H. S. Psicologia e ideologia:  uma introdução critica a psicologia escolar. São Paulo: T. A. Queiroz, 1984. cap. III, p. 96-112. MARTINS, J. B. A atuação do psicólogo escolar: multirreferencialidade, implicação e escuta clínica. Psicologia em Estudo (Maringá), v. 8, n.2, p. 39-45, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722003000200005&lng=pt&nrm=iso> Acesso em 25 ago 2012. TULESKI, S. C.; et al. Voltando o olhar para o professor: a psicologia e a pedagogia caminhando juntas. Revista do Departamento de Psicologia - UFF  , Niterói, v. 17, n. 1, p. 129-37, jan./jun. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-80232005000100010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 17 ago 2012.