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Sumário. Schmidt, Maria Auxiliadora. Literacia Histórica, Um Desafio Para O Ensino De Historia No Século Xxi.

SUMÁRIO SCHMIDT, Maria Auxiliadora. LITERACIA HISTÓRICA, UM DESAFIO PARA O ENSINO DE HISTORIA NO SÉCULO XXI. GEVAERD, Rosi Terezinha Ferrarini. EU ACHO QUE OS ÍNDIOS VIVIAM ASSIM... : Perspectivas de Alunos

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SUMÁRIO SCHMIDT, Maria Auxiliadora. LITERACIA HISTÓRICA, UM DESAFIO PARA O ENSINO DE HISTORIA NO SÉCULO XXI. GEVAERD, Rosi Terezinha Ferrarini. EU ACHO QUE OS ÍNDIOS VIVIAM ASSIM... : Perspectivas de Alunos em Relação às Narrativas Históricas do Paraná. MEDEIROS, Daniel Hortêncio. NARRATIVA E CONSTITUIÇÃO DA CONSCIÊNCIA HISTÓRICA. FERNANDES, Lindamir Zeglin. A RECONSTRUÇÃO DE AULAS DE HISTÓRIA NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO HISTÓRICA: Da Aula Oficina à Unidade Temática Investigativa. SOBANSKI, Adriane de Quadros. AS IDEIAS PRÉVIAS COMO PONTO DE PARTIDA NA CONSTRUÇÃO DA HISTÓRIA DA ÁFRICA. CASTEX, Lilian Costa. A DITADURA MILITAR BRASILEIRA NA PERSPECTIVA DE JOVENS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE CURITIBA. FRONZA, Marcelo. RUMO A UMA EDUCAÇÃO HISTÓRICA DE QUALIDADE: As Histórias em Quadrinhos na Cultura Escolar. RODRIGUES Jr., Osvaldo. O TEMPO HISTÓRICO E A DIDÁTICA DA HISTÓRIA NOS MANUAIS DE DIDÁTICA ESPECÍFICA PRODUZIDOS POR PROFESSORES E PARA PROFESSORES NO BRASIL ENTRE 2003 E AZAMBUJA, Luciano de. CANÇÃO POPULAR E EDUCAÇÃO HISTÓRICA. SOUZA, Éder Cristiano de. USAR O CINEMA NAS AULAS DE HISTÓRIA. POR QUÊ?: Questionamentos Sobre as Propostas de Trabalho com Filmes-Históricos em Aulas de História. CARVALHO, Maria Catharina Nastaniec de. PROJETO SHOAH: Holocausto e Memória. REMES, Pálite Terezinha Buratto. COMO INSERIR A MEMÓRIA DENTRO DO ENSINO DE HISTÓRIA? SANTOS, Jair Fernandes dos. EXPERIÊNCIA DE APRENDIZAGEM DE JOVENS DO ENSINO MÉDIO COM O FILME DOCUMENTÁRIO. BECKER, Geraldo. JOVENS DE ENSINO MÉDIO: Identidade Curitibana e Paranaense. GIANOTTO, Rosa do Carmo Lourenço. AS IDÉIAS DE JOVENS DO ENSINO MÉDIO SOBRE OS ÍNDIOS NA HISTÓRIA DO BRASIL. ALVES, Marta Mariano. ESCOLA-UNIVERSIDADE: Uma Relação de Ensino- Aprendizagem. BOTTON, Fernando Bagiotto. UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO/APRENDIZADO DE HISTÓRIA ATRAVÉS DA NARRATIVA FÍLMICA RÁDIO AURIVERDE. CARNEIRO, Gilvana Helena. JOVENS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO E SUAS IDÉIAS SOBRE A HISTÓRIA DOS ÍNDIOS BRASILEIROS. GALANTIN, Daniel Verginelli INVESTIGAÇÃO SOBRE A CONCEPÇÃO DE IDENTIDADE CURITIBANA E PARANAENSE EM JOVENS DO ENSINO MÉDIO: O Problema da Invisibilização dos Negros. GARCIA, Edrielton. JOVENS ESCOLARIZADOS E A HISTORIA DA CIDADE DE CURITIBA. GOMES, Sandro Aramis Richter. JOVENS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO E OS DISCURSOS SOBRE A FUNDAÇÃO DE CURITBA ( ). GRABOWSKI, Franciele do Couto. A PROBLEMÁTICA DE CURITIBA COMO CIDADE MODELO NOS TEXTOS DE JOVENS DO ENSINO MÉDIO. MOREIRA, Luiz Henrique Bozzo. JOVENS DO ENSINO MÉDIO, HISTORIAS DA CIDADE E CONSTRUÇAO DE IDENTIDADES. POHLMANN, Janira Feliciano. UMA HISTÓRIA ESCRITA POR ALUNOS DO ENSINO MÉDIO. 1 ESCOLA-UNIVERSIDADE UMA RELAÇÃO DE ENSINO-APRENDIZAGEM Marta Mariano Alves 1 RESUMO A pesquisa objetivou investigar qual a opinião dos docentes e estagiários, a respeito da proposta de formação continuada, tendo como perspectiva a pesquisa. A investigação foi realizada após a estruturação de um espaço de formação docente in loco, resultado da parceria entre a Universidade Federal do Paraná e um colégio público de ensino médio, onde docentes e estagiários orientados pela professora de estágio da UFPR passaram a atuar em sala de aula buscando exercer também a atividade de pesquisadores, em uma relação dialética com o conhecimento, o ensino e a aprendizagem, onde reflexão e ação deveriam ser olhadas como inseparáveis na prática diária profissional. Para o acadêmico em processo de formação, o estágio supervisionado permite uma avaliação a respeito da sua formação teórica. Quando este estágio supervisionado tem como perspectiva aproximar diferentes níveis de ensino, teoria e pratica e focar como essencial a atividade de pesquisa, existe a possibilidade de garantir ao docente que atua na sala de aula e ao futuro professor (estagiário) a base para problematizar a ação docente. A investigação foi realizada usando como instrumento de pesquisa um questionário com nove (9) questões, que foi distribuído para professores e estagiários, no penúltimo encontro realizado para a atividade de formação do ano de As questões presentes no questionário buscaram observar o que o docente e o estagiário priorizavam na formação do profissional da área de História e o julgamento que ambos realizaram a respeito desta proposta de atividade de formação docente e estágio supervisionado. PALAVRAS-CHAVE: Formação de professor estágio supervisionado educação histórica 1 Graduada em pedagogia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), especialização em Organização do Trabalho Pedagógico (UFPR), pedagoga concursada da rede estadual de ensino do Estado do Paraná. 2 INTRODUÇÃO A prática docente, inconsciente ou conscientemente, sempre será orientada por uma concepção teórica que justifica interesses subjacentes de grupos ideológicos que disputam o espaço das instituições públicas de formação. O dinamismo da sociedade atual, a necessidade da garantia de acesso à educação como direito, a inclusão como perspectiva de cidadania, são questões que exigem do educador uma postura de pesquisador. Teorias que justificaram e solidificaram na prática escolar a exclusão de camadas sociais, que foram adotadas apenas como modismo, a partir do olhar de um pesquisador podem ser desveladas. Qualquer possibilidade de inovação ou correção de ações pedagógicas, que não se limite a uma troca de modelos a cada troca de governo, necessita de um espaço para reflexão a respeito do cotidiano educacional vivido e a teoria latente que a orienta, onde cada indivíduo/grupo se coloca com a disposição da autocrítica e acima de tudo, prioriza a educação e a busca pela qualidade, por meio de um consenso mínimo que eleve ao máximo a possibilidade do desenvolvimento do educando. A superação da discrepância entre teoria e prática impõe a necessidade de visualizar as instituições educacionais públicas como espaço de diálogo entre diferentes níveis de ensino e especificidades em cada nível de ensino e compartilhamento, troca, de experiência e conhecimento. Além de lugar de reflexão e definição de novas estratégias educacionais na busca da garantia da aprendizagem. A formação continuada do docente, na perspectiva de incentivo a pesquisa, caracteriza uma constante busca pela qualidade e suporte para a estruturação de novas alternativas de ensino-aprendizagem. E cria as condições para que o docente na sua prática diária possa exercer também a atividade de pesquisador e construir um espaço dialético, onde reflexão e ação são inseparáveis e as inovações resultado, de uma síntese vivenciada e encarnada em uma prática diária. Para o acadêmico em processo de formação, o estágio supervisionado permite uma avaliação a respeito da sua formação teórica. Quando este estágio supervisionado tem como perspectiva aproximar diferentes níveis de ensino, teoria e pratica e focar como essencial a atividade de pesquisa, garante ao docente que atua na sala de aula e ao futuro professor, (estagiário), a base para problematizar a ação docente. Ao problematizar a partir de uma articulação entre teoria e prática, estrutura-se um conhecimento abrangente do processo educacional, no seu núcleo ensino-aprendizagem, permitindo visualizar a amplitude de seus determinantes e as possibilidades de renovação, inovação e estruturação do que comprovadamente demonstrou os resultados qualitativos esperados. 3 Sob esse enfoque, foi estruturado em um colégio público do Paraná, durante a Hora- Atividade dos docentes da disciplina de História, no ano de 2009, um espaço de formação in loco, resultado da parceria entre a Universidade Federal do Paraná e um colégio público do Paraná, em que docentes e estagiários participaram de um projeto de Educação Histórica, voltado para a construção da identidade do docente da disciplina de história como produtor de conhecimento, tendo como referencia conceitual teórica as obras de Barca (2004, 2006); Mattozzi (1998); Lee (2003), Prats (2002); Rüsen (2007); Schmidt (2000, 2001, 2004, 2006, 2007, 2008); Topolski (2004). TRATAMENTO DOS DADOS Foi usado para a coleta das informações um questionário, que professores e estagiários responderam durante reunião realizada no dia 10/11/2009, nas dependências do próprio colégio. Estes questionários foram recolhidos e posteriormente identificados com um código. Este código é composto no inicio por uma letra (P ou E) que permite saber se as respostas são de um professor ou estagiário, na sequência um número em ordem crescente representa o total de questionários respondidos. E ao final, uma letra (M ou T) identifica o turno em que o questionário foi respondido. Este código foi usado para, após a exposição das respostas em tabelas, permitir a visualização das respostas apresentadas em cada questionário e a comparação das informações. Como pode ser observado na sequência: QUESTIONÁRIO USADO PARA A COLETA DE INFORMAÇÕES 4 5 FORMAÇÃO QUADRO 1 INFORMAÇÕES A RESPEITO DOS PARTICIPANTES E SUA O quadro nº 1 permite observar a idade, o sexo, o tempo de dedicação a atividade docente no Colégio e a instituição responsável pela formação dos participantes na atividade. 6 QUADRO 2 RESPOSTAS DAS QUESTÕES Nº 5 E 6 No quadro nº 2 foi transcrito os referenciais de pesquisas que docentes e estagiários consideraram como importantes realizadas na sua carreira profissional ou acadêmica. E quais seriam as necessidades de pesquisa dentro de um contexto social apresentado para a garantia da qualidade da educação. 7 QUADRO 3 RESPOSTAS DAS QUESTÕES Nº 7 E 8 O quadro nº 3 registra a concepção teórica que os participantes afirmam nortear a sua prática docente. E descreve a relação de prioridades que deveriam ser consideradas na formação docente no ambiente de trabalho e na formação acadêmica. 8 QUADRO 4 RESPOSTAS DA QUESTÃO Nº 9 O quadro nº 4 registra as informações a respeito da participação de docentes e estagiários na proposta de formação e as justificativas com relação a esta participação. 9 ANÁLISE DOS DADOS De acordo com a lenda romana de Gaio Múcio, estando Roma cercada pelo o povo etrusco, com o passar dos dias a cidade sitiada começou a ter escassez de alimentos, o que indicava uma vitória etrusca. Diante da situação descrita o jovem romano Gaio Múcio se ofereceu para entrar no acampamento inimigo e matar o rei Porsena que comandava os etruscos. De posse de uma adaga, o jovem, juntou-se a um grupo de soldados etruscos que se dirigiam a uma mesa, onde se encontrava o rei e seu secretário realizando o pagamento aos combatentes. Ao se aproximar notou que os dois homens que estavam à mesa possuíam trajes semelhantes, o que o impedia de identificar qual dos dois era o rei. O jovem hesitou diante da imagem imposta aos seus olhos, porém, tinha assumido o compromisso de entregar a sua vida pela libertação de seu povo. E sua disposição o impelia a uma decisão e uma ação. Confuso, com a adaga em punho, foi em direção a um dos homens que estava a mesa, desferindo contra ele golpes mortais. Posteriormente, descobriu que apunhalou o secretário real e que o rei Porsena continuava vivo. A semelhança dos trajes, usados pelos homens à frente de Gaio Múcio, debilitaram a sua ação, e o impediu de por fim a um processo de opressão. A realidade camuflada e materializada nas imagens diante do jovem idealista o impediram de realizar a sua missão. No desenvolvimento do trabalho docente, em muitos momentos, o educador confronta-se com o dilema de Gaio Múcio. Diante de uma realidade da qual não possui dados precisos e da cobrança institucional baseada em teorias acadêmicas para que realize a sua missão, acaba por dirigir toda a sua energia para ações que não alteram qualitativamente a realidade observada. Usando aqui de analogia, e tendo com referencia a lenda de Gaio Múcio, pode-se resumir a proposta desenvolvida com os docentes do Colégio e os estagiários da Universidade Federal do Paraná, como uma perspectiva de formação focada na estruturação de espaço de reflexão e ação para assegurar os instrumentos, que permitam ao profissional em exercício e o futuro profissional da educação, manter no desenvolvimento da sua função uma postura investigativa (educador/pesquisador) como mecanismo e fonte de dados mais precisos a respeito das intervenções necessárias no processo de ensinoaprendizagem no interior de um contexto escolar específico. Esta proposta de trabalho permitiu o relacionamento institucional e intelectual e o entrelaçamento de concepções de ação educacional, geradas e provocadas a partir das especificidades da sala de aula. Garantindo para estas duas instancias da educação pública uma parceria de pesquisadores (docentes e estagiários) marcada pela diversidade de gênero e idade de seus representantes e 10 pela busca da consciência da realidade com o objetivo de elaborar propostas de intervenção para a superação das defasagens de conteúdo observadas na formação dos estudantes em sala de aula. GRÁFICO 1 Fonte: Questionário aplicado aos participantes, 2009 Dos participantes (estagiários e docentes) a maioria considerou a sua formação acadêmica adequada ao conceito bom. Quanto a formação oferecida aos professores pelo Núcleo de Educação (NRE/SEED) foi atribuído pela maioria dos docentes um conceito de bom. Como pode ser observado na sequência. GRÁFICO 2 Fonte: Questionário aplicado aos participantes, 2009 A atividade de formação desenvolvida como resultado da parceria entre a Universidade Federal do Paraná e o Colégio, onde docentes e estagiários passaram a atuar em 11 sala de aula também como pesquisadores, foi considerada pela maioria dos participantes com merecedora de um conceito bom, tanto na parceria docente/estagiário na atividade de pesquisa e intervenção, como também nos momentos de reflexão com base teórica. Como demonstra o gráfico a baixo: GRÁFICO 3 Fonte: Questionário aplicado aos participantes, CONSIDERAÇÕES FINAIS Em reunião de formação com docentes a professora Maria Auxiliadora Schimdt (2009) afirmou que: aqueles que estão fora da universidade, não estão condenados a serem meros transmissores de conhecimento!. Esta afirmação retrata uma perspectiva de formação que rompe com a visão de que está reservado ao Ensino Universitário a primazia de gerar, nas incubadoras do ambiente acadêmico, o conhecimento que deverá ser reproduzido pelo docente em sala de aula. Nesta perspectiva reflexões como: Qual seria o referencial teórico capaz de garantir a qualidade da educação? Qual a metodologia adequada a contextos específicos na estrutura escolar? Quais são as pesquisas necessárias no cotidiano escolar para a adequação, ou a criação de instrumentos que permitam a ampliação da aprendizagem? Passam a ser geradas dentro da sala de aula, onde um educador/investigador fará as suas pesquisas na busca destas respostas. Reflexões fundamentais, que ao serem adotadas como hábito no cotidiano docente impulsionará o Ensino Superior a rever as suas prioridades de pesquisa e a olhar para a Educação Básica, Fundamental e Infantil como espaço de debate, de troca, de geração de conhecimento, de pesquisa compartilhada, de relação de ensinoaprendizagem. REFERÊNCIAS 12 BARCA, Isabel. Em direção a um conceito de literacia histórica. In: SCHMIDT, M. A., GARCIA, T.B. (org.). Educar em Revista. Curitiba: Editora UFPR, 2006, número especial. pp Educação Histórica: Uma nova área de investigação. In: ARIAS NETO, José Miguel (org.). Dez anos de pesquisa em ensino de História. Londrina: AtritoArt, Aula Oficina: um projecto à avaliação. In. BARCA, I. (org.) Para uma educação histórica com qualidade. Braga: Uminho, LEE, Peter. Nós fabricamos carros e Eles tinham que andar a pé : compreensão das pessoas no passado. In. BARCA, I. (org.) Educação Histórica e Museus. Braga: Uminho, Progressão da compreensão dos alunos em história. In: BARCA, I. (org.). Perspectivas em educação histórica. Actas das Primeiras Jornadas Internacionais de Educação Histórica. Braga: Uminho, MATTOZZI, I. A história ensinada: educação cívica, educação social ou formação cognitiva. Lisboa: APH-Associação de Professores de História, n. 3, PRATS, J. Hacia uma definición de la investigación en didáctica de las ciencias sociales. Revista Enseñanza de Las Ciencias Sociales, Revista de investigación. Barcelona: Institut de Ciencies de l Educació de la Universitat Autónoma de Barcelona, n. 1, p , mar RÜSEN, Jörn. Reconstrução do passado: Teoria da História II - os princípios da pesquisa histórica. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2007 SCHMIDT, Maria Auxiliadora.Reunião de Formação com docentes dia 10/11/2009, Salão nobre do Colégio Estadual do Paraná. Professores e produção do currículo: uma experiência na disciplina de História. Currículo sem Fronteiras, v. 7, p , Pesquisas em Educação Histórica: algumas experiências. Educar em Revista, v. esp., p , SCHMIDT, Maria Auxiliadora; GARCIA, Tânia Maria F. Braga. Recriando histórias de Campina Grande do Sul. Curitiba: NPPD/UFPR, 2008. CANÇÃO POPULAR E EDUCAÇÃO HISTÓRICA Luciano de Azambuja 1 RESUMO A pesquisa que está sendo realizada no Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Paraná, UFPR, consiste na investigação das ideias históricas de jovens alunos do Ensino Médio de escolas públicas do Brasil e de Portugal, analisadas a partir das relações de leitura e escuta que eles estabelecem com narrativas históricas expressas em canções consideradas engajadas, na perspectiva dos fundamentos epistemológicos da Educação Histórica. O presente artigo tem como objetivo partilhar e refletir sobre os resultados parciais de um primeiro estudo exploratório aplicado a jovens alunos, com média de idade em torno de 16 anos, do segundo ano do Ensino Médio do Curso Técnico Integrado de Mecânica, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, UTFPR, no dia 26 de junho de 2009, em uma aula de História ministrada pelo próprio pesquisador. Em um primeiro momento solicitou-se aos alunos que escutassem e lessem a canção Fado Tropical, de autoria de Chico Buarque de Holanda, que, em linhas gerais, trata das relações paradoxais entre Brasil e Portugal; em seguida foi solicitado aos alunos que escrevessem uma narrativa histórica sobre a canção e identificassem um possível destinatário. Os resultados serão apresentados a partir de uma sistematização e categorização das ideias prévias dos alunos investigados. A análise dos resultados parciais vem constatar, confirmar e corroborar alguns princípios inerentes ao ensino e aprendizagem dos sujeitos em História, já identificados em diversos estudos sobre ideias de jovens alunos, na perspectiva da Educação Histórica. Os alunos estão aptos e é pertinente trabalhar com fontes históricas multiperspectivadas, no nosso caso, a canção popular engajada. A leitura, análise e interpretação de fontes históricas com pontos de vista diversos por parte dos alunos é fundamental para a aprendizagem e a progressão da consciência histórica, no entanto pressupõem uma literacia histórica. Os significados que os alunos atribuem às fontes variam de acordo com as suas vivências e devem constituir o ponto de partida do processo de ensino e aprendizagem histórica. Palavras-chave: Canção popular. Consciência histórica. Educação histórica. 1 Universidade Federal do Paraná - Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá - 2 INTRODUÇÃO A Educação Histórica consiste em uma linha de pesquisa que tem como ponto de vista privilegiado a cognição histórica situada, segundo a qual pode-se fazer investigações específicas em que grupos específicos de sujeitos são acompanhados em situações específicas de relação ensino-aprendizagem (SCHMIDT, GARCIA, 200, p. 58). Seu objeto principal é a investigação das relações de ensino e, sobretudo, aprendizagem histórica: as relações que alunos e professores estabelecem com o conhecimento histórico em seus diversos desdobramentos e que contribuam para a formação da consciência histórica dos sujeitos envolvidos. A Educação Histórica vem se desenvolvendo com bons resultados em vários países como Inglaterra, Estados Unidos e Canadá. Em Portugal, a linha é representada por Isabel Barca, e no Brasil, p